Em 24 de
julho, a CPT/MA e vinte comunidades tradicionais de todo o Maranhão realizaram passeata na cidade de Timbiras, região dos Cocais Maranhense, em memória do martírio do líder Camponês Raimundo Brechó, morto em fevereiro deste ano.
Durante toda
a caminhada, que parou a cidade de Timbiras, lideranças rurais, sindicalistas, ativistas dos direitos
humanos e religiosos lembraram da trajetória de vida de Brechó e sua coragem para enfrentar o latifúndio.
Quando a
passeata chegou na porta da Delegacia de Timbiras, o clamor por justiça e pelo fim da impunidade ecoou em toda a região. Passados 4 meses da morte de Brechó, o Inquérito Policial que trata de seu assassinato nunca foi concluído. De acordo com Antonia Calixto, coordenadora da CPT
do Maranhão, a morte de Brechó não poderá residir na
sombra da impunidade. Ela lembrou que mais de 5 lavradores foram executados na
Diocese de Coroatá, sem que houvesse julgamento dos
mandantes.
Depois da
manifestação, o delegado titular de Timbiras
atendeu uma comissão formada por representantes da
CPT, SINTRAF e da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA e
garantiu que o inquérito será remetido ao Poder Judiciário esta semana.
Promessas não cumpridas pelo INCRA Maranhão
O INCRA tem
parcela de culpa no assassinato de Brechó. O processo de desapropriação do latifúndio improdutivo, com mais de 14 mil hectares, pertencente à tradicional família Alvim, está parado há 14 anos. Em março deste ano, após reunião que contou com a presença do ex-superintendente do órgão, José Inácio Sodré, hoje candidato a deputado
estadual pelo PT, este garantiu que até junho deste ano a vistoria seria realizada. Contudo,
segundo recente informação do setor de obtenção de terras, o INCRA no Maranhão não tem sequer
recurso de diária para garantir deslocamento de
servidores até o território Campestre.
Mais
conflitos
Em razão da omissão do INCRA, os conflitos na região de Campestre se multiplicaram. Vários são os criadores de gado bovino que
invadem o território e criam animais soltos, que
destroem os diversos plantios comunitários. Além, a abertura da pastagem tem
destruído enorme porções da mata dos cocais, bioma tipicamente maranhense.
Mais recentemente, a Câmara Municipal de Timbiras pôs em pauta a alteração do Código de Postura do Município, visando permitir a criação de gado bovino solto e a obrigar os lavradores a
cercar suas roças, num claro retrocesso que
colidirá com normas de
convívio social estabelecidas pelo
campesinato timbirense há gerações (animais presos e roça no aberto).
cpt
Nenhum comentário:
Postar um comentário