O
êxodo rural levou milhões de pessoas para os grandes centros entre 1960
e 1980. O problema básico sempre foi o mesmo: concentração de terra,
relações de trabalho escravocrata e produção para o mercado externo.
Mudaram algumas coisas, mas a essência continua a mesma. A concentração
de terras tem aumentado, a monocultura da soja é a que mais cresce e o
mercado externo continua sendo o objetivo maior do agronegócio. O artigo
é de Najar Tubino.
Najar Tubino
No final de outubro, uma edição do
Jornal Nacional, R$530 mil por 30 segundos, eis que aparece o Pelé
entrando em campo, com a música ao fundo: -Vamos juntos todos pra frente
Brasil salve a seleção… Entra em campo para estrear a campanha Time
Agro Brasil, da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária,
dirigida pela senadora pelo Tocantins, Kátia Abreu. Ela também está na
cena, junto com os ex-ministros Alysson Paulinelli e Roberto Rodrigues.
Pelé mostrando aos brasileiros como o agronegócio produz comida boa,
barata e saudável. Os ex-ministros garantindo como o Brasil é campeão em
produção e preservação. Todos de camisa amarela. Não esqueceram dos
pequenos que agora recebem treinamento e tem informação.
Para quem não lembra da letra da
composição de Miguel Gustavo, sucesso na época do governo do general
Emílio Garrastazu Médici, também conhecido por ser o pior da ditadura
militar, a música fala de 90 milhões de brasileiros unidos em uma só
corrente, em um só coração. Todos juntos prá frente, esquecendo-se do
passado e celebrando a ditadura, com o suor e a emoção do futebol, a
paixão brasileira. O anúncio, que deve ter custado, no mínimo, R$ 2
milhões, calculo em mais de dois minutos, é apenas o início da campanha da CNA, em parceria com o SEBRAE, que deve se estender até a copa de 2014.
Com o objetivo de fortalecer e estimular
a confiança dos brasileiros nos alimentos produzidos no país. “- São
cinco milhões de craques, sendo 4,1 milhões de pequenos agricultores que
utilizam apenas 27,7% do território mantendo intocados 61%”. No segundo
anúncio, mais tarde da noite, já não escutei o fundo musical. Não sei
se os responsáveis se deram conta que estamos em 2014 e temos uma
democracia, ou se foi pela presença do SEBRAE, que ainda não consegui
entender. Pela CNA não haveria nenhum problema, porque, na visão deles,
era um período normal da história brasileira. Eles são muito mais do que
conservadores e arcaicos.
O primeiro problema é que as federações
patronais de agricultores e pecuaristas já contam com o dinheiro do
SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), também faz parte do
sistema S, e recolhe uma percentagem por cada produto agrícola
comercializado. Sem esquecer que 85% da população brasileira moram nas
cidades, portanto, os empreendedores estão nos grandes centros e nas
metrópoles inchadas com o êxodo rural, que iniciou justamente na época
da ditadura.
Do Paraná saíram mais de dois milhões de
pessoas, deixaram de existir mais de 100 mil propriedades. No Rio
Grande do Sul o número é ainda maior – mais de 300 mil sumiram do mapa. A
CNA nunca se preocupou em defender pequenos agricultores, pois isso
está na própria origem das entidades filiadas. O mote do “pequeno”
encobre outra questão muito mais importante. A existência da agricultura
familiar que na verdade é a grande produtora de alimentos do país e não
tem nenhuma identificação com os dirigentes das federações e sindicatos
patronais espalhados pelo Brasil.
Aliás, algumas palavras não constam no
dicionário da CNA: agricultura familiar, ecologia, agroecologia,
produção orgânica. Como já é público e notório o agronegócio é um ramo
internacional de comercialização de mercadorias definidas pelos preços
das bolsas, no caso, específico de commodities agrícolas, na Bolsa de
Chicago. E o Brasil é o “campeão” na produção de soja, deve superar os
Estados Unidos na próxima safra, e de carne bovina, suco de laranja e
cana. O suco foi embargado este ano pela presença de um agrotóxico que
os estadunidenses proíbem. Mas também fazem parte do agronegócio o
milho, a produção de carne de frango, o algodão e o café.
Quanto ao tripé boa, barata e saudável
não dá para engolir e vou comentar. Os preços não são definidos no
Brasil. Este ano, por exemplo, a soja caiu com a seca no Hemisfério Sul,
mas os preços aumentaram. A queda no volume produzido no Brasil foi de
11,9%, mas o valor bruto da produção aumentou 19,4%, algo como R$67
bilhões. A cana caiu 8,1% mas o valor da produção aumentou 20,9%. Houve
queda mesmo na suinocultura, uma atividade que envolve muitos
agricultores familiares, alguns integrados aos grandes grupos
empresariais. A integração é um modelo importado dos Estados Unidos,
assim como a genética de frangos e suínos e o peru, onde as empresas
fornecem o pacote tecnológico, da ração aos pintos, e compram depois de
engordados, e pagam pelo serviço. Sempre enquadrado nas mudanças
tecnológicas. Se o galpão ficou mais sofisticado, ou o dono dá um jeito
de atualizar, ou está fora. Sem direito a nenhum tipo de indenização. O
produtor, digamos, é quase um funcionário, mas não tem os direitos
trabalhistas. O milho ficou mais caro, aumentou o preço da ração –
também usa farelo de soja -, o consumidor pagou mais pelo frango, e as
empresas contabilizaram um aumento de 33% no faturamento, deve chegar a
R$37,5 bilhões em 2012. Só a carne bovina teve queda no faturamento,
pelo aumento do preço da arroba do boi, mas aumentou a produção –
faturamento de R$54,7 bilhões.
Por isso mesmo, a Cargill, o maior grupo
mundial em agronegócio, triplicou seu lucro no primeiro trimestre do
ano fiscal de 2013 – para eles começa em agosto. O lucro de US$975
milhões foi 313% maior que o mesmo período do ano passado. “-O salto de
313% no lucro líquido e a queda de 2,3% das vendas levou à escalada das
cotações de commodities como milho, soja e trigo, que são originadas,
processadas e comercializadas pela companhia em níveis recordes. São
tempos de oferta apertada, preços elevados e volatilidade”, diz um
comentarista de mercado.
O agronegócio brasileiro, além dos 37%
das exportações e outro tanto no PIB, também envolve o uso de mais de um
milhão de toneladas de agrotóxicos, entre herbicidas, inseticidas,
fungicidas e outros, e a utilização de 31,8 milhões de hectares de
plantio de sementes transgênicas, principalmente de soja, e mais
recentemente de milho. Das cerca de 1.500 formulações químicas, apenas
21 são registradas como biológicas. Das 50 mais usadas, 22 são proibidas
na União Europeia. Por sinal, em 2014, dos 49 inseticidas usados pelo
agronegócio brasileiro, 36 não entrarão mais na União Europeia. E as
corporações químicas, sendo a Syngenta a maior delas no mundo, preveem
um mercado de US$200 bilhões em 2025, quase o triplo do atual
faturamento, entre sementes e químicos. Na verdade, um não vive sem o
outro. Sobre venenos, vou detalhar em outra ocasião.
Primeiro, o contraponto do brilho e da
grandiosidade do agronegócio. Em 2011, ocorreram 1.363 conflitos de
terra no Brasil, segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT),
que registra as ocorrências desde a década de 1970. Eles aumentaram 23 %
em relação a 2010, também aumentou o número de famílias presentes nos
fatos, em mais de 30%. Isso envolveu um número impressionante de pessoas
na área rural – 600.925.
Uma parte está ligada a questões de
conflitos relacionados à água, despejo por construção de hidrelétricas,
barragens, ou restrição de acesso- foram 68 conflitos, com 137.855
pessoas. Na questão trabalhista, registra condições análoga à escravidão
ou trabalho degradante, foram 260 casos e 4.395 pessoas. Porém, a
grande maioria, 1.035 casos foram relacionados a conflitos de terra –
expulsão de moradores, quilombolas, indígenas, invasões, assentados. E o
número de pessoas presentes nesses episódios chegou a 458.675. A CPT
também registrou 347 casos de ameaças de morte, com 29 assassinatos.
Ameaça, nesse caso, significa constar numa lista de sentenciados a
morte, coisa corriqueira no norte do Brasil.
A Amazônia detém a maioria dos casos de
assassinatos e de ameaças de morte. Parece óbvio, está na pesquisa do
IBGE sobre Espaço Rural divulgada em outubro deste ano, a migração e o
agronegócio rumam em direção ao Centro-0este e ao Norte. Os dados
municipais apontam o Pará com um rebanho de 18 milhões de cabeças e o
Mato Grosso com 28 milhões. Na Amazônia são criados mais de 70 milhões
de cabeças de gado. Finalmente, os dados da pobreza rural.
A população rural brasileira é estimada
em 27,5 milhões de pessoas, embora haja um problema de definição. O
IBGE, depois de 2000, ampliou o limite do urbano. Pequenos municípios
deixaram de ser área rural, a população caiu em torno de cinco milhões.
Mas do total 7,5 milhões são extremamente pobres. Este é um dos
objetivos do programa Brasil sem Miséria – localizar e incluir nos
programas sociais do governo federal. A definição para extremamente
pobre é renda per capita de R$75,00. Mas o número total de pobres rurais
envolve quase a metade da população.
Incluindo os urbanos, a população que o
Brasil sem Miséria está trabalhando é de 16 milhões de pessoas. A
maioria, nos dois casos, reside nos municípios pequenos do nordeste e do
norte. O Atlas do Espaço Rural do IBGE também identificou 5,2 milhões
de estabelecimentos agropecuários, sendo 3,9 milhões (75,9%) geridos
pelos próprios donos, correspondendo a 69% da área. Entre os
proprietários 39% eram analfabetos ou sabiam ler ou escrever, sem terem
frequentado escola. E 43% não tinham ensino fundamental. As mulheres
respondiam por 13% dos estabelecimentos e apresentavam uma taxa de
analfabetismo maior que os homens – 45,7%, contra 38,l % .
Em 1.304 municípios brasileiros a taxa
de analfabetismo é igual ou superior a 25%, a maioria no nordeste e
atinge a população entre 15 e 29 anos. A agricultura familiar, segue o
estudo do IBGE, apesar de abranger 4,4 milhões de estabelecimentos
agropecuários (84,4%), cobria 80 milhões de hectares, 24,3% da área. O
nordeste reunia cerca de 50% do total de estabelecimentos rurais, além
da maior área – 35%. Em 40% dos estabelecimentos não há prevenção ou
controle da erosão. Os biomas que mais sofrem com a pressão do
crescimento econômico: Pampa, na região Sul com índice de ocupação de
71%, o Pantanal com 69%, a Mata Atlântica com 66% e o Cerrado com 59%.
As raízes da pobreza rural
O agrônomo e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Lauro Mattei estuda a questão agrária (e a reforma) há mais de 25 anos e cita o historiador Caio Prado Júnior para explicar o problema:
O agrônomo e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Lauro Mattei estuda a questão agrária (e a reforma) há mais de 25 anos e cita o historiador Caio Prado Júnior para explicar o problema:
- Somos hoje o que éramos ontem.
O êxodo rural levou milhões de pessoas
para os grandes centros entre as décadas de 1960 e 1980. O problema
básico sempre foi o mesmo: concentração de terra, relações de trabalho
escravocrata e produção voltada ao mercado externo. Mudaram algumas
coisas, mas a essência continua a mesma. A concentração de terras tem
aumentado no país, a monocultura da soja é a que mais cresce e o mercado
externo continua sendo o objetivo maior do agronegócio.
No meio disso a explosão das tecnologias
modernas, a química e a concentração de recursos públicos – uma dívida
rural de R$ 160 bilhões em 2011, apenas R$30 bilhões é referente à
agricultura familiar. Como um complicador maior: uma bancada no
Congresso Nacional, com a imposição de interesses de classe, como diz
Lauro Mattei numa entrevista ao Instituto Humanitas, como se fossem da
nação, em articulação com as demais camadas das elites do Brasil.
Outro professor Carlos Walter Porto-Gonçalves, do pós-graduação da Universidade Federal Fluminense, vai além:
- “Por que temos uma bancada
ruralista no Congresso se os grandes proprietários são uma minoria na
sociedade brasileira? A concentração fundiária no Brasil não é somente
uma questão que diz respeito ao mundo rural, haja visto implicar o mundo
financeiro e os grupos empresariais como um todo, para não dizer do
mundo da política… a situação tem piorado desde 2003, se intensificando a
partir de 2006, nos autoriza a fazer um alerta : está em curso uma
contrarreforma agrária na lei e na marra.”
Porto-Gonçalves explicou os seus motivos
no relatório anual da CPT. Cita o crescente aumento da violência do
poder privado – 693 ações em 2011 -, sem que o poder público acompanhe
punindo os seus responsáveis. O reordenamento territorial que perpetua o
caráter perverso de concentração de terra e expropriação de posseiros,
indígenas e quilombolas. A lei 11.952-09 que legaliza 67 milhões de
hectares. O Código Florestal, além de outras iniciativas que querem
retirar do Executivo a função de definir as terras indígenas. É o caso
da PEC 215/00, proposta pelo ex-deputado federal Almir Sá, atual
presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Roraima e também
vice-presidente da CNA, vai ser analisada por uma comissão especial do
Congresso Nacional, encabeçada pelo deputado Homero Pereira (PSD-MT),
ex-presidente da Federação Agricultura e Pecuária do Mato Grosso
(Famato).
Ainda incluem outras sugestões de
redução de unidades de conservação, pressões contra funcionários
públicos para não cumprir a legislação. No mês passado um helicóptero do
IBAMA estacionado no aeroporto de Sinop (MT), sofreu uma sabotagem,
antes de decolar, descoberta a tempo pela tripulação. E o principal
argumento: empresários de outras áreas, de ponta em termos tecnológicos,
comprando áreas nas frentes de expansão.
Sobre isso temos o caso emblemático da
Agropecuária Santa Bárbara, do banqueiro Daniel Dantas, do Grupo
Opportunity, desde 2005 investe na compra de fazendas no sul do Pará,
pretende implantar um projeto que será a maior criação de bois do mundo,
com um milhão de cabeças. Até agora são 43 fazendas, parte delas
embargadas pela Operação Satiagraha, com mais de 500 mil hectares e
cerca de 500 mil bovinos. O projeto envolve investimentos de R$1,5
bilhão, e pretende entrar na área de reflorestamento, produção de
energia com biomassa e construção de pequenas centrais hidrelétricas. No
dia 21 de junho de 2012 um grupo de sem-terra foi recebido à bala pelos
seguranças na Fazenda Cedro, em Marabá. Uma área de 826 ha teve
reintegração de posse autorizada pela justiça, em favor do INCRA.
Parte dessa fazenda que é um milionário
latifúndio – 141 mil hectares, de propriedade de Benedito Mutran Filho,
maior criador de Nelore selecionado do Pará e um dos maiores do país-,
referem-se a “áreas aforadas”, de castanhais que estavam em posse da
família, com pagamento anual pelo extrativismo da castanha. Na hora da
venda foi incluída como propriedade particular. Isso é um detalhe no
meio de dezenas de inquéritos, ameaças e a morte de um sem-terra em
2009, que envolvem o projeto de Daniel Dantas.
Busca-se desqualificar o problema da
pobreza rural, comenta o professor Lauro Mattei, sob o argumento de que o
modelo do agrobusiness está sustentando a economia e os demais setores
da sociedade brasileira.
-“A pobreza rural tem sua maior
expressão nos espaços geográficos dominados por latifúndios, locais onde
se observam elevador índices de concentração de terra. Nesses locais as
privações de água, terra, mercados e bens públicos destacam-se como
determinantes essenciais da pobreza rural”.
Entre 1985 e 2006 houve uma perda de
mais de sete milhões de empregos no setor rural, com a tal da
modernização – de pouco mais de 23 milhões caiu para 16 milhões. Esses
reflexos não foram constatados somente nos municípios de pequeno porte
do norte e nordeste. Em São Paulo, o pesquisador Tiago Egídio Cubas, do
Núcleo de Estudos e Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária, da UNESP
(Presidente Prudente), lançou recentemente sua tese de mestrado “São
Paulo Agrário”. Através da geografia definiu o estado mais rico do país,
mas também é um dos que mais tem pobres. Ribeirão Preto, capital da
Califórnia brasileira, como costumam chamar os líderes do agronegócio,
acumulou 26 favelas em 20 anos. Tiago Cubas analisou o crescimento da
pobreza e comparou com o crescimento do agronegócio. Em São Paulo,
particularmente, da cana-de-açúcar. A população rural de 1980 para 2010
caiu de 2,9 milhões para 1,7 milhão.
Dos 645 municípios cadastrados para
mapeamento apenas 228 conseguiram amenizar a intensidade da pobreza. O
restante, ou seja, 417, cerca de 2/3 sofreram com o aumento da
intensidade da pobreza. Houve aumento na área de lavouras de 5,4 milhões
de hectares para 6,8 milhões de ha, de 1995 para 2006. Houve queda na
área de pastagens de mais de dois milhões de hectares – de 9,06 para
6,89 milhões de há. Lógico, o boi foi subindo para o Centro-Oeste e
Norte. Caiu a área das pequenas e médias propriedades, com menos de 200
hectares de 39% do total para 29%. E a expansão das grandes propriedades
de 10,6 milhões de hectares para 14,3 milhões ha – 3,67 milhões ha a
mais. A cana se expandiu em 90% dos municípios de São Paulo: em 1990 era
1,8 milhão de hectares e em 2008- 4,9 milhões de hectares.
No período 1988 a 2009 ocorreram 1312
ocupações no estado com 193.516 famílias envolvidas. Somente no Pontal
do Paranapanema, área de terras devolutas, mas ocupadas há décadas pelas
famílias tradicionais da região, foram 744 ocupações e 101.275
famílias. Como consequência criaram 244 assentamentos estabelecendo no
mesmo período mais de 16 mil famílias.
Outro lado da pobreza rural
Até a Constituição de 1988, os trabalhadores rurais ganhavam ½ salário mínimo de aposentadoria. Em 1992 eram 2,4 milhões de aposentados rurais. Em 2005, o contingente saltou para 11,4 milhões de pessoas. Se contarmos o item considerado como “outras rendas” avaliado por uma pesquisa sobre pobreza rural e desigualdade, realizada por uma equipe da Universidade da Califórnia e a PUC rio, que incluem os programas sociais, como Bolsa Família e o Benefício da Prestação Continuada o avanço é de 3,6% para 58,1%, no mesmo período.
Até a Constituição de 1988, os trabalhadores rurais ganhavam ½ salário mínimo de aposentadoria. Em 1992 eram 2,4 milhões de aposentados rurais. Em 2005, o contingente saltou para 11,4 milhões de pessoas. Se contarmos o item considerado como “outras rendas” avaliado por uma pesquisa sobre pobreza rural e desigualdade, realizada por uma equipe da Universidade da Califórnia e a PUC rio, que incluem os programas sociais, como Bolsa Família e o Benefício da Prestação Continuada o avanço é de 3,6% para 58,1%, no mesmo período.
- “Apesar de representarem apenas 4%
da renda total, estimamos que mudanças nas outras rendas explicaram 44%
da queda recente na desigualdade de renda rural. Nas áreas estritamente
rurais chegou a 59% da queda na desigualdade, enquanto a média no
Brasil foi de 25%”, constataram os pesquisadores.
O Benefício da Prestação Continuada
beneficia pessoas com problemas sérios de saúde ou idosos em situação de
risco, no Brasil, segundo o professor Valeriano Mendes da Costa, da
Universidade Estadual de Campinas, atende quatro milhões de pessoas.
Outros 20 milhões recebem aposentadoria rural e cerca de 50 milhões o
Bolsa Família. É uma das maiores redes de proteção e de combate à
pobreza no mundo.
- “Essa pobreza rural era quase
totalmente excluída da economia mercantil, da economia monetarizada. É a
população pobre de cidades pequenas do interior, principalmente do
Nordeste e do Norte, não tinha acesso à moeda, ela quase não recebia
dinheiro. Vivia de troca direta de mercadorias, troca de serviços por
alimentação. Esta rede de enfrentamento da pobreza mais aguda é muito
importante. Este conjunto de ações é responsável pela reversão do quadro
de pobreza extremada no Brasil e pela criação da famosa nova classe
média”, disse o professor, em entrevista ao Instituto Humanitas.
O que tem segurado a população rural no
campo não tem nada a ver com o “Pra frente Brasil” da Kátia Abreu, um
projeto de agronegócio que concentra renda ao invés de distribuir,
contamina o solo e a água no país, e acumula veneno na população, uma
espécie de contrapartida aos grandes investimentos de grupos poderosos
de banqueiros, industriais, fundos de private equity e comerciantes de
toda espécie, cada vez mais envolvidos com esta máquina. Esse material
vai ficar para uma próxima oportunidade.
–
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21222
Ohhhh textinho pilantra...
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