O plantio de
eucalipto da “Empresa Suzano Papel e Celulose” é um dos maiores problemas no
que diz respeito ao impacto ambiental no Município de Urbano Santos e outras
regiões do Baixo Parnaíba Maranhense. Um projeto de agro-negócio sem nenhum
retorno aos trabalhadores e trabalhadoras rurais, verdadeiros donos culturais
que desde tempos bem remotos vem sobrevivendo dos recursos naturais que a
terra, as águas e o cerrado oferecem para as suas sobrevivências. A economia
familiar e o desenvolvimento sustentável rural são propostas que há tempos os
camponeses vem clamando em vários encontros de comunidades, seminários e congressos
de trabalhadores rurais nesta região. Quem de fato conhece a história destes
municípios afetados pelo impacto do eucalipto e a soja, sabe da luta renhida
que sempre vai ser travada enquanto houver eucalipto e outras monoculturas beneficiadoras
de grupos que se quer sabem da verdadeira luta dos povos desta região rica em
matérias primas e invadida por grupos empresários de interesses próprios. Nesse
sentido o que se ver agora é o desrespeitos aos direitos humanos e da vida... ribeirinhos,
caboclos, quilombolas e todas as comunidades tradicionais já foram vítimas de
algum desacato, seja ele moral, pessoal ou psicológico, onde vale a pena citar
os casos dos Povoados: Bracinho e São Raimundo,
em que essas comunidades cientes de seus direitos, mantiveram então a resistência
contra esse impacto, que vem causando e, causaria ainda mais mudanças no meio
ambiente, ,contrariando um todo processo dos seus ancestrais, repercutindo no
modo de vida das futuras gerações destes povoados. Um exemplo a ser seguido.
Quem já viajou
passando pelos povoados de Baixa do Cocal, Santana e Ingá... sentido Estiva da
Mangabeira e Boa União, se depara principalmente no Povoado Ingá com infinitos
campos de eucaliptos e alguns pezinhos de bacuris no meio desses campos.
Percebemos então que a empresa deixa alguns poucos pés para dá a impressão de
que estão fazendo algo para preservar. Na verdade isso não passa de uma farça,
pois o EA RIMA “Estudo de Impacto Ambiental” nunca funcionou na prática, as
chamadas áreas de reservas ecológicas também é só no papel. Pois coisas piores
acontecem com a natureza... com as árvores do cerrado e das chapadas dessa
região. Os correntões por exemplo quando passam não
deixam nada, levam tudo até animais que indefesos procuram abrigo e não acham. Os
campos de eucaliptos na Baixa do Cocal Santana e Ingá parecem mais com um mar
verde, um verdadeiro atraso para a economia familiar, pois além da empresa
devastar a floresta... o cerrado e as chapadas que não faz mal a ninguém... ela
causa mais um novo fenômeno chamado de “êxodo
animal”- onde os animais silvestres como cotia, veado, tatu, peba,
preguiças e muitos outros típicos desta região, esses animais sem ter para onde
ir são obrigados a fugir de seu habitat natural a procura de outros lugares mais calmo, sendo vítimas até
mesmo de acidentes nos caminhos que ligam estes povoados. Mas não basta citar
apenas isso, pois ainda aplicam produtos tóxicos maltratando direto e
indiretamente não apenas os animais importantes para o equilíbrio da natureza,
mas também as pessoas que por ali moram. O veneno polui o meio ambiente
indefeso, mata e destrói a natureza. As comunidades tradicionais ainda passam
por situações de desacato aos direitos patrimoniais onde pode-se exemplificar a
questão dos cemitérios cercados por grandes campos de eucaliptos, pois a maioria dos cemitérios desta região são
localizados nas chapadas e, sem nenhum grau de respeitos aos ancestrais e ao
modo cultural da comunidade, o projeto empresarial e os grupos dos chamados
gaúchos passam arame em suas áreas demarcando tudo inclusive adentrando nos
centenários cemitérios das comunidades e nascentes de rios e riachos.
O Baixo
Parnaíba – localizado na Região do Leste Maranhense, remonta uma história rica
em acontecimentos envolvendo as relações sociais, culturais e de consumo do
povo que nela habita. Era no inicio de tudo habitada pelos Índios Tremebés.
Depois de muito tempo veio a migração de cearenses, piauienses e povos de
outros estados do Nordeste brasileiro. Formando então nesse espaço geográfico
as suas famílias e desenvolvendo seu próprio modo de vida baseando-se
principalmente no manejo da agricultura familiar. Vale ressaltar de que o Baixo
Parnaíba já recebeu durante toda sua trajetória das resistências e conflitos
agrários, muitos grupos de pesquisadores, remontando então uma narrativa pouca
conhecida dos principais acontecimentos políticos no campo, uma página
importante da história do Brasil. Uma região totalmente agrária, rica em
matérias primas, tanto no cerrado, quanto nos brejais e alagados. Esse espaço
composto por vinte e um municípios incluindo Urbano Santos a partir do final
dos anos setenta foi cobiçado por grupos empresários vindos do sul e sudeste do
país. A Suzano Papel e Celulose, antiga Empresa Florestal chegou na região por
volta do inicio dos anos oitenta com o propósito de comprar terras e plantar
eucalipto em larga escala. De lá pra cá muitos problemas tem se arrastado entre
esta empresa e o movimento social defensor dos direitos humanos e da vida.
Junto a ela veio as empresas terceirizadas que no inicio dos anos noventa
implantaram fornos de carvão vegetal, uma delas chamada “Maflora” foi a
responsável nesse período por grandes devastações das chapadas e pela
contratação dos trabalhadores assalariados rurais para a realização do serviço,
parecido com o trabalho escravo, esses trabalhadores sem perspectivas de vida,
eram obrigados a trabalhar de sol a sol para manter o sustento de suas famílias.
Pois esses camponeses quase sempre moradores nas localidades de implantação dos
fornos eram quem faziam todo serviço braçal sem nenhum equipamento de proteção
evitando perigos de acidentes no trabalho. Um fato muitíssimo importante de
levante em defesa do meio ambiente encabeçado pelo movimento social das CEBs
(Comunidades Eclesiais de Base) da
Igreja Católica, foi o do Povoado Juçaral, onde a comunidade se
sentindo ameaçada foi para cima tentando barrar a produção de carvão vegetal e
a derrubada das chapadas onde a própria comunidade tirava seu sustendo no
extrativismo do BACURI e PEQUI, essa ação ousada nos Povoados “Juçaral e Todos
os Santos” talvez tenha sido a porta protagonista de entrada do Movimento
Social em se importar com aquilo que de fato é errado. Isso foi apenas um dos
vários casos de atrito entre a empresa e o movimento social que de certo
inspirou outras comunidades a provarem dessa experiencia.
Como já tinha
sido mencionado anteriormente, esta região já recebeu muitos pesquisadores
procurando saber o processo histórico e das relações sociais e sócio-econômicas
diante do projeto “Campesinato e Crise Ecológica” – tratando então da luta dos
camponeses em defesa dos seus direitos de posse da terra e o acelerado avanço
do eucalipto e da soja, significando na verdade uma grave ameaça às famílias
tradicionais destes lugarejos que usam a terra e os produtos naturais para
sobreviverem. Pois o resumo de todo um projeto lucrativo desta empresa chaga-se a um denominador comum que se resume
na derrubada dos bacurizeiros, cercamento de amplas áreas do cerrado e ainda na
extinção e desaparecimentos de nascentes e espécies animais e vegetais e sobretudo
a supressão dos recursos hídricos da região, onde vale a pena exemplificar o “DESAPARECIMENTO DO RIO CHIBÉU no Povoado
Todos os Santos”, causado pelo
avanço direto da plantação de eucalipto em suas margens e nascente... contatou
a ciência. Os problemas não estão apenas nesses povoados citados, mas em grande
parte onde a empresa opera com seus maquinários e violência, assim criando uma
situação de vulnerabilidade desses órgãos familiares e patriarcal, já que
diretamente as atinge em seu seio de organização social e econômica a respeito
de uma toda história feliz quando viviam em plena liberdade, caçando,
plantando, pescando e colhendo os pequis e bacuris nas chapadas, sem falar nas
tantas circunstancias de medo e pressão psicológica da violência simbólica a
que os nossos camponeses são submetidos, tudo isso fruto de uma ação
devastadora e de interesses próprios. Prejudicando e atrasando sobretudo as
ações das associações de moradores destes povoados que há tempos lutam pelas
titulações, desapropriações e regularizações de suas terras.
O impacto
ambiental é um quadro de vertentes sem retorno ao tão sonhado DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL RURAL E SOLIDÁRIO, lembrado sempre nos vários acontecimentos de
estudos organizados pelos nossos TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS e as
entidades de defesa dos direitos humanos. Pois a classe dos camponeses ainda
tem muito que conquistar... os índices apontam que 80% dos recursos federais
anualmente são destinados ao agro-negócio e a monocultura no país, onde apenas
16% são dirigidos à agricultura familiar, sendo que os estudos de pesquisa
justificam com provas de que é a agricultura familiar quem assegura o mercado
nacional de alimentos. Tudo isso nos faz refletir que em meio a globalização e
toda essa política de economia verde ainda tem pessoas que defende os setores
que agride a Mãe Natureza.
Viva a luta e a organização dos
camponeses do Baixo Parnaíba Maranhense na defesa engajada do meio ambiente, em
especial ao Movimento Social Campesino e a Caravana dos Direitos Humanos do
Município de Urbano Santos-MA.
VIVA
A RESISTENCIA DOS BACURIS DE NOSSAS CHAPADAS!
José Antonio
Basto
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