19/02/2013 - Diário de Cuiabá
- Marianna Peres Da Editoria
Volume significativo de avarias no grão colhido obriga sojicultor a entregar mais toneladas do que o contratado
Os primeiros impactos das invernadas que atingiram fortemente o Estado, no mês de janeiro, começam a revelar seus prejuízos: volumes significativos de grãos ardidos, avariados e esverdeados, problemas que na hora da classificação do produto pelas tradings têm obrigado o sojicultor a entregar mais soja do que o combinado para cumprir contratos assinados ainda em 2012, quando ele ainda – na maioria dos casos – planejava o plantio da safra 2012/13. O grão rejeitado, e por isso sem valor, amplia custos, já que mesmo cultivado e colhido é como se não tivesse germinado e de grão em grão Mato Grosso jogou fora literalmente - deixou de faturar - quase 500 mil toneladas até agora.
Com esses descontos sobre a produção, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em balanço divulgado ontem, mostra que com o descarte da soja considerada ruim, cerca de 418 mil toneladas foram entregues, mas não remuneradas, o que impôs ao sojicultor perda direta de R$ 344,6 milhões, cifras que conforme o Imea, se investidas poderiam custear mais de 150 mil hectares (ha) da nova safra, 2013/14, com custo inicial de R$ 2.263,50/ha.
Como explica o analista da Cadeia de Grãos do Imea, Cleber Noronha, menos de 30% da área plantada – 7,89 milhões/ha – a perda de qualidade dos grãos é visível e sentida pelos sojicultores. “Há casos em que um por um caminhão de soja com 30 toneladas o produtor recebeu o equivalente a 10 toneladas e quem precisa cumprir as 30 toneladas está entregando muito mais grão para quitar o compromisso com a trading”. Em Mato Grosso é muito comum o produtor negociar a venda da soja antes mesmo do plantio como forma de adquirir os insumos. A prática obriga, em geral, que tão logo inicie a colheita o valor negociado seja pago com a própria produção.
E é justamente o volume de soja comprometida de forma antecipada é que torna o momento atual incerto com relação ao balanço deste ciclo. Das mais de 24 milhões t previstas para esta safra, 72% foram vendidas antes do plantio e o nível de descontos começa a assustar o produtor. “O período atual, marcado pela falta de qualidade dos grãos, especialmente no médio norte estadual que concentra quase 40% da soja que o Estado produz, tem sido certeiro sobre a rentabilidade da safra, além dos descontos por avarias, o custo de produção se torna mais caro na medida em que o frete aumenta e a saca dá início a uma trajetória decrescente de preços. Fora isso o câmbio que chegou a R$ 2,08 durante o plantio, agora volta ao patamar abaixo dos R$ 2. Esta safra vive uma conjuntura de fatores negativos, ao menos até agora”, argumenta o analista.
O superintendente do Imea, Otávio Celidônio, lembra que mesmo com os contratempos registrados de modo geral na safra sul-americana, os preços do mercado não tendem a reagir positivamente neste cenário. “Isto porque o volume da safra ainda deve ser recorde, já que as perdas relatadas estão mais ligadas à qualidade do produto e não necessariamente à produtividade das lavouras”.
Em relação aos descontos aplicados pelas tradings, Celidônio frisa que os métodos de descontos se diferenciam de empresa para empresa e nem sempre são claros ao produtor. “As empresas compradoras (tradings) têm condições de misturar o produto ruim com outro de boa qualidade, honrando os contratos de exportação sem sofrer maiores descontos por falta de qualidade. O método usado é obscuro e não dá margem de negociação. Por isso, o produtor tem à sua frente, talvez, o pior cenário que poderia projetar para este ano, com perdas de rendimento e sem perspectiva de aumento de preços para a venda do que ainda lhe sobrou”.
Apesar do cenário pouco animador no curto prazo, Noronha conta que o sojicultor que, após honrar seus contratos, ficar com soja na mão e tiver condições de armazená-la, vai reter o produto à espera de preços remuneradores. A manutenção da seca nos Estados Unidos pode ser um fator positivo, caso venha a prejudicar a nova safra daquele país, que começa a ser cultivada a partir de maio, repetindo os problemas com a estiagem vivenciados no ano passado.
SAFRA – “Não chegamos a 30% da área colhida e apesar das invernadas e chuvas incessantes, estamos apenas 4 pontos percentuais abaixo do ritmo aplicado às colheitadeiras no mesmo período do ano passado e o que observamos é perda de qualidade e não de produtividade”. Como completa, a média de rendimento por hectare em 51 casas está dentro do esperado. “O produtor que esperava colher 60 sacas está colhendo, no entanto, está recebendo o equivalente a 40 sacas. Por isso, o Imea ainda não revisou as projeções da soja mato-grossense. Acreditamos que a partir de agora, com o estreitamento da janela de plantio para segunda safra e a pressão climática é que vamos entrar numa fase determinante, ou recupera, ou não e ai sim, teremos subsídios para reavaliar os números”.
Os primeiros impactos das invernadas que atingiram fortemente o Estado, no mês de janeiro, começam a revelar seus prejuízos: volumes significativos de grãos ardidos, avariados e esverdeados, problemas que na hora da classificação do produto pelas tradings têm obrigado o sojicultor a entregar mais soja do que o combinado para cumprir contratos assinados ainda em 2012, quando ele ainda – na maioria dos casos – planejava o plantio da safra 2012/13. O grão rejeitado, e por isso sem valor, amplia custos, já que mesmo cultivado e colhido é como se não tivesse germinado e de grão em grão Mato Grosso jogou fora literalmente - deixou de faturar - quase 500 mil toneladas até agora.
Com esses descontos sobre a produção, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em balanço divulgado ontem, mostra que com o descarte da soja considerada ruim, cerca de 418 mil toneladas foram entregues, mas não remuneradas, o que impôs ao sojicultor perda direta de R$ 344,6 milhões, cifras que conforme o Imea, se investidas poderiam custear mais de 150 mil hectares (ha) da nova safra, 2013/14, com custo inicial de R$ 2.263,50/ha.
Como explica o analista da Cadeia de Grãos do Imea, Cleber Noronha, menos de 30% da área plantada – 7,89 milhões/ha – a perda de qualidade dos grãos é visível e sentida pelos sojicultores. “Há casos em que um por um caminhão de soja com 30 toneladas o produtor recebeu o equivalente a 10 toneladas e quem precisa cumprir as 30 toneladas está entregando muito mais grão para quitar o compromisso com a trading”. Em Mato Grosso é muito comum o produtor negociar a venda da soja antes mesmo do plantio como forma de adquirir os insumos. A prática obriga, em geral, que tão logo inicie a colheita o valor negociado seja pago com a própria produção.
E é justamente o volume de soja comprometida de forma antecipada é que torna o momento atual incerto com relação ao balanço deste ciclo. Das mais de 24 milhões t previstas para esta safra, 72% foram vendidas antes do plantio e o nível de descontos começa a assustar o produtor. “O período atual, marcado pela falta de qualidade dos grãos, especialmente no médio norte estadual que concentra quase 40% da soja que o Estado produz, tem sido certeiro sobre a rentabilidade da safra, além dos descontos por avarias, o custo de produção se torna mais caro na medida em que o frete aumenta e a saca dá início a uma trajetória decrescente de preços. Fora isso o câmbio que chegou a R$ 2,08 durante o plantio, agora volta ao patamar abaixo dos R$ 2. Esta safra vive uma conjuntura de fatores negativos, ao menos até agora”, argumenta o analista.
O superintendente do Imea, Otávio Celidônio, lembra que mesmo com os contratempos registrados de modo geral na safra sul-americana, os preços do mercado não tendem a reagir positivamente neste cenário. “Isto porque o volume da safra ainda deve ser recorde, já que as perdas relatadas estão mais ligadas à qualidade do produto e não necessariamente à produtividade das lavouras”.
Em relação aos descontos aplicados pelas tradings, Celidônio frisa que os métodos de descontos se diferenciam de empresa para empresa e nem sempre são claros ao produtor. “As empresas compradoras (tradings) têm condições de misturar o produto ruim com outro de boa qualidade, honrando os contratos de exportação sem sofrer maiores descontos por falta de qualidade. O método usado é obscuro e não dá margem de negociação. Por isso, o produtor tem à sua frente, talvez, o pior cenário que poderia projetar para este ano, com perdas de rendimento e sem perspectiva de aumento de preços para a venda do que ainda lhe sobrou”.
Apesar do cenário pouco animador no curto prazo, Noronha conta que o sojicultor que, após honrar seus contratos, ficar com soja na mão e tiver condições de armazená-la, vai reter o produto à espera de preços remuneradores. A manutenção da seca nos Estados Unidos pode ser um fator positivo, caso venha a prejudicar a nova safra daquele país, que começa a ser cultivada a partir de maio, repetindo os problemas com a estiagem vivenciados no ano passado.
SAFRA – “Não chegamos a 30% da área colhida e apesar das invernadas e chuvas incessantes, estamos apenas 4 pontos percentuais abaixo do ritmo aplicado às colheitadeiras no mesmo período do ano passado e o que observamos é perda de qualidade e não de produtividade”. Como completa, a média de rendimento por hectare em 51 casas está dentro do esperado. “O produtor que esperava colher 60 sacas está colhendo, no entanto, está recebendo o equivalente a 40 sacas. Por isso, o Imea ainda não revisou as projeções da soja mato-grossense. Acreditamos que a partir de agora, com o estreitamento da janela de plantio para segunda safra e a pressão climática é que vamos entrar numa fase determinante, ou recupera, ou não e ai sim, teremos subsídios para reavaliar os números”.
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