Representantes de mais
de 20 comunidades tradicionais da região dos Cocais estiveram reunidos
em Codó durante toda esta semana discutindo problemas que os afetam todo
dia. Parte significante delas reclamou de conflitos agrários violentos,
que nem sempre são entre fazendeiros e posseiros.
Em Abundância, zona rural de Timbiras,
de onde é dona Lucimar Santos Nunes Caldas, um agricultor foi morto este
ano e seis famílias tiveram que ir embora pra cidade por causa de uma
rixa entre lavradores.
“Passando fome nós temos medo de ir lá,
nosso arroz tá lá, as nossas galinhas tão lá, nossas roças ficaram pra
capinar, a única verdurinha que nós tinha tão ficando por lá e nós aqui
passando necessidade porque nós tem medo de ir lá (…) é um lavrador que
está fazendo tudo isso”, revelou temerosa
DIFICULDADES EM CODÓ
No município de Codó as dificuldades são
diversas. Em Buriti-Corrente, contou o presidente Antonio Borges, há
mais de um ano mais de 100 famílias aguardam decisão da Justiça sobre a
posse da terra e todas encontram-se prejudicadas.
“Nós
não podemos acessar nenhum dos projetos dos programas do governo porque
nós não temos a terra, precisamos da terra pra poder receber esses
projetos…QUANTAS FAMÍLIAS SÃO LÁ? Nós somos 152 famílias”, respondeu
Em muitos povoados, lavradores denunciam
que vivem debaixo de ameaça constante. Onde dona Maria Romana mora, em
Queimadas, nem a capelinha para o exercício da religião católica os
lavradores puderam levantar
“é muito difícil, eles impediram
que eu fizesse uma capelinha simples porque eles não querem que a gente
faz porque não aceitam que vá pessoas de mais conhecimento do que nós
porque eles dizem que a gente quer é tomar a comunidade deles (…)
pessoal tem medo de agir porque eles ficam intimidando as pessoas
direto”, denunciou à TV Mirante
O encontro teve o intuito de debater
temas relacionados à problemática rural e, ao final, criar um plano de
ação cuja finalidade maior é tentar, ao menos, diminuir estas
dificuldades, como explicou um dos participantes, o professor Mário
Sérgio Moreira de Queiroz.
“Essas questões do conflito, da falta de
compromisso do Poder Público para com o homem do campo, essa questão do
desenvolvimento dessas comunidades, o que podemos para que isso seja
acelerado…E ISSO É QUE VAI CONSTAR NA AGENDA FINAL? No final nós vamos
construir esta agenda, tipo assim um plano de ação”, disse
O encontro, que aconteceu no Centro
Comunitário da Paróquia São Raimundo e teve como uma das organizadoras a
Pastoral da Terra do Maranhão, foi finalizado ontem (21) com uma grande
passeata pelas ruas de Codó.
Acelio Trindade
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