Certa vez assisti um clássico filme
de ação “Rambo III” -, o mesmo que animava as tardes da garotada na Sessão da
Tarde dos anos noventa. O enredo trata do veterano de guerra Rambo, que
após a Guerra do Vietnã se refugia num mosteiro em um vilarejo da
Tailândia. Vivendo em paz e sobre as disciplinas dos monges budistas; ele tenta
esquecer o mundo de guerra – mas se surpreende com a visita de seu coronel de
pelotão Trautman que lhe convida para mais uma missão – desta vez, na fronteira
do Afeganistão: com o intuito de tentar bloquear as ações dos soviéticos
naquele país com a ajuda dos rebeldes afegãos. A sinopse do filme mostra: “O ex-soldado John Rambo que recusa um pedido de seu
coronel Trautman, antigo líder de pelotão, para uma nova missão, pensando
apenas em continuar com o seu novo estilo de vida, baseado na crença budista.
No entanto, quando Trautman raptado pelos russos na fronteira e o
governo americano é incapaz de intervir oficialmente, Rambo decide agir por sua
conta e risco”. Já
assistir o filme várias vezes. Uma passagem me chama a atenção é quando o guia
que leva Rambo até o forte soviético conta sobre a história dos afegãos; onde
muitos tentaram conquistar seu país: primeiro “Alexandre O Grande”, depois
Gengis Khan, a Inglaterra e agora a Rússia – mas eles nunca se renderam. O Guia
contara uma velha lenda afegã que um certo rei impôs que cinco mil soldados
deveriam ir para uma batalha, depois estudou que estes cinco mil, a maioria
estava com medo, então dos cinco mil soldados ele elegeu os cinco melhores de
todo aquele exercito. E os cinco soldados venceram a guerra naquele vale -
campo de batalha que ficara conhecido como o “Vale dos cinco leões”.
Isso também lembra a história do personagem bíblico Gideão que liderava uma
guerra com milhares de soldados – dali, em uma batalha a maioria dos homens
estavam com medo, ele pediu a Deus que ficasse só com os corajosos, restou
destes, apenas trezentos e dezoito (318) guerreiros que alcançaram a vitória.
A narrativa tende objetivar a coragem
das pessoas em certos desafios da vida. Nem sempre se vence uma guerra com
legiões de soldados, muitos não tem coragem de agir, normal. No dia cinco de
setembro de 2019, foi realizado o tradicional desfile das escolas da cidade de
Urbano Santos – Maranhão. O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais resolveu botar em prática um velho pedido de nosso Bispo
Diocesano e militante dos Direitos Humanos Don Valdecir. A ideia foi participar
do evento com o “Grito dos Excluídos”. Fizemos uma convocação para todos
os participantes que viajaram conosco para a Marcha das Margaridas – em
Brasília, de 11 a 16 de agosto, os dois dias na Capital Federal foram 13 e 14.
Infelizmente dos que foram, quase ninguém confirmou a participação em nosso
chamado, não paramos com o projeto! Construímos uma faixa com os dizeres “GRITO
DOS EXCLUÍDOS: A Amazônia pede socorro”. Pela manhã cedo estávamos na
concentração, achávamos que vinha mais pessoas para nossa ala, que por mera
conscidência fomos colocados pela organização do evento na última posição da
fila, ironicamente excluídos mesmo! Mas talvez não fora por isso, foi porque
decidimos comunicar já na véspera da atividade. Lembrando o filme do trecho
acima, apareceu naquele momento somente “5 guerreiros” – estávamos dispostos e
otimistas de mostrar nosso trabalho, ideologia e sentimento para com os
excluídos e desprovidos de direitos deste país, como dizia Lula! Os povos e
comunidades tradicionais que tanto sofrem. Nosso povo da zona rural, humilde,
quase que esquecidos da sociedade, os que estão perdendo seus direitos
conquistados com sangue e luta. A problemática da situação caótica da Floresta
Amazônica nos dias atuais sendo devastada pelo fogo, por grileiros e grandes projetos
de mineração e barragens. Os índios, quilombolas e caboclos que moram e vivem
da terra e das águas. Esta foi a mensagem que os “Cinco Leões” mostraram para
os espectadores.
Muitas das vezes a coragem das pessoas é medida de acordo a ocasião.
Muitos pensamentos nos ensina a lição dos que ousam e tem coragem de vencer.
Numa guerra, nem todos tem coragem – isso muito depende do sistema genético de
cada um de nós. As vezes o sangue ferve nas veias – então a coragem aparece do
nada, fica escondida somente por algum momento, surge como um tiro de
espingarda no estampir da fumaça. Alguém escrevera e nos deixou a lição no
estandarte da história. “A coragem é a primeira das qualidades
humanas porque garante todas as outras qualidades”. “Saber o que é correto e não
o fazer é falta de coragem”. “Coragem é a resistência ao medo,
domínio do medo, e não a ausência do medo”. “A coragem cresce com a
ocasião”. Por fim a melhor delas diz: “A coragem não é ausência do
medo; é a persistência apesar do medo”.
José Antonio Basto - Setembro – 2019.
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