O
SINDICATO DE TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS DE ALCÂNTARA; o
MOVIMENTO DOS ATINGIDOS PELA BASE ESPACIAL – MABE; o MOVIMENTO DE
MULHERES TRABALHADORAS DE ALCÂNTARA – MONTRA, o GRUPO DE ESTUDOS
SOCIOECONÔMICOS DA AMAZÔNIA - GESEA e a SOCIEDADE MARANHENSE DE DIREITOS
HUMANOS - SMDH, vem, através desta Nota, manifestar o que segue:
1. A
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC pretende
realizar, nos dias 26 e 27 de abril, na cidade de Alcântara/MA,uma
reunião regional para discutir “o Programa Espacial Brasileiro. A ideia
principal do evento SERIA refletir sobre o modelo passado de implantação
da base de lançamentos, como o programa está sendo desenvolvido
atualmente e quais são as possibilidades de sustentação da base no
futuro.” [1];
2. As entidades acima mencionadas afirmam a extrema necessidade de se discutir, em conjunto com o meio acadêmico, as comunidades diretamente afetadas e as entidades da sociedade civil organizada, estratégias para eliminar os principais problemas que afetam a sociedade alcantarense, em especial as comunidades remanescentes de quilombos, que compõem a grande maioria da população do município;
2. As entidades acima mencionadas afirmam a extrema necessidade de se discutir, em conjunto com o meio acadêmico, as comunidades diretamente afetadas e as entidades da sociedade civil organizada, estratégias para eliminar os principais problemas que afetam a sociedade alcantarense, em especial as comunidades remanescentes de quilombos, que compõem a grande maioria da população do município;
3.
Contudo, tais estratégias devem ser traçadas coletivamente, em um
processo de participação dialógica envolvendo a SBPC, as universidades,
as populações diretamente interessadas, bem como as entidades da
sociedade civil organizada, o que não vem acontecendo até o presente
momento;
4.
Entendemos que a SBPC tem um papel fundamental no processo de discussão e
fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico do país, que deve
ser inclusivo a todos. Desta forma, a 64ª Reunião Anual da SBPC,
ocorrida em julho de 2012 em São Luís – MA, com o tema “Ciência, Cultura
e Saberes Tradicionais para Enfrentar a Pobreza” veio ratificar tal
entendimento, o que deve ser mantido em suas posições e ações
posteriores à realização da referida reunião.
5.
Contudo, é possível identificar a mudança de caráter da pretensa reunião
da SBPC na cidade de Alcântara. Por informação da Presidência da SBPC,
durante oficina realizada no dia 22 de fevereiro de 2013, na comunidade
de Santa Maria, a discussão agora se daria em torno de políticas de
“saúde e educação”. Observa-se, porém, que vem sendo veiculado no site
da UFMA que o caráter da reunião focal, cujo tema é “Alcântara hoje e
amanhã: ciência saúde e educação” é “discutir o programa espacial
brasileiro”, e que a reunião se dará em recinto fechado dentro do CLA,
com participantes previamente escolhidos nas comunidades.
6.
Ademais, é importante ressaltar a histórica relação conflituosa entre as
comunidades quilombolas do território étnico de Alcântara e o Centro de
Lançamento. Deve-se apontar que existem outros locais adequados no
município de Alcântara para receber um evento com a quantidade estimada
pela organização e que permita uma discussão ampla com os distintos
segmentos interessados. As próprias entidades já realizaram eventos na
cidade com público bem superior;
7.
Sendo assim, sobre a realização da reunião regional da SBPC em
Alcântara, dentro do CLA, as entidades acima arroladas questionam 1) o
local para realização do encontro; 2) o tema a ser discutido no
encontro, que deveria incluir a garantia ao território das comunidades
quilombolas, fundamental para a sobrevivência e a implementação de
políticas públicas fundamentais, como saúde e educação, entre outras; 3)
uma metodologia que garanta o resgate que a academia (em especial, a
própria UFMA) já tem sobre os impactos da implantação do CLA no
município e os prejuízos gerados; 4) uma metodologia que garanta a
informação aos participantes da referida reunião do atual
estágio das discussões em torno da titulação do território quilombola, de acordo com o processo que transcorre na AGU, na Câmara de Conciliação e Arbitragem CCAF, e os processos judiciais também em curso na Seção Judiciária do Maranhão da Justiça Federal; e, por fim, 5) o caráter de “consulta”, que tal evento poderia assumir, conforme anunciado, lembrando que a expressão diz respeito a um direito dos quilombolas, segundo a Convenção 169, da OIT, de se manifestar sobre a possibilidade de esvaziamento do litoral da presença dos grupos quilombolas ali situados.
estágio das discussões em torno da titulação do território quilombola, de acordo com o processo que transcorre na AGU, na Câmara de Conciliação e Arbitragem CCAF, e os processos judiciais também em curso na Seção Judiciária do Maranhão da Justiça Federal; e, por fim, 5) o caráter de “consulta”, que tal evento poderia assumir, conforme anunciado, lembrando que a expressão diz respeito a um direito dos quilombolas, segundo a Convenção 169, da OIT, de se manifestar sobre a possibilidade de esvaziamento do litoral da presença dos grupos quilombolas ali situados.
8. Por
fim, em virtude das considerações anteriores, vimos por meio deste
solicitar uma reunião com a Presidência da SBPC para discutir,
conjuntamente, a metodologia e o conteúdo da oficina regional
planejada para realizar-se em Alcântara.
planejada para realizar-se em Alcântara.
São Luis, 21 de março de 2013.
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