O desmatamento
da Chapada do Brejão, município de Buriti, perpetrado pela família Introvini em
conluio com o grupo João Santos, foi embargado na terceira semana de outubro de
2019. Aparentemente, o assunto morreu, isso claro depois de um mês de atividade
continua dos tratores que derrubaram bacurizeiros, pequizeiros e babaçuais. A licença
conferida pela Secretaria de Meio Ambiente do estado do Maranhão permitia o
desmatamento de 900 hectares na Area de Proteção Ambiental Morros Garapenses,
unidade de conservação que abrange os municípios de Buriti, Duque Bacelar,
Coelho Neto e Afonso Cunha.
Como se vê, a criação
da APA Morros Garapenses em 2008 não impediu os desmatamentos das Chapadas de
Buriti e de Afonso Cunha pelos plantadores de soja e pelas empresas de
eucalipto nos anos posteriores. Na época, qual era a principal razão para que
se criasse uma unidade de conservação nessa região? Se fosse apenas preservar
algum sitio arqueológico no município de Duque Bacelar perante a ameaça
protagonizada pelo grupo João Santos essa razão seria insuficiente. Não precisaria
incluir os outros municípios de Buriti, Afonso Cunha e Coelho Neto. Entretanto,
esses municípios foram inclusos na área da APA Morros Garapenses e não por uma
razão qualquer. Os municípios de Buriti, Afonso Cunha e Coelho mantem em seus territórios
vários trechos de alta relevância para biodiversidade e várias nascentes dos
rios Munim e Parnaiba. Boa parte da área desses municípios foi tomada pelo
agronegócio da soja, do eucalipto, da cana e do bambu. O que não foi tomado e destruído
se deve a presença de comunidades tradicionais (extrativistas, agricultores
familiares e quilombolas) que defendem seus territórios tradicionais.
Não se sabe ao
certo quem embargou o desmatamento da Chapada do Brejão. O Ibama não destina
mais equipes para o leste maranhense e a SEMA se mostrava arredia a enviar uma
equipe de fiscalização a área devido as relações da secretaria com a ultra
poderosa família Introvini. Quem embargou, certamente, cometeu esse ato por
pressões e criticas da sociedade civil como as que foram feitas em reunião com órgãos
do governo do estado na secretaria de direitos humanos. Além das criticas
exercidas a frente dos órgãos do governo, é importante salientar o papel interpretado
pela associação do Araça que cobrou do ministério publico e do Iterma
informações sobre a veracidade dos documentos do grupo João Santos que repassou
as terras para a família Introvini. O Iterma, a pedido do ministério publico de
Buriti, analisou a documentação e assegurou a sua falsidade. Com essa informação,
pediu-se a anulação da documentação cujo pedido se encontra em analise na corregedoria
do Tribunal de Justiça. O cartório de Buriti respondeu aos questionamentos da corregedoria
de forma bem singular ou cínica, (depende do ponto de vista): “Por que o Iterma quer anular essa
documentação se a quase totalidade dos documentos de terras no Maranhão são do
mesmo jeito? ”.
Mayron Regis
Muito bem! Guerreiro Mayron Regis. Nossa pena é desafiadora, seja com tinta, caneta e papel; seja no desbravar destas veredas do sertão do Baixo Parnaíba. Me considero um discípulo de sua literatura socioambiental. É sempre muito gratificante ler algo sobre estas comunidades de Buriti, como o Araçá. Enquanto a política de proteção ambiental por parte do estado brasileiro já sabemos como funciona desde os tempos da Colonização.
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