A
atuação de comunidades quilombolas, de universitários e professores
resultou na pesquisa “Ciência, tecnologia e inovação para os
microarranjos locais” desenvolvida pelo IFMA- Campus Codó. O trabalho
foi o vencedor da Mostra Tecnológica. O evento reuniu 40 pesquisas dos
Institutos Federais de todo o Brasil durante o “II Seminário Nacional de
Inovação Tecnológica (Senitif)”, que terminou na última sexta, 27, em
São Luis.
A comissão avaliadora da Mostra Tecnológica destacou que um dos méritos da pesquisa do Campus Codó é que ela conseguiu envolver a comunidade no processo de desenvolvimento de produtosinovadores.
O trabalho tem como foco central a produção de alimentos a partir da
farinha da junça, um tubérculo com diversas propriedades nutritivas.
Em segundo lugar ficou o trabalho “A
confecção de instrumentos musicais como forma de promoção da economia
criativa e empreendedora”, do Instituto Federal do Paraná e em terceiro,
a pesquisa “Sensor de Gases em Óleo Transformador”, do Instituto
Federal do Ceará.
Por ter obtido o primeiro lugar na
Mostra, o grupo de pesquisa do Campus Codó foi convidado pelo Ministério
da Educação para apresentar seu trabalho na Semana Nacional de
Ciência e Tecnologia, que vai acontecer no período de 21 a 27 de
outubro, em Brasília. “Estamos muito satisfeitos com esse resultado,
porque ao vencer uma competição que envolvia trabalhos de toda a Rede
Federal, o IFMA consolida seu
compromisso com o desenvolvimento de pesquisa e inovação”, destacou a
pró-reitora de pesquisa, pós-graduação e inovação do IFMA, Natilene
Brito.
Inovação social
A junça utilizada na pesquisa é
cultivada por comunidades quilombolas do município de Codó, que
receberam capacitação e apoio técnico do grupo de pesquisa do IFMA para o
plantio do tubérculo. “Nossa ideia foi trabalhar com a agricultura
familiar, porque além de envolver a comunidade em nossa pesquisa, isso
permitiria que a junça fosse cultivada de forma orgânica, sem o uso de
agrotóxicos”, explicou o coordenador do projeto, Mariano Ibañez.
Após
a colheita, a junça é transportada das comunidades para o Campus Codó,
onde é processada e transformada em farinha. A partir daí, são
produzidos alimentos como iogurte, macarrão, bolos, pães, biscoitos e
bombons. Com o gosto semelhante ao da castanha de caju, a junça é rica
em fibras e em vitamina E. Entre as suas propriedades estão a capacidade
de reduzir o nível de colesterol, a facilidade de digestão e o efeito
antioxidante (ameniza o envelhecimento).
A intenção dos pesquisadores é patentear
o produto para que ele possa ser comercializado. A expectativa deles é
que com a venda da linha de alimentos ocorra o fortalecimento da cadeia
produtiva da junça em Codó. “Nós queremos que essa produção traga
melhoria na qualidade de vida dos agricultores, que eles reconheçam seu
potencial e possam ter uma visão empreendedora em relação ao cultivo da
junça”, disse a estudante do curso de ciências agrárias, Karlene
Fernandes, que integra o grupo de pesquisa.
O grupo de pesquisa do Campus Codó tem
investido, também, em pesquisas para desenvolver produtos a base de
vinagreira. Durante a Mostra Tecnológica foram expostas geléias feitas
da folha e do cálice da vinagreira. Muito comum no Maranhão, a
vinagreira é conhecida por ser a base de um dos pratos mais famosos da
culinária do Estado: o arroz de cuxá.
A vinagreira é rica em vitamina A e em
ferro e a ideia do grupo de pesquisa é dar uma vida útil maior a
vinagreira, visto que ela perece rapidamente. Seguindo a proposta do
grupo de pesquisa de desenvolver produtos orgânicos, a geleia de
vinagreira utiliza a pectina do maracujá.
Prêmio
O
grupo de pesquisa é formado por 12 alunos dos cursos superiores, por
técnicos e professores do Campus Codó. O diretor do Campus, José
Cardoso, ressaltou o papel positivo que a premiação terá para a
instituição. “Em uma região distante dos grandes centros é mais difícil
produzir pesquisa, mas esse prêmio mostra que é possível. Nós procuramos
dar o apoio material necessário aos nossos professores e alunos e
pretendemos investir ainda mais”, disse José Cardoso. “Parabenizo todos
os participantes do grupo de pesquisa pelo excelente resultado que dá
orgulho ao IFMA e, em especial, ao Campus Codó”.
Além do IFMA, a pesquisa “Ciência,
tecnologia e inovação para os microarranjos locais” tem o financiamento
do Programa de Educação Tutorial (PET) e do Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid).
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