Percorrer
um caminho sem proferir nenhuma palavra não faz sentido. O caminho reivindica
que alguém o exalte. Que alguém traga à baila a conversa que forjou o caminho. O
Café-sem-troco – parada obrigatória entre Barreirinhas e Urbano Santos. Dessa
história nada restou. A principio, os eucaliptos suplantaram os idosos e as
crianças. Estes espalhavam as conversas sobre a Chapada. Depois, os eucaliptos
suplantaram os jovens e os adultos. Talvez não tivessem o que dizer sobre
aquela Chapada. Um dos poucos que se atinha as conversas sobre aquela Chapada
nem morava no Café-sem-troco. O Divan Garcês reside no Anajás. Ele costuma
dizer que os moradores do Café-sem-troco são seus parentes. Os parentes do
Divan venderam suas posses para atravessadores que, em seguida, venderam para a
Margusa, empresa de ferro-gusa, que desmatou várias partes da Chapada com o
propósito de plantar eucaliptos. O Nonato, ex-interventor do STTR de Urbano
Santos, exerceu influencia para que o Iterma regularizasse essa Chapada para a
comunidade. Não deu em nada, em razão do desinteresse dos moradores. No ano de
2007, em um seminário organizado pela Associação de Preservação do Riacho
Estrela de Mata Roma e pelo Fórum Carajás, com apoio do Casa (Centro de Apoio
Socioambiental), o Divan Garces denunciou os desmatamentos que extinguiam parte
da Chapada. Desde dessa época, o Divan Garces pleiteava ao Fórum Carajás alguma
ação que paralisasse os desmatamentos. O município de Barreirinhas, onde fica o
povoado de Anajás, como a maioria dos municípios maranhenses, é um ilustre
desconhecido para a maior parcela da população do estado. Do município, informa-se
apenas que existe o parque nacional dos Lençois Maranhenses e é uma informação mínima
se restringindo as lagoas e acabou-se. Imolam-se, diariamente, as populações do
interior de Barreirinhas em razão dos interesses econômicos que se movem por
dentro e ao redor do município. As populações se adaptaram amargamente a
criação do parque que tolhe suas vidas. No caso da expansão dos plantios de
eucalipto e de soja nas fronteiras com Urbano Santos e Santa Quiteria é o
contrário, pois as populações se negam a ver no desmatamento de suas Chapadas
algo positivo. Dentro desse quadro, as comunidades localizadas ao longo da
bacia do rio Jacu, tributário do rio Preguiças, no ano de 2010, mobilizaram um
grande encontro para barrar os plantios de eucalipto sobre suas áreas de
extrativismo. Uma das consequências desse encontro foi a elaboração de um
projeto para dotar as comunidades do Anajás, Bartolomeu e Onça de uma mínima infra-estrutura
produtiva. Esse projeto foi aprovado pelo Casa em 2012.
Mayron
Régis
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