Os plantios de
eucalipto da Margusa no norte de Urbano Santos completam mais de seis anos. As
comunidades da Serraria, Mocambinho, Jacu e Gonçalo dos Moura venderam suas
áreas de Chapada para intermediários que as revenderam para a Margusa. Os
moradores dessas comunidades eram posseiros ou seja eles não tinham domínio da
terra. Eles venderam o seu direito ao uso. Quando a Margusa desmata milhares de
hectares para plantar eucalipto, a Chapada perde o seu potencial de uso e de
fixação do homem sobre ela. Não existe a menor chance de alguém viver próximo a
um plantio de eucalipto. Não há vida em um plantio de eucalipto. A comunidade
da Joaninha reivindica quinhentos hectares entre Chapada e Baixo. A senhora
Roseane, presidente da associação, ressalta a importância da sua Chapada para o
município de Urbano Santos. É tanta gente que coleta bacuri na Chapada que ela
prefere não impedi-los. Os administradores da fazenda maranhão, propriedade da
Margusa, gostariam de ampliar os plantios de eucalipto para o município de
Barreirinhas, mas, desde 1996, aprovou-se uma lei que proíbe as monoculturas. A
câmara municipal de Santa Quiteria aprovou em caráter de urgência, por obra e
graça da pressão exercida pelas comunidades, uma lei que inibe os plantios de
eucalipto e soja. Com essas duas leis, as empresas de reflorestamento e os sojicultores
se veem limitados em seus projetos de expansão pelo Baixo Parnaiba maranhense.
Depois de saber que a lei fora aprovada em Santa Quitéria, a Roseane perguntou
quais segmentos da sociedade os vereadores de lá representavam porque os vereadores de
Urbano Santos dialogam mais com sindicatos de professores do que com os
agricultores familiares. Ela também criticou a secretaria de meio ambiente de
Urbano Santos porque permite que a Margusa colha água em um riacho próximo ao
povoado de Vertentes sem que a empresa mostre alguma autorização. Segundo os
funcionários da Margusa, a dona Roseane sovina água já que ela não deixa que
eles peguem mais água no riacho da Joaninha. Acaso fosse para apagar um incêndio,
ela anuiria, no entanto, os funcionários apanham água para molhar os eucaliptos
na Chapada.
Mayron Régis
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