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TJ reconhece posse de agricultores familiares em Araioses, Baixo Parnaiba maranhense
O senhor Raimundo, presidente da
Associação da Vila Kaun, município de Araioses, mantem uma pequena criação de
galinha caipira em seu terreno. Ele a confina em duas pequenas estruturas de
madeira. A criação e as duas estruturas contrastam com a Chapada da “Gleba Magu”,
que fica nos municípios de Araioses e São Bernardo. Alguém menos sensível
ridicularizaria as pretensões do senhor Raimundo em criar galinha caipira de
forma tão precária e tão minúscula. Além de pequena em números, a criação se
mostrava pequena pelas estruturas que o senhor Raimundo erguera. Por essa linha
de raciocínio, não faria sentido que uma família ou um pequeno numero de famílias
se apossasse de uma grande extensão de Chapada como fez a família do seu
Raimundo e como fizeram outras famílias na Vila Kauan. Faria mais sentido o
plantio de uma monocultura como eucalipto. A Margusa, empresa de ferro-gusa e proprietária
do terreno, pretende desmatar a Chapada e plantar eucalipto que alimentarão os
fornos de sua fábrica em Bacabeira. Concebe-se o terreno em quase três mil
hectares. A empresa nunca apresentou documentos que comprovassem que a “Gleba
Magu”, realmente, pertence-lhe. Os únicos documentos a que o senhor Raimundo teve
acesso foram aqueles que tinham alguma relação com a liminar de reintegração de
posse dada pelo juiz André Bezerra à Margusa em 2012. A decisão da justiça atingiu diretamente o
senhor Raimundo e os demais moradores da Vila Cauan e de maneira indireta as
comunidades de Baixão da Subida, Baixão da Porteira e Faveira. Essas
comunidades vivem no Baixão por onde passam as águas que vem da lagoa da
Mamorana. Dá para gastar horas só especulando o porquê de Baixão da Subida. Os
funcionários da Margusa ameaçaram de derrubar a casa do senhor Raimundo com um trator
caso ele continuasse com seus planos de investir na Chapada. Com uma ameaça
dessas, não dá para esperar que o senhor Raimundo ou qualquer outro morador
pense em aumentar seu capital ou aumentar sua produção. Os pequenos galinheiros
que o senhor Raimundo construiu demonstram que ele não se resignou as ameaças
dos funcionários da Margusa. A sua pequena persistência foi de fundamental importância
para que o Tribunal de Justiça do Maranhão derrubasse a liminar da Margusa em
fevereiro de 2014. Os desembargadores reconheceram que a posse que a Margusa exercia
sobre a “Gleba Magu” não poderia se sobrepor a posse que o senhor Raimundo e os
demais moradores exerciam na forma da criação de galinha caipira.
mayron régis
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