Brasil - Laranja, maracujá e abacaxi estão entre as frutas mais populares para o preparo de sucos, no Brasil e no mundo.
Estima-se que, hoje, os sucos naturais
mais consumidos se resumam a uma seleta lista de dez tipos – opções que
se mantêm há décadas.
Na tentativa de ampliar o leque de
ofertas e valorizar matérias-primas nacionais, a Embrapa iniciou um
projeto para desenvolver sucos e néctares usando frutas nativas do
Brasil, como bacuri, mangaba e cajá. Destas, a que saiu na frente foi o
bacuri. “A questão é que a polpa desse fruto não produz um suco pronto
para beber.
O resultado do processamento é um
material denso”, afirma Gustavo Adolfo Saavedra Pinto, pesquisador da
Embrapa Agroindústria Tropical, que lidera o estudo. A solução foi
encontrada com a adição de enzimas que quebram a estrutura das fibras da
fruta, permitindo que a polpa ganhe fluidez.
A pesquisa, que teve início seis anos
atrás, já passou por adaptações. “Começamos com 10 mil ppm [partes por
milhão] de enzimas, algo economicamente inviável. Hoje, acertamos tempo e
temperatura e trabalhamos com 800 ppm, o que já viabiliza o produto”,
conta Pinto. Testes sensoriais já foram realizados e pequenos ajustes
estão em curso. Estão dominados, inclusive, o tratamento térmico e o
envase.
Há um pedido de patente para o suco de
bacuri – e o processo deverá funcionar com outros frutos que tenham o
mesmo tipo de polpa, como cupuaçu, cacau e jaca. Banana e abóbora também
são possibilidades futuras. “Já existe a polpa congelada desses
produtos, mas queremos oferecer o suco pronto para beber, praticidade
que tem grande apelo entre os consumidores”, explica o pesquisador da
Embrapa.
Segundo ele, serão necessários dois anos
para levar os sucos ao mercado. Como as matérias-primas vêm do
extrativismo, inicialmente pode haver limitação de escala. “Mas o
objetivo é deixar a tecnologia pronta, pois a Embrapa vem trabalhando
com esses cultivos e é preciso ter soluções para dar destinação a eles
assim que a oferta crescer”, diz.
O linalol é um óleo essencial com cheiro
doce e que compõe a fragrância do famoso perfume Chanel No 5. Ele
costuma ser extraído do pau-rosa, árvore amazônica ameaçada de extinção,
está presente no manjericão e na sacaca, planta com funções medicinal e
aromática. No entanto, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC)
conseguiu retirar essa substância de outra fonte.
A Lippia alba, chamada de
chá-de-tabuleiro e alecrim-do-campo, tem condições de atender à
indústria de perfumes, segundo o instituto. Há sete anos, os
pesquisadores trabalham com o melhoramento genético dessa planta nativa
da América do Sul, de natureza rústica, pouco suscetível a pragas e de
fácil propagação.
Eles desenvolveram 40 clones dela por
meio de recombinações genéticas e potencializaram a produção de linalol.
É possível extrair 15 litros de óleo, por hectare, em quatro colheitas
anuais. O IAC pretende lançar a variedade de escala comercial no prazo
de quatro anos.
Fonte: Embrapa
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