segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Criação de capote no Baixo Parnaiba maranhense



“O Capote, de Gogol, é um pesadelo grotesco e sinistro que cria buracos negros no desenho sinistro da vida.” Vladimir Nabokov escreve empolado, contudo a sua definição sobre o conto “O Capote”, de Nicolai Gogol, escritor russo do século XIX, atinge o alvo de forma certeira. A sua definição não se limita a Gogol: ela se expande para outras tantos outros autores que vieram depois (Dostoievski e Kafka). “Todos nós saímos de “O Capote” de Gogol.” A digressão de Dostoievski esvazia qualquer distancia que exista entre a leitura de “O Capote” e o fazer do escritor ou os fazeres dos escritores. Ler e escrever se distinguem e complementam-se. Um remonta a algo e outro monta algo. O passado e o futuro se estilhaçam no presente imperfeito. A Chapada se derrama sobre o povoado de Carrancas em Buriti. Ela circunda o povoado por todos os lados com seus enormes bacurizeiros e pequizeiros e por ela circulam vários animais.  Os agricultores soltaram os seus gados pela Chapada. Um era da Fazenda. O outro da Cacimba. A cerca que protege a roça do Vicente de Paula não brecou os animais em seus movimentos. Eles passaram por cima e comeram algumas folhas do mandiocal. Vicente de Paula ficou na dele. Quando os vizinhos se comprometeram a reconstruir a sua cerca, Vicente riu consigo mesmo.  O que for possível fazer, ele faz pelos vizinhos. Com a aprovação de mais um projeto pelo Centro de Apoio Socio Ambiental (CASA) para o município de Buriti, Vicente de Paula percorreu os rumos que perfazem as Chapadas até o povoado da Cacimba a fim de perguntar a uma senhora se gostaria de receber em seu terreno um projeto de criação de capote. A criação de capote pode ser um novo item na busca da sustentabilidade social econômica ambiental e alimentar por parte das comunidades do Baixo parnaiba. O capote é uma ave pequena proveniente da África. O seu comportamento arredio faz com que deixe seus ovos longe das casas e mais perto da mata. Tal característica pode ser vista como uma estratégia de preservação da ninhada e também como uma ocupação do territorio.
Mayron Régis

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