O
agricultor, Manoel Luz da Silva, de 52 anos (foto ao lado), é um homem
hoje traumatizado, temeroso e indignado com tudo que passou a sofrer nos
últimos dois meses.
Curió, como é chamado, vivia tranquilo
há 27 anos no povoado Brejo Seco (região do Roncador). No local,
nasceram 7 de seus 9 filhos e todos foram criados na localidade. Carrega
consigo a prova de seu primeiro pagamento pelo uso da terra datado de
1985 (parte que o lavrador paga ao proprietário por cultivar sua terra).
“Quem deu permissão para eu morar na
terra, naquela e época foi um senhor chamado Raimundo Nonato Silva (já
falecido)”, lembrou o lavrador
PLANTOU DE TUDO
Cuidou de valorizar o terreno e tirar
dele o sustento. Era um cantinho esquecido onde vivia em paz com seus
entes, não há energia elétrica e a estrada vicinal trafegável para
carros, por exemplo, só chegou há dois meses levada pela prefeitura. Foi
quando começaram todos os seus problemas porque, até então, o local não
despertava interesse em ninguém.
O atual proprietário, um grande político
de Codó, segundo seu Curió, cujo nome preservaremos aqui porque não
ainda obtivemos prova documental de que a terra lhe pertença, colocou um
de seus capangas e mais 11 homens para forçar-lhe a abandonar a terra
sem que nada lhe fosse indenizado, na base do terror pelo que contou
quase aos prantos ao blogdoacelio.
A PERSEGUIÇÃO
São quatro edificações na área. Dois
galpões e duas casas. A primeira coisa que os jagunços fizeram foi
derrubar a parede de uma delas usando uma caçamba. Sobre este fato
existe um Boletim de Ocorrência registrado na 4ª Delegacia Regional de Codó no dia 04/ de abril/2013 SOB O NÚMERO 794/2013.
Uma audiência foi marcada para 8 dias
depois, como o proprietário não compareceu a Polícia Civil não fez a
menor questão pelo caso e abandonou o lavrador.
Ainda mais irritados com a denúncia na
delegacia, dias depois os jagunços voltaram a agir. Desta vez derrubaram
todo um galpão que a família de seu Curió, que é evangélica, usava para
recepcionar os irmãos na fé e amigos.
TERROR PSICOLÓGICO
Debaixo de um terror psicológico
constante, enquanto tentava resistir não saindo da terra, o lavrador
passou por momentos humilhantes. Em um deles, colocava lenha num
caminhão para vender na cidade quando os capangas chegaram e ordenaram
que ele jogasse tudo no chão novamente, pois ali, diziam os sujeitos
armados, nada lhe pertencia, e assim foi feito.
Noutra situação, encontrando material
(estacas) perto da casa o chefe dos jagunços distribuiu armas de fogo
aos demais que passaram a aponta-las para a casa de morada onde estavam
a esposa do lavrador e as crianças. Enquanto recolhiam o que não lhes
pertencia, os capangas diziam “ SAI CURIÓ, QUE EU QUERO DE DEPENAR”. Neste dia, felizmente, ele não estava em casa.
TUDO DESTRUÍDO
Hoje ele não tem nada. Os homens atearam
fogo numa das casas, derrubaram todas as outras e ainda estão
destruindo tudo que ele plantou na área. Na menos que, catalogados com
muito carinho pelo agricultor:
- Mais 100 pés de Bacurí
- 100 pés de manga
- 500 pés de abacaxi
- Cerca de 5 mil pés de caju
Temendo pela própria vida, o lavrador
pediu um caminhão na cidade e foi buscar o que restou, pouca coisa
porque os jagunços quebraram cadeiras e até tocaram fogo numa bicicleta,
por pura crueldade.
Há 12 dias (completados nesta
quinta-feira, 25) seu Curió, que suspeita que foi expulso de forma
violenta para que o proprietário venda a terra para plantadores de
eucalipto, está vivendo de favores na casa de um parente na rua
Francisco Bernardino, bairro Santa Teresinha. O blog quis saber que
perspectiva de vida ele tem já que o forçaram, violentamente, a deixar
as terras em que vivia há 27 anos e tudo que lá produziu.
Com lágrimas nos olhos, seu Curió foi bem sucinto. “Não sei, mestre, não sei o que eu vou fazer da minha vida não”, respondeu
blog do acelio
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