Lê-se Bar do
Atolo no alto. Acabavam de chegar ao povoado depois de alguns minutos na
estrada que liga São Bernardo aos municípios de Santana, Araioses, Água Doce e
Tutóia. O povoado de Cajueiro enxerga em seu território a família do seu Zé da
Rocha. A área desse povoado chega a mais de 900 hectares e extrema com a
propriedade do Junior Esperança, a propriedade do Coriolano, oligarca de São
Bernardo, e o povoado de São Miguel, terra da família do padre Chagas. O Iterma
demarcou e titulou a área para comunidade depois que gente de fora e gente de
dentro quiseram pegar os 900 hectares para plantar soja. Inúmeras vezes, o seu
Zé da Rocha e seus familiares sairam de São Bernardo em direção a São Luis para
cobrarem uma solução para o conflito que batera às suas portas. Estranha-se o
nome Bar do Atolo, mas quem chega, inesperadamente, impressiona-se muito mais com
a gente de Cajueiro e com a sua disposição para a produção de hortaliças. Quase
todas as famílias se sustentam com o que plantam de cheiro verde, cebola,
pimenta e outras culturas nos quintais das casas. As casas não enfrentam
problemas com água, mesmo residindo na Chapada. A água se torna imprescindível
para quem pretende viver da sua produção e construir um poço ou um cacimbão
requer esforços físico e financeiro consideráveis. Sente-se a água geladinha
nos diversos tanques visualizados durante uma caminhada pelos quintais. Os
moradores subsistem das hortaliças assim como das frutas da Chapada. Nos
primeiros meses do ano, obtêm-se a polpa do Bacuri dos bacurizeiros que
convergem na região. O preço da polpa alcançou os dez reais em 2013. Na Chapada
do Cajueiro também se encontra muitos pés de pequi, que botaram até o mês de
julho, e muitos pés de mangaba. Essas frutas se estragam pelo chão porque os moradores
só fazem comer, não as beneficiam e não há demanda de fora. Os moradores do
Cajueiro refletem mais sobre o bacuri, o buriti e a manga e menos sobre a
mangaba e o pequi. O Bernardo, filho do seu Zé da rocha, reflete também sobre a
queda no volume de água do riacho Cajueiro. Segundo ele, os moradores ao
roçarem a beira do riacho ocasionaram essa diminuição.
Mayron Regis
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