CPT Maranhão divulga Nota em repúdio à relatório
produzido quando da morte do trabalhador rural Brechó, em que esse de vítima
virou réu, sendo acusado de estar envolvido em uma rixa entre famílias, apesar
das testemunhas que confirmaram o assassinato e as ameaças que o trabalhador
vinha sofrendo. Confira o documento:
NOTA PÚBLICA
“Ai daqueles que fazem decretos iníquos e daqueles
que escrevem apressadamente sentenças de opressão, para negar a justiça ao
fraco e fraudar o direito dos pobres do meu povo…” (Profecia de Isaías 10.
1-2).
A Comissão Pastoral da Terra – MA ainda abalada
pelo assassinato de Raimundo Rodrigues da Silva, 42 anos, líder camponês do
território Campestre-Alegria, município de Timbiras, estado do Maranhão, que
veio a falecer no dia 25 de fevereiro, indigna-se diante da forma como as
autoridades policiais têm agido neste caso.
Sem ter ido ao local do crime e sem ouvir pessoas que
podiam testemunhar os fatos, como quem estava com Brechó no momento da
emboscada, ou quem com ele conversou quando era levado ao hospital, a polícia
assumiu a tese de crime de “vingança motivada por uma rixa entre famílias que
residem no povoado Bondaça”. Essa foi a conclusão do Sargento Sebastião
Cavalcante dos Reis, em Relatório encaminhado ao seu superior já no dia 21 de
fevereiro, data em que o lavrador foi alvejado por tiros de espingarda calibre
12, em uma emboscada.
A mesma posição foi assumida pelo delegado Rômulo
Vasconcelos, quando, no último dia 03 de março, disse a um agente da Comissão
Pastoral da Terra – Maranhão: “o crime nada tem a ver com conflito por
terra, trata-se de briga de família. A Comissão Pastoral da Terra é que quer
transformar em conflito por terra”.
A delegada geral da polícia civil, Maria Cristina
Resende, tinha feito afirmações semelhantes, em 04 de maio de 2012. Segundo
ela, “não há disputas agrárias envolvidas. Trata-se de problemas pessoais
entre vizinhos nos assentamentos, ou de acertos de contas do tráfico de drogas,
em áreas indígenas”.
Essas autoridades assumem abertamente o lado de
quem tenta subjugar as famílias camponesas aos seus interesses.
Há décadas a família Alvin exerce seu poder no
município de Timbiras. Além de dominar as terras, ela é quem dita as regras no
município. Os relatos do terror implantado por ela são inúmeros. Ao longo dos
tempos, as famílias foram sendo expulsas do território. Mas, as famílias
expulsas há mais de 20 anos, começaram a reagir: se organizaram e retornaram ao
território. Desde então, tramita Processo de Desapropriação para fins de
reforma agrária no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Incra,
Superintendência do Maranhão. Ao longo desses anos não cessou nenhum só dia a
perseguição às famílias que resistem aos latifundiários e a seus aliados.
Inúmeras vezes as lideranças procuraram as
autoridades do Sistema de Segurança Pública do Estado do Maranhão, para
denunciar os atos de violência contra as famílias. Há vários Boletins de
Ocorrência registrados na Delegacia de Policia Civil de Timbiras (MA). As
denúncias foram completamente ignoradas pelas autoridades do Estado do Maranhão
e também pelas federais.
Raimundo Rodrigues da Silva (Brechó) constou na
lista dos camponeses ameaçados de morte, publicada pela Comissão Pastoral da
Terra, em 2012. Sua morte é mais um caso de morte anunciada.
Diante disso, a CPT:
1 - Repudia veementemente a forma parcial e
irresponsável do governo Roseana Sarney diante do assassinato de Brechó, e de
outros camponeses maranhenses.
2 - Exige que o Inquérito Policial seja conduzido
pelo Delegado Agrário Carlos Augusto Silva Coelho.
Seguiremos lutando até que a Justiça e o Direito
prevaleçam na Terra.
São Luís – MA, 10 de março de 2014.
Comissão Pastoral da Terra – Maranhão
Maiores Informações:
Clemir Batista (CPT Maranhão) – (98) 8776-4921
Inaldo Serejo (CPT Maranhão) – (98) 8878-3080 /
8171-7168
Cristiane Passos (assessoria de comunicação CPT Nacional)
– (62) 4008-6406 / 8111-2890
Antônio Canuto (setor de comunicação CPT Nacional)
– (62) 4008-6412
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