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MA: Lençóis Maranhenses têm 5,5 mil moradores de comunidades tradicionais
Mais
de 5,5 mil pessoas de comunidades tradicionais vivem no território do
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (PNLM), apesar de a lei
ambiental não permitir a permanência de moradores nesse tipo de unidade
de conservação. As comunidades vivem na região há mais de 200 anos e o
governo ainda não iniciou o processo de desocupação do território desde
que a unidade foi criada em 1981.
“O
parque nunca foi objeto de políticas de regularização fundiária”,
contou o biólogo e analista ambiental Yuri Teixeira Amaral, coordenador
de Uso Público e chefe substituto da unidade. “Não temos um ambiente
conservado como deveria ser. O parque não cumpre seus objetivos por
causa das comunidades presentes”, completou.
As
comunidades vivem basicamente da agricultura de subsistência, mas a
pecuária também é tradicional na região. Amaral explica que os
produtores sempre mantiveram a prática de deixar os animais em pastos
naturais e as áreas do parque acabam servindo para o alimento de cabras,
bodes, ovelhas e bois.
“Quando
passam as chuvas, as áreas que formavam lagoas secam e viram pastagem. O
maior problema é que além dos animais das comunidades, produtores que
vivem fora do parque contratam os moradores como vaqueiros e colocam os
animais no território”, contou Amaral.
O
analista ambiental explicou que as comunidades que estavam na área
antes da criação do parque têm direito aos imóveis e à produção de
subsistência. Mas, segundo ele, essa situação provocada pelo conflito de
leis acaba gerando impasses diários. “São pessoas pobres e sem
instrução que mal têm acesso às políticas sociais. Há um povoado que
chegou a receber energia elétrica, mas como a companhia energética não
tinha licença, foi multada”.
A
unidade ocupa mais de 155 mil hectares a quase mil quilômetros da
capital do Maranhão, São Luís, passando pelos municípios de
Barreirinhas, Primeira Cruz e Santo Amaro. O território tem mais de 70
quilômetros de praia e é nessa costa que está outro desafio para os
administradores.
“A
pesca de arrasto já é predatória por si só e temos uma área muito rica
em camarões. Já fizemos mais de 15 autuações, mas é difícil controlar
porque eles sabem que é uma área que tem estoque muito bom. O problema é
que com o uso da rede os pescadores só aproveitam 20% do que fica
preso. Os 80% são descartados e geralmente não sobrevivem”, disse o
biólogo, citando espécies que vão desde peixes, crustáceos e
estrela-do-mar, até tartarugas.
Amaral
contou que a unidade também não tem controle sobre as visitações.
Segundo ele, em uma estimativa conservadora é possível dizer que mais de
50 mil turistas visitam, anualmente, o parque. Mas como são dezenas de
acessos e a unidade não conta com portarias e centro de visitantes, o
controle não é eficiente.
“A
visitação geralmente é feita por agências de turismo porque exigem
carros com tração. Vira e mexe, essas agências descumprem as normas de
conservação. Hoje, melhorou um pouco porque fizemos cadastros, mas temos
que pensar em uma parceria público-privada ou em um sistema de
concessão de ingressos em que a empresa ficaria responsável por esse
controle”, frisou o biólogo.
Como
em grande parte dos parques citados nas reportagens desta série
produzida pela Agência Brasil, o número de servidores na unidade está
aquém do que os próprios funcionários definem como ideal. Segundo
Amaral, hoje apenas dois analistas ambientais e cinco técnicos atuam no
parque. “O plano de manejo [elaborado em 2003] recomenda 84
funcionários, distribuídos nos três municípios”, disse, acrescentando
que a estrutura também é precária.
Yuri
Amaral acrescentou que o parque tem três postos, sendo a sede
administrativa, que é alugada, e um terreno com prédios condenados, onde
serão construídos o centro de visitantes e a sede administrativa, ainda
em 2013.
O
bioma Costeiro e Marinho reúne outros sete parques nacionais, como o
Parque Marinho dos Abrolhos, na Bahia, formado por cinco ilhas e um dos
locais responsáveis pela conservação de espécies como a anêmona-gigante,
o pepino-do-mar, o tubarão-lima e corais, e o Parque do Cabo Orange,
com a preservação de manguezais ao longo de mais de 657 mil hectares no
Oiapoque, Amapá (AP).
Por: Carolina Gonçalves - Agência Brasil
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