SÃO LUÍS – Com o tema Ciência, Tecnologia e Cultura para o Desenvolvimento Sustentável do Maranhão, o Prêmio Fapema 2012
premiou 39 pesquisadores, dentre eles, estudantes e professores da
UFMA. A intenção foi reconhecer o talento dos pesquisadores locais,
estimulando a divulgação científica e tecnológica do Maranhão. Por isso,
elaboramos uma série de reportagens para apresentar alguns dos
trabalhos premiados e deixar o leitor por dentro das pesquisas
desenvolvidas e a iniciativa destes pesquisadores que contribuem para o
fortalecimento dos estudos científicos no Estado junto à Universidade.
Única pesquisadora da área de Biológicas premiada na categoria
Dissertação de Mestrado, Mayara Cristina Pinto da Silva foi uma das
cinco premiadas na categoria. O resultado é fruto da pesquisa
desenvolvida no Mestrado em Ciências da Saúde, com a dissertação Óleo de Babaçu: potencial adjuvante na imunização com ovalbumina,
que buscou caracterizar o óleo de babaçu quanto ao seu perfil
imunológico. A atual mestre conta que a ideia de pesquisar sobre o
babaçu é antiga. “Participo do Laboratório de Imunofisiologia da UFMA e
lá nós trabalhamos com produtos naturais com utilidade farmacológica.
Dentre eles, o babaçu é tido como o carro-chefe do laboratório. A partir
daí, nós sentimos a necessidade de estudar mais essa palmeira, ver o
que ela tinha ainda mais a oferecer, e, por isso, começamos a estudar o
óleo do babaçu. E, como ele tem esse aspecto oleoso, nós começamos a
fazer pesquisas pré-clínicas para descobrir suas outras potencialidades,
indagando sobre sua ação adjuvante”, relatou.
Defesa Orgânica Natural
Mayara explica que os adjuvantes são matérias primas que permitem
uma melhor absorção, facilitando a ação do medicamento. “Os adjuvantes
são utilizados em medicamentos, para melhorar a absorção e, no caso do
óleo de babaçu, ele foi utilizado para o objetivo de vacina. O antígeno
sozinho não consegue induzir uma boa resposta, e por isso, ele necessita
de um auxiliar, um adjuvante, que nesse caso, é o óleo de babaçu. Como o
óleo possui a capacidade de direcionar a resposta imune, ele melhora
essa resposta, fazendo com que seja mais duradoura, e não tenha
necessidade de repetições, de mais doses de vacina. Em apenas uma dose,
ela vai ter capacidade de ativar o sistema imune”, justificou.
No trabalho, foi avaliada a composição de ácidos graxos do óleo de
babaçu e o seu potencial adjuvante. A pesquisa foi realizada em
laboratório, a partir de testes pré-clínicos com camundongos, que foram
imunizados com vacinas, utilizando o óleo de babaçu misturado a um
antígeno. Em seguida, a estudante avaliou os parâmetros para saber como
essa imunização funcionaria. Os resultados mostraram que o óleo de
babaçu pode ser um bom adjuvante, com grande eficácia no que tange à
produção de anticorpos e a produção de citocinas, atividades que tornam o
óleo um importante alvo para a prospecção de produtos e compostos com
ação adjuvante.
Segundo o estudo, o óleo de babaçu apresenta vantagens quando
comparado aos outros adjuvantes, pois apresenta ampla disponibilidade,
baixo custo de fabricação, facilidade de formulação e baixa toxicidade,
sendo, inclusive, comercializado como alimento. Pesquisas como essa,
desenvolvida por Mayara, são relevantes, não somente enquanto
investigação científica, mas também pela importância social e biológica,
pois aponta para a agregação de valor ao babaçu e aos bioprodutos
obtidos a partir da palmeira, que é um importante recurso natural para a
economia regional e nacional. “Ao escrever o trabalho no Prêmio Fapema,
eu tive a preocupação com relação à importância, que é não só
biológica, mas também social para toda a população. Porque estamos
agregando valores a esse produto de uma palmeira que é nativa aqui do
Estado. E, esse é um trabalho que vem trazer consequências boas não só
pra mim como pesquisadora, por estar recebendo um prêmio, mas para toda a
sociedade que vai estar conhecendo mais ainda a respeito desse
bioproduto”, pontuou.
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