domingo, 18 de agosto de 2013

Um mundo inesperado e indispensável em Brejinho



Por que esse lugar, entre tantos? Não havia nada de original nessa pergunta. Em outras ocasiões, outros a fizeram e nem por isso obtiveram resposta. Perguntara inúmeras vezes para que lado ficava Brejinho. O Edivan, militante do MST e morador do povoado de Belém, respondera “para aquelas bandas” sem nenhuma indicação mais precisa. O Vicente de Paula, morador de Carrancas ou Valência, ouvira o nome Brejinho no Sindicato de Trabalhadores Rurais de Buriti por conta de uma confusão de terras.   O Alex Motta, que uma vez ajudara o Zé Branco a cercar mais de cem hectares de Chapada para impedir qualquer tentativa de grilagem, depusera que a comunidade de Brejinho entrara em litigio com o Pedrão, plantador de soja, por 360 hectares de Chapada.
Ele adentrou a propriedade e perguntou-se que mundo era aquele.   Um mundo inesperado e indispensável. Ele se desfez de alguns minutos da sua vida para enfim avistar o povoado Brejinho. Nada que fizesse muita falta ou que fizesse alguém perder o humor. A sua ida a Brejinho, municipio de Buriti, naquela manhã de quarta-feira, revestia-se de incertezas. Antes dele, o Vicente de Paula e seu genro João, gentilmente, dirigiram-se ao povoado com o intuito de perguntar se eles receberiam de bom grado um projeto de criação de galinha caipira. Por um tempo, eles rodaram de maneira incerta pela Chapada e, ao descerem para o Baixão, os dois encostaram à casa do “proprietário” da terra que intencionava expulsar as oito famílias de Brejinho. Em seguida, no caminho certo, o Vicente perguntou a uma menina qual era a casa do senhor Raimundo Jô. A menina desconfiou a principio dos dois, mas, depois que o Vicente explicou o que queria, ela respondeu que o seu pai se encontrava em casa. A filha desconfiara do Vicente e do João porque a policia prendera seu pai e seu avô a partir de uma denuncia de crime ambiental formalizada pelo “proprietário” da área. Eles passaram uma noite na cadeia e só saíram depois que pagaram R$600 de fiança.   
O Vicente arrumou para que o João o levasse na moto até Brejinho, quarta-feira, bem cedo. Dessa vez, acertaram em cheio. As casas se situam num Baixão encarecido de buritizeiros. Depois de tantas voltas pela Chapada, aturdira-se no espaço físico local. O nome do brejo e do nome do rio no qual desemboca o ajudaria a localizar-se. O senhor Raimundo Jô desconhecia o nome do brejo, mas sabia que o rio onde ele desembocaria era o Munim. Por incrível que pareça, depois de tantos anos do agronegócio assolar o Cerrado de Buriti, a Chapada do Brejinho continuava preservada com duas nascentes perenes próximas às casas. Após tomarem o café passado pela esposa do senhor Raimundo Jô, os dois visitantes mostraram o projeto de criação de galinha caipira para os moradores de Brejinho. O senhor Raimundo Jô assuntou mais sobre o projeto e aceitou, por fim. 
Mayron Régis

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