Numa
viagem, é bom perguntar se por perto haverá um porto seguro. Pelas tantas, fica
difícil. Pensaste em bons samaritanos,
mas eles só existem na Bíblia Sagrada. Pode ser que apareça alguém solicito.
Oferecer um pousio, depois de horas e horas. Andar só por esse mundão, uma hora
o cansaço aperta. Viajou vários dias, entre um município e outro, entre uma
comunidade e outra. Comunidades no interior do Maranhão a perder de vista. A
miséria grassa sobre essas comunidades. Codó. Timbiras. Urbano Santos. Os
Cocais, região central do Maranhão, e o Baixo Parnaiba, próximo ao litoral
leste maranhense, Barreirinhas e Santo Amaro. Os projetos de infraestrutura e
de reflorestamento prendem as comunidades numa infâmia permanente. Em Codó, a
TG agroindustrial pretendia plantar mais de 25 mil hectares de cana para
produzir etanol. A seca de 2012 fez com que ela revisasse seus planos e agora
quer plantar eucalipto. O grupo OGX, do empresário Eike Batista, sonda o município
de Timbiras atrás de gás. Nesse afã, a empresa irrompe propriedades adentro ao
menor descuido na vigilância por parte dos moradores. A OGX avalia que em parte
do subsolo maranhense encontra-se grande reserva de gás. Onde a empresa avança,
sobram comunidades tradicionais. A OGX, como as demais empresas do senhor Eike
Batista, fortalece-se financeiramente dentro da lógica de expor um produto ao
mercado. Isso atrai investidores para o rebanho do senhor Eike. O senhor
Evandro Loeff conduz os seus investimentos no Maranhão direto do Mato Grosso do
Sul. Os seus investimentos giram em torno das monoculturas da soja e do
eucalipto. Ele comprou parte da Chapada da comunidade de Bebedouro, município de
Santa Quiteria, desmatou e plantou eucalipto. A Suzano comprou o restante e
desencadeou o mesmo processo. Os moradores do Bebedouro não tem mais área para
coletar bacuri e para roçar. Quando querem, eles precisam se dirigir as
comunidades de Bracinho, Bom principio e São Raimundo a fim de coletarem
bacuri. Os moradores assumiram que não possuem mais terras e vivem do que é dos
outros. As comunidades de Bracinho, Bom Principio e São Raimundo vivem do que é
seu. O advogado Diogo Cabral da Fetaema em sua ação contra a pretensão do
senhor Loeff em desmatar a Chapada de São Raimundo argumentou que essa comunidade
convive com o meio ambiente saudável por séculos e que um desmatamento de mais
de 900 hectares, como o que o senhor Loeff gostaria de fazer, destitui-los-ia
dessa convivência. A juíza de Urbano Santos concedeu a liminar em favor da
comunidade de São Raimundo.
Mayron
Régis
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