terça-feira, 2 de abril de 2013

Fábrica da Suzano recebe outorga de água da ANA sem estudo de impacto ambiental adequado

SUZANO, SEMA, AMBIENTALISTAS, ANA, RIO TOCANTINS E A SUSTENTABILIDADE DO CAPITAL

Quando do anúncio do empreendimento da construção da fábrica de celulose em Imperatriz ao lermos o EIA-RIMA no ponto que falava da capitação da água para suprir as necessidades de produção da fábrica, onde tinha como principal fonte o riacho Cinzeiro, observamos da inviabilidade do riacho servir de água à fábrica e que por trás estava o interesse do uso hídrico do rio Tocantins, mascarado naquele momento com a concessão pela Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão - SEMA. Tampouco o EIA-RIMA contempla os estudos dos impactos diretos ao rio Tocantins, pois todo ele foi direcionado aos seus afluentes.


A questão do abastecimento de água é crucial para o empreendimento do tipo que a Suzano está implementando, vários outros debates foram travados com relação a este assunto no Maranhão, um deles é o texto publicado no blog Território Livres do Baixo Parnaíba: O LUGAR DASUSTENTABILIDADE NOS PROJETOS DA SUZANO PAPEL E CELULOSE e  aqui mesmo em nosso blog: SUZANO E AS ÁGUAS DO MARANHÃO 



O caudaloso rio Tocantins já é superexplorado ao longo de seu curso, principalmente para a geração de energia com várias usinas já instaladas e outras planejadas como mostra o documentário “Rio Afogado”(vídeo abaixo), poluição de esgoto sanitário das cidades ribeirinhas que são jogados diretamente em seu leito assim como ocorrem em Imperatriz, uma das maiores, e mais recentemente receberá os resíduos da produção da Indústria Suzano e outras empresas químicas que também se instalarão na região.
Vídeo retirado do youtube

Diante desses fatos vemos ONG’s e ambientalistas conhecidos sendo cooptados pelo empreendimento com financiamento de projetos de educação ambiental, reflorestamento e de “proteção” do rio Tocantins, desde que, a luta pela conservação desse tão importante rio não esbarre nos interesses da empresa em explorá-lo e usá-lo como canal de despejo dos resíduos da produção.



A construção da fábrica em si iniciou ainda em 2011 com a outorga pela SEMA para uso da água do riacho Cinzeiro e do lençol freático de responsabilidade do Estado – coisa que não seria usado – e apenas em 2012 as outorgas para lançamento (retorno da água utilizada na produção) e capitação foram concedidas(veja cópia do documento clicando aqui). Certos de que o IBAMA e sua Agência Nacional de Águas - ANA, responsável da outorga de licenciamento para o uso de recursos hídricos de competência da União fosse expedido, coisa que a empresa já tinha certeza que seria, pois se assim não fosse, antes de qualquer anuncio teriam as concessões ambientais nas mãos.

Veja o que está selecionado no quadro de Lançamento e Capitação da água: “Concentração de DBO-Demanda Bioquímica de Oxigênio”  é a medida de matéria orgânica que precisa ser oxidada por decomposição microbiana aeróbia para uma forma inorgânica estável, Essa decomposição se dá da retirada de oxigênio da água de um rio.

Ai você compara o DBO da água capitada com a da água lançada ou da “água” é que fruto do processo de produção da indústria. Veja que esse líquido tem baixo nível de DBO para decompor a matéria orgânicos – sem contar os químicos – contidos nos resíduos da produção da Suzano.
veja os níveis de DBO, segundo a Cetesb/SP:
“Os maiores aumentos em termos de DBO, num corpo d’água, são provocados por despejos de origem predominantemente orgânica. A presença de um alto teor de matéria orgânica pode induzir ao completo esgotamento do oxigênio na água, provocando o desaparecimento de peixes e outras formas de vida aquática.

Um elevado valor da DBO pode indicar um incremento da microflora presente e interferir no equilíbrio da vida aquática, além de produzir sabores e odores desagradáveis e, ainda, pode obstruir os filtros de areia utilizados nas estações de tratamento de água”
O rio Tocantins faz parte de um plano de exploração bem maior, outras obras que terão um grande impacto como os projetos que possibilitarão sua trafegabilidade, possibilitando alternativa de escoamento de produção em toda sua bacia Tocantins-Araguaia, dando totais condições ao “desenvolvimento” dessa região que tem grande potencial econômico ainda de madeira, pois está próxima a reservas indígenas quem passam a cada dia estarem ilhadas ao avanço dos grandes empreendimentos rumo à Amazônia.

A propaganda de um “desenvolvimento sustentável” fica cada vez mais evidente que não pode se concretizar dentro do meio de produção capitalista, a sustentabilidade buscada pelos governos neoliberal que governam o país até hoje procura garantir a todo custo a visão de um país como um campo de grande potencialidades de exploração dos seus recursos naturais, assim, garantindo a sustentabilidade dos lucros do capital estrangeiro e da pequena elite brasileira. Esse movimento é inevitável, necessário e primordial para os governos que representam os interesses do capital, pois os resultados imediatos são um aumento da atividade econômica e por conseguinte de vagas de trabalho, mas com consequências devastadoras para o meio ambiente e para as populações que serão expulsas para as cidades já sem infraestrutura básica.
Wilson Leite

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