Os interesses do setor florestal se espraiam por regiões ainda “adormecidas” do ponto de vista econômico na certeza que chegou a hora da ampliação da área plantada. Talvez nas mentes desses interesses já tenha mais que passado da hora como bem se viu no município de Santa Quitéria, Baixo Parnaíba maranhense, no começo de maio de 2009.
As relações entre o setor florestal, o Estado e a sociedade civil inexistem e isso decorre justamente porque o que o setor florestal busca, à medida que enceta conversações com os governos sobre projetos de reflorestamento, são condições favoráveis a partir do local, do regional, do nacional e do internacional.
As instituições financeiras multilaterais ditaram as condições favoráveis exigidas em várias reuniões com os órgãos do Estado como se estes fossem bonecos de presépio. Nesse caso, a sociedade civil nem encenava os diálogos, pois todas as falas haviam sido distribuídas para uns poucos sabichões.
Uma monocultura por natureza requer uma conspiração de sabichões em torno de si porque os segredos a protegem de inquirições de parte da sociedade civil. A monocultura comparece como uma barreira para qualquer outro atrativo, uma barreira que assusta a agricultura familiar e os extrativistas, porque a monocultura responde uma pergunta ou outra e depois vai embora deixando o espaço vazio. Os sabichões cobrem esse espaço vazio com o manto das ciências econômicas, sociais e biológicas.
Perante a sociedade, o maior segredo guardado seria justamente o que de biodiversidade se perde quando um projeto de reflorestamento com eucalipto ou plantio de grãos se instala em um determinado bioma. Os profissionais contratados pela empresa para figurar os dados da realidade sócio-ambiental e os funcionários do órgão ambiental destacados para analisar esses dados deveriam desvendar esse segredo. O que muitas vezes se preconiza como a norma da figuração e da análise dos dados é a complacência.
Em vez da figuração e da análise se contraporem ao iceberg financeiro, elas acabam cerrando fileiras ao lado dos sabichões; em parte porque acham os caras mais sabidos mesmo e finalmente porque querem ser como eles.
Desde o meio do ano passado a Suzano Papel e Celulose planta informações na mídia como quem dá um doce para uma criança, quer dizer, querendo parecer que não quer nada a não ser o bem-estar da sociedade civil do Maranhão e do Piaui. Uma hora planta a noticia que investirá tantos milhões em reflorestamento com eucalipto. Outra hora que pode investir em duas fábricas no Piaui para o processamento da madeira. O espaço concedido na mídia torna bem desfavorável qualquer debate a respeito da implantação da Suzano no Maranhão há quase vinte anos e como foram feitas as negociações para os projetos de reflorestamento com eucalipto envolvendo a empresa e os governos do Maranhão e do Piaui porque como foi escrito anteriormente corre nas raias vários segredos que fica difícil ver qual primeiro mostra a cara para o fotógrafo.
Em certo dia do mês de junho, um representante da Suzano em São Luis do Maranhão ligou para o Fórum Carajás pedindo para agendar uma conversa com alguém muito importante da empresa que estaria no estado. A conversa giraria em torno das denúncias divulgadas no sítio do Fórum Carajás. Pensou-se em aceitar a proposta, mas primeiro se consultou a Sociedade dos Direitos Humanos. Esta se posicionou rigorosamente contra qualquer conversa com a Suzano pelo fato da empresa ter desrespeitado o acerto feito com as comunidades do Pólo Coceira, em Santa Quitéria. A Secretaria do Fórum Carajás informou as razões da negativa ao funcionário da Suzano.
A conversa que o funcionário importante da Suzano queria ter não era só com o Fórum Carajás. Ele esteve em Santa Quitéria conversando com o prefeito da cidade que se dispôs a ajudar a demover as comunidades do Pólo Coceira da sua postura de resistência com auxilio da policia militar do estado do Maranhão. O mesmo prefeito chantageia moradores que apóiam a luta das comunidades afirmando que vai retirar um agrado que a prefeitura dá todo mês.
Mayron Régis
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