Submisso aos interesses internacionais,
representantes do agronegócio de Tocantins trabalharam como
intermediários dos grandes projetos na região
13/03/2013
Marcio Zonta,
enviado a Palmas (TO)
Camponesas na luta contra o avanço do capital internacional sobre o
campo brasileiro - Foto: Marcelo Cruz
|
Especialistas
no assunto têm apontado a ruralista Kátia Abreu como um exemplo da
burguesia nacional agrária que trabalha como intermediária dos grandes
projetos do capital internacional, incentivando seu avanço sobre o campo
brasileiro.
Para o historiador e pesquisador do
agronegócio na região de Araguaia (TO) Paulo Henrique Costa Mattos, da
Universidade Federal de Tocantins, “o apoio das burguesias rurais ou
industriais advém da incapacidade de fazer frente à avassaladora onda de
capitais, tecnologias e financeirização que chega ao campo dos países
subdesenvolvidos”.
A trama envolvente entre elite
agrária nacional e as empresas transnacionais evidencia esse processo.
“Quando os grandes ruralistas vão plantar e colher, geralmente têm que
usar máquinas e equipamentos da New Holland, Massey Fergusson,
Caterpillar, John Deer, Valmet, Estil, Husqvarna e etc. Nenhuma dessas
empresas é nacional”, apresenta o professor.
Além
disso, existe uma relação contínua na colheita e no armazenamento. “Os
grãos são protegidos sob lonas da japonesa Sansuy. Em seguida, vêm o
transporte em caminhões da estadunidense Ford, as alemãs Volkswagen e
Mercedes, a italiana Fiat, as suecas Volvo e Scania”.
O
estreitamento com a China também vem sendo trabalhado pela Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) desde a abertura do
escritório da entidade ruralista em Pequim, no fim de 2012.
Os
objetivos propostos pela entidade presidida por senadora Kátia Abreu
são atrair investimentos públicos e privados da China para a
infraestrutura do país, em especial para logística de transporte e
armazenagem da produção.
No Tocantins, Siqueira
Campos tem conversado com o Banco de Desenvolvimento da China (BDC) na
tentativa de fazer cooperação entre o empresariado local, o governo e o
capital chinês.
“Os chineses demonstram interesse
em fazer cooperação com empresários e com o governo do Tocantins que,
por sua logística, permite baratear o custo das exportações brasileiras,
com o corredor de exportação Norte-Sul”, declarou recentemente
Siqueira.
“Aí está o sinal de que, em breve,
também os chineses virão se servir desse mercado rodoviário, já que é
através dele que se escoa a produção dos commodities agrícolas”, conclui
o historiador.
Além de toda essa orquestração, é
de autoria do Partido Social Democrático (PSD), de Kátia Abreu, um
projeto de decreto legislativo que objetiva acabar com a rotulagem de
transgênicos. “No Brasil, o agronegócio conta com uma poderosa bancada
ruralista no Congresso Nacional para assegurar projetos de leis com seus
interesses e barrar tudo aquilo que possa contrariar o avanço do
capitalismo no campo”, acusa Mattos.
Monocultivos
Aproximadamente
72,3% da exportação de Tocantins é soja em grão e cerca de 24, 4% de
carne bovina desossada, fresca e congelada. Conforme estimativa da
Secretaria de Agricultura de Tocantins, a produção de soja na safra
2010/2011 superou a faixa de 1,2 milhões de toneladas. Para 2102/2103 é
esperado um crescimento superior a 10%, colocando o estado como um dos
grandes produtores do agronegócio brasileiro.
Outro
monocultivo que vem sendo gradativamente implantado, sobretudo nas
propriedades rurais da senadora Kátia Abreu, é o eucalipto. Segundo
dados da Secretaria de Agricultura do estado, o ano de 2012 contabilizou
197,4 mil hectares de plantio da espécie.
Se
persistir o ritmo de crescimento da plantação de eucalipto no estado, há
projeções para 2016 de uma área de 530 mil hectares utilizados para a
produção.
brasil de fato
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