DOCUMENTO FINAL DA 4ª ASSEMBLEIA DA
ASSOCIAÇÃO PEMPXÀ.
No período de 27/02 a 02/03/2013, realizamos a 4ª Assembleia Geral
e Ordinária da Associação União das
Aldeias Apinajé -PEMPXÀ, que aconteceu na aldeia Palmeiras, no município
de Tocantinópolis, Estado do Tocantins. E tivemos a participação dos caciques,
membros, diretores, conselhos deliberativo, fiscal e consultivo da Associação PEMPXÀ
e das lideranças jovens, estudantes, professores e representantes do
CLOSIAP -Conselho Local de Saúde Indígena Apinajé. E as presenças dos
convidados, representantes do Ministério Público Federal, MPF-TO, Fundação
Nacional do Índio -FUNAI CR Araguaia/Tocantins de Palmas (TO) e as Coordenações
Técnicas Locais da FUNAI/CTLs de Tocantinópolis (TO) e Carolina (MA). Por sua
vez a entidade Conselho Indigenista Missionário - CIMI, regional GO/TO enviou
um representante, somando mais de 150 participantes.
Durante quatro (4) dias debatemos os
graves problemas que estamos enfrentando nas aldeias e no território Apinajé.
Estamos apreensivos e indignados, especialmente com as precárias condições do
atendimento à saúde dessa população indígena, problemas que foram levados ao
conhecimento dos gestores da FUNASA, DSEI-TO e SESAI à (6) seis anos atrás,
ainda não foram resolvidos. Dessa forma denunciamos ao Procurador da Republica,
Senhor João Raphael Lima, do Ministério
Público Federal, MPF-TO, a falta de médicos, transportes, remédios, rádio-
comunicação e telefonia. Ressaltamos que a falta de saneamento básico nas
aldeias, continua sendo um problema
crônico e grave, que infelizmente ainda persiste. Nessa temporada de chuvas,
esse é um dos fatores responsável pelo aumento dos casos de diarreias,
verminoses, febres, vômitos e outras viroses,
que acometem principalmente as crianças recém-nascidas. No momento a
maioria das comunidades ainda não dispõe de
sistemas de abastecimento de água, da mesma forma estão faltando
banheiros e coleta de lixo nas aldeias mais populosas.
Manifestamos nossa preocupação com a segurança e garantia do território
Apinajé, que no momento continua sendo cada vez mais pressionado por grandes
projetos da iniciativa privada e governamentais. Além das ameaças dos
projetos das hidrelétricas de Serra
quebrada e Santa Isabel, nos últimos anos estão surgindo outros empreendimentos
que merecem atenção especial dos órgãos públicos ambientais, especialmente do
Ministério Público Federal MPF -TO, da FUNAI- Fundação Nacional
do Índio e do IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis. Assim expressamos nossas contrariedades e
denunciamos os desmatamentos do cerrado, as plantações de eucaliptos e
carvoarias, que estão se instalando no entorno da área indígena e confirmamos
as ameaças e danos ambientais que esses empreendimentos implantados de maneira
irregular, já estão causando a este território. Avaliamos que se não forem
freadas à tempo, essas atividades irão causar no futuro próximo, irreversíveis
impactos ambientais, sociais, culturais e econômicos, afetando toda a flora,
fauna, recursos hídricos e as aldeias dessa região.
É inaceitável que, depois de mais de (2) dois anos da reestruturação da
Fundação Nacional do Índio- FUNAI, as CTLs de Tocantinópolis (TO) e Carolina
(MA), ainda continuam sem estruturas e sucateadas, no momento, especialmente
esta Coordenação Técnica Local da FUNAI/CTL
de Tocantinópolis, não dispõe sequer de um prédio adequado pra
funcionar. A precariedade e ausência
de estruturas e recursos
inviabilizam a atuação dos servidores e a
execução dos trabalhos de competência do órgão. Nesse sentido nossa principal
preocupação é com a falta de fiscalização permanente dessa terra indígena pela
FUNAI, que é uma das condições necessárias
para se garantir o mínimo de
proteção do território e a segurança das aldeias. E alertamos que esta terra
indígena continua sendo explorada e invadida pela população das cidades e
povoados do entorno, que buscam explorar
e roubar madeiras, caçar, pescar e coletar frutas nativas.
Expressamos também nossas preocupações e desconfianças com relação a
questão da compensação da UHE Estreito e o atraso na execução do PBA –Programa
Básico Ambiental, nessa terra indígena. Nestes termos questionamos a atitude
arrogante do empreendedor, o consórcio CESTE, que sempre tem se negado ao dialogo com os povos indígenas
atingidos. E repudiamos o papel e a postura da FUNAI/BSB, que nesse processo
está representando os povos Apinajé, Krahô, Krikati e Gavião afetados pela UHE
de Estreito.
Na assembleia, foram tratados
também sobre as questões relacionados aos direitos e deveres dos cidadãos indígenas, o papel, as atribuições e
competências das Defensorias Públicas e do Ministério Publico Federal- MPF, na
garantia e defesa desses direitos.
Diante das denuncias e reclamações acima, manifestadas e encaminhadas
pelos caciques e lideranças Apinajé, durante a nossa 4ª Assembleia Geral e
Ordinária, da Associação União das Aldeias Apinajé -PEMPXÀ,
exigimos:
1) QUE o Polo
Base Indígena de Tocantinópolis- PBI, a Secretaria Especial de
Saúde Indígena- SESAI, o Distrito Sanitário Especial Indígena
do Tocantins- DSEI-TO e o Ministério da Saúde- MS,
adotem providências e medidas preventivas no sentido de melhorar o atendimento
às nossas comunidades, que ainda sofrem por
falta de médicos, remédios, transportes, comunicação, água tratada e
saneamento básico.
2) QUE a Fundação Nacional do Índio -FUNAI, o Ministério
Público Federal MPF-TO e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis -IBAMA, adotem medidas no sentido de
fazer os levantamentos e verificar a legalidade
das estradas pavimentadas, ferrovias, linhas de transmissão,
hidrelétricas e eucaliptos, já implantados dentro ou no entorno da área Apinajé;
QUE seja adotadas medidas judiciais no sentido da paralisação e embargos
definitivos dos desmatamentos, carvoarias e projetos de plantações de
eucaliptos que estão sendo implantados nas proximidades da terra indígena
Apinajé, no município de Tocantinópolis (TO).
3) QUE a Fundação Nacional do Índio -FUNAI/BSB,
por meio das Coordenações de Palmas (TO) e Tocantinópolis (TO), adotem medidas
no sentido da efetivação e cumprimento de nosso
Plano de Proteção e Fiscalização da Terra Apinajé; QUE seja feito pela FUNAI, o imediato
levantamento (ou cadastramento) de todos os não -índios (brancos) casados com
índias Apinajé.
4) QUE a
Fundação Nacional do Índio -FUNAI, a Associação Wyty Cäte e o
Conselho Gestor do PBA da UHE Estreito, realizem as reuniões
previstas para conclusão das etapas finais dos procedimentos necessários para o
inicio da implementação do PBA – Programa Básico Ambiental nesta
terra indígena.
5) QUE o Ministério
Público Federal MPF- TO e 6ª Câmara da PGR em Brasília, acompanhem e
fiscalizem, verificando o cumprimento das obrigações do Polo Base
Indígena de Tocantinópolis PBI, da Secretaria Especial de Saúde
Indígena- SESAI, do Distrito Sanitário Especial Indígena do
Tocantins DSEI -TO, com o atendimento e a atenção básica à saúde do
povo Apinajé, no Estado do Tocantins. QUE o Ministério Público
Federal MPF -TO e a 6ª Câmara da Procuradoria Geral da Republica -PGR,
acompanhem e fiscalizem o cumprimento, por parte da Fundação Nacional do
Índio -FUNAI/BSB, da Coordenação Regional
Araguaia/Tocantins FUNAI/CR de Palmas (TO) e da Coordenação
Técnica Local FUNAI/CTL de Tocantinópolis (TO), de suas obrigações constitucionais
de fiscalizar, proteger, zelar e garantir a terra indígena Apinajé.
Aldeia Palmeiras, TI. Apinajé, 02 de Março de 2013.
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