quinta-feira, 25 de abril de 2013

BREJO SECO – Família de lavrador é expulsa por jagunços na base da violência e do terror

Brejo Seco CurióO agricultor, Manoel Luz da Silva, de 52 anos (foto ao lado), é um homem hoje traumatizado, temeroso e indignado com tudo que passou a sofrer nos últimos dois meses.
Curió, como é chamado, vivia tranquilo há 27 anos no povoado Brejo Seco (região do Roncador). No local, nasceram 7 de seus 9 filhos e todos foram criados na localidade. Carrega consigo a prova de seu primeiro pagamento pelo uso da terra datado de 1985 (parte que o lavrador paga ao proprietário por cultivar sua terra).
“Quem deu permissão para eu morar na terra, naquela e época foi um senhor chamado Raimundo Nonato Silva (já falecido)”, lembrou o lavrador
PLANTOU DE TUDO
Cuidou de  valorizar o terreno e tirar dele o sustento. Era um cantinho esquecido onde vivia em paz com seus entes, não há energia elétrica e a  estrada vicinal trafegável para carros, por exemplo, só chegou há dois meses levada pela prefeitura. Foi quando começaram todos os seus problemas porque, até então, o local não despertava interesse em ninguém.
Fogo em casas, galpões destruídos, cadeiras quebradas
Fogo em casas, galpões destruídos, cadeiras quebradas
O atual proprietário, um grande político de Codó, segundo seu Curió, cujo nome preservaremos aqui porque não ainda obtivemos prova documental de que a terra lhe pertença, colocou um de seus capangas e mais 11 homens para forçar-lhe a abandonar a terra sem que nada lhe fosse indenizado, na base do terror pelo que contou quase aos prantos ao blogdoacelio.
A PERSEGUIÇÃO
São quatro edificações na área. Dois galpões e duas casas. A primeira coisa que os jagunços fizeram foi derrubar a parede de uma delas usando uma caçamba. Sobre este fato existe um Boletim de Ocorrência registrado na 4ª Delegacia Regional de Codó no dia 04/ de abril/2013 SOB O NÚMERO 794/2013.
Plantação destruída
Plantação destruída
Uma audiência foi marcada para 8 dias depois, como o proprietário não compareceu a Polícia Civil não fez a menor questão pelo caso e abandonou o lavrador.
Ainda mais irritados com a denúncia na delegacia, dias depois os jagunços voltaram a agir. Desta vez derrubaram todo um galpão que a família de seu Curió, que é evangélica, usava para recepcionar os irmãos na fé e amigos.
TERROR PSICOLÓGICO
Debaixo de um terror psicológico constante, enquanto tentava resistir não saindo da terra, o lavrador passou por momentos humilhantes. Em um deles, colocava lenha num caminhão para vender na cidade quando os capangas chegaram e ordenaram que ele jogasse tudo no chão novamente, pois ali, diziam os sujeitos armados, nada lhe pertencia, e assim foi feito.
Abacaxis morrendo/bicicleta queimada
Abacaxis morrendo/bicicleta queimada
Noutra situação, encontrando material (estacas) perto da casa o chefe dos jagunços distribuiu armas de fogo aos demais que passaram a aponta-las para a casa de morada  onde estavam a esposa do lavrador e as crianças. Enquanto recolhiam o que não lhes pertencia, os capangas diziam “ SAI CURIÓ, QUE EU QUERO DE DEPENAR”. Neste dia, felizmente, ele não estava em casa.
TUDO DESTRUÍDO
Hoje ele não tem nada. Os homens atearam fogo numa das casas, derrubaram todas as outras e ainda estão destruindo tudo que ele plantou na área. Na menos que, catalogados com muito carinho pelo agricultor:
  • Mais 100 pés de Bacurí
  • 100 pés de manga
  • 500 pés de abacaxi
  • Cerca de 5 mil pés de caju
Temendo pela própria vida, o lavrador pediu um caminhão na cidade e foi buscar o que restou, pouca coisa porque os jagunços quebraram cadeiras e até tocaram fogo numa bicicleta, por pura crueldade.
Há 12 dias (completados nesta quinta-feira, 25) seu Curió, que suspeita que foi expulso de forma violenta para que o proprietário venda a terra para plantadores de eucalipto,  está vivendo de favores na casa de um parente na rua Francisco Bernardino, bairro Santa Teresinha. O blog quis saber que perspectiva de vida ele tem já que o forçaram, violentamente, a deixar as terras em que vivia há 27 anos e tudo que lá produziu.
Com lágrimas nos olhos, seu Curió foi bem sucinto. “Não sei, mestre, não sei o que eu vou fazer da minha vida não”, respondeu
blog do acelio

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