segunda-feira, 27 de setembro de 2021
Empresa EDP ameaça comunidades quilombolas em Itapecuru Mirim
A experiência ensina que a humildade nunca foi um item em que as empresas se apegassem com o devido cuidado. Em compensação, arrogância e desprezo afloram com facilidade assim que a empresa se encontra num beco sem saída ou numa grande enrascada. A empresa de energia EDP se encontra numa enrascada daquelas. Ela comprou os direitos da implantação de uma linha de transmissão cujo trajeto vem desde um complexo eólico no Piaui até a região projetada como portuária na baia de São Marcos. O cronograma de entrega da linha de transmissão se atrasou nos últimos dias em função dos inúmeros problemas que a instalação dessa linha de transmissão ocasioou e ainda ocasiona na vida de milhares de famílias que retiram seu sustento dos campos naturais que interligam o rio Mearim as áreas de terra firme onde residem diversas comunidades de Santa Rita, Anajatuba e Itapécuru Mirim. O impacto mais direto diz respeito ao fato que os cardumes de peixes que subiam o rio para chegarem a aos campos naturais onde procriavam com tranquilidade desapareceram dos campos e dos tanques abertos pelos moradores locais porque a EDP com pressa de ganhar dinheiro na bolsa de valores meteu suas maquinas em pleno inverno e em plena época de piracema. Quem não sabe que a piracema é um momento crucial para a reprodução dos peixes e que deve ser respeitada de acordo com as normas interpostas pelos órgãos ambientais ? Os funcionários da EDP desfizeram a lição de casa no quesito biologia e provocaram barulho e poluição nos campos em plena piracema. Os peixes simplesmente sumiram e nenhum recado de quando retornam foi deixado. A empresa argumenta que os impactos se restringiram a região do Sitio do Meio, município de Santa Rita. As comunidades da região do Papagaio, mais abaixo, contestam essa argumentação e exigem que a empresa indenize os prejuízos que tiveram ao não pescarem nos seus tanques. Os advogados da comunidade de Papagaio apresentaram representações em todos os órgãos que porventura tenham alguma ligação com a obra e com os impactos que ela causou. A empresa procura nos últimos dias terminar a obra na região da comunidade quilombola Monge Belo, município de Itapecuru Mirim , onde faltam poucos detalhes. Como das vezes anteriores, a empresa entra nos campos naturais com desrespeito, um desrespeito ao mesmo tempo social, ambiental, econômico e cultural. Por conta desse desrespeito, as máquinas da EDP atolaram diversas vezes e a empresa continua muda em relação as cobranças das comunidades que resolveram interditar por completo o canteiro de obras da empresa. Com mais de três dias de ocupação, finalmente a EDP se pronuncia em tom de ameaça. Ou as comunidades aceitam um acordo em que a empresa se compromete a doar cestas báscias referentes aos prejuízos causados pela obra ou a empresa retira a doação e entra com uma ação na justiça para a desintrusão.
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