domingo, 12 de julho de 2015

A soja é uma forma decorativa em Afonso Cunha




Escrever ou dizer “interior” do Maranhão deveria ser uma coisa obvia. Para qualquer um. Óbvia pelo simples fato que conhecimento e autoconhecimento se dão pelo interior e nunca pela superfície. As pessoas insistem em escrever ou dizer “interior” ou “interiores” do Maranhão sem designar que interior é esse ou que interiores são esses. Para muitos, “interior” era uma coisa só. Não valia a pena detalhar a que interior se referiam. Convencionou-se que quem conhecia um “interior” conhecia todos os outros “interiores”.   O discurso de um “interior só” favoreceu a ideia de um “interior” que seja decorativo como as manifestações folclóricas tipo bumba-meu-boi. A maioria dos municipios do “interior” do Maranhão não é decorativa do ponto de vista folclórico. Só há espaço para poucos municípios nesse tipo de decoração. Os outros municipios acolheram outras formas decorativas de expressão socioeconômica. Nada que colocasse em xeque a ideia de “interior”.  A soja é uma dessas formas decorativas de expressão socioeconômica que foram abraçadas nas ultimas décadas pela elite maranhense. A monocultura da soja reviu a ideia de “interior” maranhense como fora disponibilizado pela elite. Antes, o “interior” do Maranhão se restringia a fazendas de gado e a alguns núcleos populacionais que se recordava na época de férias. Como se vê, um Maranhão pastoral. A partir do momento em que a soja avança, o “interior” vira um grande plantio dessa monocultura e os núcleos populacionais ampliam suas áreas para receberem gente de vários lugares diferentes. Como se vê, um Maranhão capitalista. A ideia de um Maranhão pastoral se sustenta no discurso que o maranhense é pobre, mas essa pobreza se tornou parte da cultura, ou seja, virou folclore.   A ideia de um Maranhão capitalista se sustenta no discurso que o maranhense é preguiçoso e, como tal, mostra-se incapaz para trabalhar com culturas como a soja. 
Mayron Régis

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