quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Mata Amazônica Atlântica, floresta rara no litoral do Pará, sofre ameaça de devastação


Mata Amazônica Atlântica. Foto Instituto Peabiru
Mata Amazônica Atlântica. Foto Instituto Peabiru

Matas ainda guardam vegetação remanescente que formou parte da cobertura vegetal do nordeste do Pará há mais de 500 anos
Uma rara floresta em elevado estado de conservação, localizado no município de Curuçá, no Pará, está sofrendo risco de degradação pela caça indiscriminada e extração de madeira ilegal. A mata de 150 hectares, localizada na ilha de Ipomonga, em área muito próxima ao Oceano, pode ser um dos últimos remanescentes das florestas de terra firme da Amazônia, que antes formavam toda a cobertura vegetal do litoral paraense, hoje com vegetação secundária predominante.
Denominada também de Mata Amazônica Atlântica, a floresta chama atenção dos pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, que fizeram um diagnóstico da área e identificaram 115 espécies, entre elas a castanheira (Bertholetia excelsa) e a araracanga (Aspidosperma desmanthum), que constam na lista de árvores ameaçadas da Secretaria Estadual de Meio Ambiental do Pará (Sema).
De acordo com as pesquisas, a cobertura florestal possui dossel de até 20 metros, com árvores que chegam aos 30 metros de altura. “Esta floresta representa um patrimônio biológico vegetal, um raro testemunho, ainda vivo, de uma flora rica e diversificada que habitava esta região”, destaca o pesquisador e ecólogo Dário Amaral, que coordenou as expedições à ilha.
As pesquisas fazem parte do Projeto Casa da Virada, desenvolvido pelo Instituto Peabiru. O projeto venceu o edital público do Programa Petrobras Ambiental, da Petrobras. “Os resultados apontam para uma floresta de diversidade vegetal elevada, em alto estágio de conservação que precisa de proteção ambiental”, completa Amaral. Ele aponta como uma das alternativas de conservação, a inclusão da área no território da Reserva Extrativista Mãe Grande Curuçá. “Apesar de está localizada na mesma região, não faz parte da Resex”, destaca.
Bacurizeiros – Além de se destacar por ser uma densa mata primária de terra firme amazônica, a floresta da Ilha de Ipomonga guarda uma extensa população de bacurizeiros, sapucaias e goiabeiras, responsáveis pelas grandes quantidades de folhas depositadas no solo da região, o que a aproxima das matas atlânticas. “A eliminação de folhas é uma característica de defesa das plantas para evitar o estresse pela perda de água em períodos secos. Na região de estudo existe um período seco bem distinto, de cinco meses que causa um déficit hídrico”, explica Amaral.
Colaboração de Su Carvalho, do Instituto Peabiru, para o EcoDebate, 24/01/2013

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