Nós,
moradores de Vila Maranhão, Maracanã e adjacências, bairros de São Luís guardiões
de patrimônio material e imaterial fundamental para a manutenção da memória da
cidade, vimos através desta carta denunciar a violação do nosso direito de ir e
vir e a acentuação de riscos à nossa integridade física devido ao prolongamento
do túnel de acesso aos bairros referidos. O prolongamento desse túnel faz parte
da obra de duplicação da Estrada de Ferro Carajás, preste a ser realizada pela
mineradora VALE que, sem consultar as comunidades afetadas, pretende prolongar
em vez de ampliar o túnel existente, que já nos causa tantos problemas.
O
túnel é a única via de acesso entre as comunidades Maracanã, Vila Maranhão e
adjacências, imprescindível para grande número de pessoas acessarem seus locais
de trabalho e estudo, inclusive empregados terceirizados da própria empresa.
Por
ser um túnel extremamente estreito, só permite a passagem de um carro por vez,
o que deixa vulnerável a violências físicas os motoristas que precisam reduzir
a velocidade para passar e, no horário de pico, provoca engarrafamentos com
longas esperas. Problemas que se acentuarão com o aumento de 30.000 pessoas que
habitarão condomínios do Programa “Minha Casa, Minha Vida”, em construção no
Maracanã, Gapara e Vila Maranhão e com os alojamentos dos terceirizados da
VALE.
O
tamanho atual do túnel em largura e comprimento e a falta de iluminação nos
deixam vulneráveis. Assaltos e até homicídios já ocorreram naquele espaço. Com
receio de serem atacados, os moradores da comunidade Jacu só atravessam o túnel
em grupo.
A
trepidação provocada pelos trens causa rachadura nas casas mais próximas à
ferrovia e a buzina do trem, a todo o momento, tira-nos a paz.
Com
o início das obras de terraplenagem ao longo da ferrovia, temos sofrido com a
poeira, que tem causado problemas respiratórios em alguns moradores. As áreas
de preservação ambiental foram desmatadas e nossos poços estão secando.
Na
comunidade Sitinho, além de sofrerem com a poeira, os moradores têm suas casas
afetadas por piçarras que caem das caçambas carregadas de materiais que a toda
hora transitam por nossas estradas para o canteiro de obra da empresa,
deixando-as mais danificadas.
Solicitamos
a VALE a garantia do nosso direito de ir e vir em segurança através da
ampliação do túnel ou construção de um viaduto. Ela alegou não poder fazer por
questões técnicas. Para duplicar a ferrovia a empresa faz uso da engenharia
mais avançada, porém não dispõe da mesma quando se trata de garantir o bem
estar, a segurança e os direitos das comunidades que afeta!
São
Luís, 17 de janeiro de 2013.
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