Comunidade ameaçada por empreendimento ligado à
Suzano Papel e Celulose convida a Cidade de São Luís a somar forças na
luta em sua defesa, “que representa, também, a defesa do equilíbrio
ambiental na Ilha de São Luís”, atestam os moradores da região
A empresa WPR, que já tentou intimidar a comunidade da Zona Rural de
São Luís do Maranhão cerceando seu direito de ir e vir com guardas
particulares armados e cancelas, tenta agora realizar uma audiência
pública irregular, longe da comunidade afetada, na sede do Comando Geral
da Polícia Militar do Maranhão. A intenção é, novamente, intimidar a
comunidade para finalmente retirá-la da área, e ali construir um porto
para escoar a produção da Suzano Papel e Celulose.Para fazer frente a mais essa intimidação e discutir o que está em jogo nessa nova tentativa de realizar uma audiência pública longe do público e a “toque de caixa”, a comunidade convida os bairros vizinhos, a imprensa, os movimentos sociais e toda a cidade de São Luís a participar de uma Audiência Popular.
A Audiência Popular acontece nesta quarta-feira, dia 29 de outubro, a partir das 14 horas, na Associação de Moradores do Cajueiro.
A Associação de Moradores fica localizada na Avenida Principal do Cajueiro, com entrada próxima à Vila Maranhão, na Zona Rural de São Luís.
“O futuro, o meio ambiente e a sobrevivência na Ilha de São Luís estão em jogo! Participe desse debate sobre como querem destruir nossas áreas em nome de um desenvolvimento que atende aos interesses de poucos e ao qual, mais uma vez, resistiremos!”, conclamam os moradores do Cajueiro. Estes, na última tentativa da empresa em realizar audiência sem a participação da comunidade diretamente afetada, fizeram grande mobilização e bloquearam o acesso ao Porto do Itaqui, obrigando a Secretaria Estadual de Meio Ambiente a reconhecer falta de condições em realizar o evento. Com aquela suspensão da Audiência, agora a empresa tenta, junto com o apoio da Secretaria Estadual, realizá-la num local que, no mínimo, inibe a participação e impede que esse evento tenha um caráter realmente público.
Cajueiro na História – A comunidade do Cajueiro existe há mais de cinquenta anos. Na verdade, sua origem tem muito mais tempo, a julgar pelo fato de, na área, ter existido o secular Terreiro do Egito, um dos primeiros locais de culto afro do Maranhão, cuja herdeira é a atual Casa Fanti Ashanti. Apagar a existência do Cajueiro significa apagar, também, um capítulo importante da História do Maranhão e da religiosidade do povo maranhense.
Além da religiosidade, a preservação do Cajueiro ajuda a contar um pouco da história das comunidades de agricultores e pescadores do Maranhão. A comunidade fica, ainda, na área em que se pleiteia a criação da Reserva Extrativista do Tauá-Mirim, para a qual há decisão judicial determinando que, enquanto a Resex não for criada, fica proibida a instalação de qualquer empreendimento que cause impactos na área. Em razão de todos esses fatores, a comunidade do Cajueiro considera que o projeto de construção do porto pretendido pela WPR afeta e compromete sua existência, ainda mais da forma violentamente intimidatória e com a rapidez injustificada com que vem sento tocado, na tentativa de se impedir qualquer processo de discussão mais aprofundado sobre o assunto. É nesse sentido que os moradores realizam a audiência popular desta quarta-feira, como forma de se contrapor ao que não vem sendo dito sobre esse projeto, nem pela empresa, nem pelo Estado
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