Nós, povo Ka’apor da Terra Indígena Alto
Turiaçu, reunimos nos dias 01 a 04.06.2013 na aldeia Xiépihurenda e 09 a
12.06.2013 na Aldeia Turizinho para discutir os problemas que afetam
nosso povo, desde a educação até a gestão de nosso território. Demos uma
atenção maior para a invasão de nosso território e pensar no futuro de
nossa floresta e de nossos filhos. Aproveitamos para olhar os anos que
Estado, através da FUNAI e outros órgãos não deram a devida atenção para
nosso povo e território, deixando e permitissem que fosse invadido.
Assim como nós, outros povos no Maranhão
e no Brasil estão sofrendo ataques, invasão e até assassinatos. Isso
prova o descaso do governo do Maranhão e do governo federal com a defesa
de nossos direitos, de nossa vida. Nossos parentes Gavião, da Terra
Indígena Governador, estão sofrendo como a gente. Não vamos ficar
parados e nem aceitamos que esses fazendeiros e madeireiros queiram
governar para seus parentes e grupos políticos. Estamos unidos com os
parentes Gavião, por isso somos solidários. A luta deles é nossa luta.
Não vamos aceitar que mais ataques e
ameaças. Por isso, decidimos cuidar e proteger nosso território e não
esperar mais pela Funai, pelo governo. Eles sempre pedem para esperar.
Enquanto isso os invasores destroem nossos bens naturais, enganam nosso
povo, dão bebidas para nossos parentes, levam nossas caças, tiram
alimento de nossos filhos. Só nós sabemos de nossos problemas porque
sentimos e sofremos. Só nós sabemos os caminhos que temos que seguir.
Não aceitamos mais que o governo decida e faça por nós. Nós mesmos vamos
vigiar, proteger e trabalhar a gestão de nosso território.
Também reunidos no Instituto La Salle
(dos Irmãos Lassalistas) nos dias 17 a 19.09.2013 para conversar sobre
nossa educação, avaliar a falta de respeito da SEDUC com nossa
escolarização. Nesse momento, continuamos discutindo a elaboração de
nosso Projeto Pedagógico e Curricular e organização de nossa educação
nas aldeias. Não queremos mais vestir “roupa velha, dos brancos”.
Queremos vestir a nossa própria roupa, uma educação com o nosso rosto,
com a cultura e identidade Ka’apor e não Kamará (brancos).
Vamos continuar lutando por nossos
direitos juntamente com milhões de parentes pelo Brasil afora. Não
aceitamos que nossos bens naturais sejam roubados, nossa floresta
destruída, nossa cultura ameaçada, nossa dignidade seja ferida.
Todo apoio e solidariedade aos parentes
Gavião, do Maranhão e todos os parentes que estão sofrendo ameaças e
assassinatos no Brasil.
Presidente Médici– MA, 19 de junho de 2013.
Lideranças, caciques, mulheres, crianças, professores Ka’apor, Comissão de Educação Ka’apor.
racismoambiental
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