SUZANO, SEMA, AMBIENTALISTAS, ANA, RIO TOCANTINS E A SUSTENTABILIDADE DO CAPITAL
Quando do anúncio do
empreendimento da construção da fábrica de celulose em Imperatriz ao lermos o
EIA-RIMA no ponto que falava da capitação da água para suprir as necessidades
de produção da fábrica, onde tinha como principal fonte o riacho Cinzeiro,
observamos da inviabilidade do riacho servir de água à fábrica e que por trás
estava o interesse do uso hídrico do rio Tocantins, mascarado naquele momento
com a concessão pela Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão - SEMA. Tampouco o
EIA-RIMA contempla os estudos dos impactos diretos ao rio Tocantins, pois todo
ele foi direcionado aos seus afluentes.
A questão do abastecimento de água é crucial
para o empreendimento do tipo que a Suzano está implementando, vários outros
debates foram travados com relação a este assunto no Maranhão, um deles é o
texto publicado no blog Território Livres do Baixo Parnaíba: O LUGAR DASUSTENTABILIDADE NOS PROJETOS DA SUZANO PAPEL E CELULOSE e aqui mesmo em nosso
blog: SUZANO E AS
ÁGUAS DO MARANHÃO
O
caudaloso rio Tocantins já é superexplorado ao longo de seu curso,
principalmente para a geração de energia com várias usinas já instaladas e
outras planejadas como mostra o documentário “Rio Afogado”(vídeo abaixo),
poluição de esgoto sanitário das cidades ribeirinhas que são jogados diretamente
em seu leito assim como ocorrem em Imperatriz, uma das maiores, e mais
recentemente receberá os resíduos da produção da Indústria Suzano e outras
empresas químicas que também se instalarão na região.
Diante desses fatos vemos ONG’s e ambientalistas conhecidos sendo cooptados pelo empreendimento com financiamento de projetos de educação ambiental, reflorestamento e de “proteção” do rio Tocantins, desde que, a luta pela conservação desse tão importante rio não esbarre nos interesses da empresa em explorá-lo e usá-lo como canal de despejo dos resíduos da produção.
A construção da fábrica em si iniciou ainda em
2011 com a outorga pela SEMA para uso da água do riacho Cinzeiro e do lençol
freático de responsabilidade do Estado – coisa que não seria usado – e apenas
em 2012 as outorgas para lançamento (retorno da água utilizada na produção) e
capitação foram concedidas(veja cópia do documento clicando aqui). Certos de
que o IBAMA e sua Agência Nacional de Águas - ANA, responsável da outorga de
licenciamento para o uso de recursos hídricos de competência da União fosse
expedido, coisa que a empresa já tinha certeza que seria, pois se assim não
fosse, antes de qualquer anuncio teriam as concessões ambientais nas mãos.
Veja o que está selecionado no quadro de Lançamento e Capitação da água: “Concentração de DBO-Demanda Bioquímica de Oxigênio” é a medida de matéria orgânica que precisa ser oxidada por decomposição microbiana aeróbia para uma forma inorgânica estável, Essa decomposição se dá da retirada de oxigênio da água de um rio.
Ai você compara o DBO da água capitada com a da água lançada ou da “água”
é que fruto do processo de produção da indústria. Veja que esse líquido tem
baixo nível de DBO para decompor a matéria orgânicos – sem contar os químicos –
contidos nos resíduos da produção da Suzano.
veja os níveis de DBO, segundo a Cetesb/SP:
“Os maiores aumentos em termos de DBO, num corpo d’água,
são provocados por despejos de origem predominantemente orgânica. A presença de
um alto teor de matéria orgânica pode induzir ao completo esgotamento do
oxigênio na água, provocando o desaparecimento de peixes e outras formas de
vida aquática.
Um
elevado valor da DBO pode indicar um incremento da microflora presente e interferir no equilíbrio da vida aquática, além de
produzir sabores e odores desagradáveis e, ainda, pode obstruir os filtros de
areia utilizados nas estações de tratamento de água”
O rio Tocantins faz
parte de um plano de exploração bem maior, outras obras que terão um grande
impacto como os projetos que possibilitarão sua trafegabilidade, possibilitando
alternativa de escoamento de produção em toda sua bacia Tocantins-Araguaia,
dando totais condições ao “desenvolvimento” dessa região que tem grande
potencial econômico ainda de madeira, pois está próxima a reservas indígenas
quem passam a cada dia estarem ilhadas ao avanço dos grandes empreendimentos
rumo à Amazônia.
A propaganda de um “desenvolvimento
sustentável” fica cada vez mais evidente que não pode se concretizar dentro do
meio de produção capitalista, a sustentabilidade buscada pelos governos
neoliberal que governam o país até hoje procura garantir a todo custo a visão
de um país como um campo de grande potencialidades de exploração dos seus
recursos naturais, assim, garantindo a sustentabilidade dos lucros do capital
estrangeiro e da pequena elite brasileira. Esse movimento é inevitável,
necessário e primordial para os governos que representam os interesses do
capital, pois os resultados imediatos são um aumento da atividade econômica e
por conseguinte de vagas de trabalho, mas com consequências devastadoras para
o meio ambiente e para as populações que serão expulsas para as cidades já sem
infraestrutura básica.
Wilson Leite
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