sexta-feira, 1 de janeiro de 2021
Os inferninhos de São Luis
Ele convidou uma amiga para almoçarem peixe. Habituara-se a saborear um peixe duas vezes por semana no mercado da Praia Grande. Dessa vez, mudaria o local do almoço porque não almoçaria sozinho. Mudaria o ambiente, mas se manteria na região da Praia Grande que naquela manha vivia apinhada de turistas. O restaurante onde almoçariam recebia um bom numero desses turistas que se esbaldavam com os pratos típicos da culinária maranhense (pescados e mariscos). “Como será teu ano novo? Eu vou passar em casa” “Devo fazer o mesmo, o pai do meu neto nos convidou para passarmos o ano novo no Maracujá. Minha mãe recusou o convite” ”Maracujá é longe, fica na zona rural” ”Eu sei, caminhei muito do Coroadinho para o Maracujá por matas fechadas e parando em um ou outro povoado como o do Mamão” “Provavelmente, esses povoados desapareceram sem deixar vestígio”. A conversa o fez recordar o dia anterior no qual folheara o álbum do fotógrafo Gaudencio Cunha com fotos de São Luis do ano de 1908. Ele e o dono do sebo que planejava vender o álbum trocavam impressões a respeito das fotos e de uma São Luis esquecida. Uma das fotos correspondia ao atual bairro da Jordoa. Notou trilhos na foto que poderiam ser de uma linha ferroviário ou de uma linha de bonde. ‘Creio que esses trilhos fossem da ferrovia por onde transitava o trem que viajava de São Luis a Teresina. Minha mãe veio de Timon nesse trem nos anos sessenta”, a amiga comentou. Ele se comovera com a foto da igreja de Santaninha, demolida pela administração publica de São Luis em 1939. Soubera de sua demolição pelo livro “Largo do Desterro”, de Josue Montello, e desde então procurara saber mais dessa igreja do qual poucos leram e escreveram. Qual o mal que ela causava a cidade para que a administração publica autorizasse sua demolição? A cidade de São Luis viu parte de seu patrimônio histórico ser demolido nos anos 30 e anos 40 num processo de modernização das vias urbanas. Ela volta a experimentar a modernização do centro com a reforma de praças, reforma do mercado da Praia Grande e a retirada das casas de prostituição do espaço conhecido como Oscar Frota. “Ainda tem alguns inferninhos funcionando, mas boa parte das prostitutas faz ponto numa rua do lado do Mercado Central”, revelou a amiga.
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