Os sistemas
agroflorestais, além de serem uma importante alternativa para manter a
cobertura vegetal, geram 20 vezes mais empregos e até 93 vezes mais
renda que a bovinocultura extensiva. É o que conclui a dissertação de
mestrado do pesquisador Robert Davenport, aprovada pelo Centro de
Pós-Graduação em Agronomia Tropical, Pesquisa e Ensino (Catie), de
Turrialba, na Costa Rica.
Com o tema “A eficácia de projetos de
conservação e desenvolvimento sustentável para conter o desmatamento na
Amazônia Mato-grossense comparada com a ação de políticas públicas de
comando e controle” a pesquisa analisou o impacto dos Projetos de
Desenvolvimento Sustentável nos assentamentos da reforma agrária
implantados pelo Incra, entre eles Iracema em Juína, Nova Cotriguaçu e
Vale do Amanhecer, municípios localizados no Noroeste de Mato Grosso,
região amazônica.
Para uma parte do grupo de agricultores que participou do estudo, os Sistemas Agroflorestais representam a principal alternativa de renda e de uso do solo nas propriedades deles. Davenport avaliou esses números para cada hectare cultivado, em propriedades com tamanho entre 50 a 100 hectares.
No caso do assentamento Vale do
Amanhecer, a combinação de assistência técnica, organização social,
certificação legal da produção sustentável, parcerias com diversos
setores e agregação de valor aos produtos, entre outros fatores,
garantiu uma cobertura florestal 39% maior que nas demais áreas de
estudo.
Davenport analisou os impactos dos
projetos sobre a viabilidade e legitimidade percebida pelos agricultores
a respeito das regras ambientais nos arranjos institucionais locais,
que incorporaram a preocupação com a segurança e sustento das famílias,
apoio a infraestrutura de cooperativismo e associações, além da atenção a
redução dos custos de transação da agricultura.
Variáveis
O mestrado envolveu a realidade de
agricultores familiares em assentamentos da reforma agrária nos três
municípios, avaliando variáveis institucionais, econômico-ecológicas e a
produção da agricultura familiar como fator de definição da tendência
de usos da terra pelos agricultores. O cumprimento da legislação
ambiental, pontos de vista dos agricultores sobre o Código Florestal
Brasileiro e as percepções das condições sócio ecológicas locais também
foram abordados. A pesquisa de campo foi realizada entre janeiro e abril
e a dissertação defendida na Costa Rica em julho deste ano.
Apoio
Foram também avaliados os resultados
alcançados pelo Projeto Poço de Carbono Juruena, desenvolvido pela
Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (Aderjur) e patrocinado
pela Petrobras, se destacando na pesquisa pelo apoio à implantação dos
Sistemas Agroflorestais.
Entre as ações de apoio estão
assistência técnica, apoio a organização social da cooperativa e
associações, realização de cursos, visitas, intercâmbios em outros
municípios, uso da serraria portátil para aproveitamento de madeira
morta, alcance do suporte financeiro da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) e respectivos programas de crédito, pelo
desenvolvimento de mercado e elaboração de contratos de aquisição com
comunidades indígenas, além do apoio com mudas de espécies nativas,
calcário e adubo.
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