Livramento
 é uma comunidade rural formada por cerca de 50 famílias, no município 
de Codó, fundada há mais de 60 anos. Muitos moradores são oriundos do 
Ceará e Piauí, que fugiram das fortes secas que abalam de tempos em 
tempos estes estados. Na localidade há igrejas, escolas e um pequeno 
posto de saúde.  Os moradores vivem exclusivamente da agricultura 
familiar e através do plantio de mandioca, arroz, milho e criação de 
pequenos animais, além do extrativismo  do coco babaçu. Apesar da 
relativa pobreza, o clima de paz reinava absoluto na comunidade. 
Tranquilidade esta que foi abalada com a chegada de um político da 
capital maranhense.
Trata-se
 do médico Heron Simões, coordenador do mutirão de catarata promovido 
pelo Governo do Maranhão e suplente de vereador da cidade de São 
Luís,que adquiriu terras na localidade no  ano de 2012 e desde então, 
passou a ser acusado de práticas de ameaças e violência contra a 
população local.
Ainda
 em 2012, o suplente de vereador ingressou com ação na justiça estadual 
em Codó, contra uma família de moradores da comunidade Livramento, 
composta por seis pessoas, objetivando expulsá-las de um área com menos 
de 5 hectares. Em 2013, o juiz da segunda vara de Codó concedeu ao 
suplente de vereador, liminar de manutenção de posse, o que impede a 
família do senhor Francisco das Chagas Ferreira dos Santos, de retirar 
da terra com o seu suor o alimento de cada dia.Além desta ação, o 
político é acusado de ter utilizado agentes públicos da Polícia Militar 
do Maranhão, lotados em Codó, para comandar um espetáculo de horror na 
comunidade Livramento.
Em
 31 de agosto de 2013, membros da comunidade realizavam pescaria em 
açude comunitário. Na mesma data, por volta de 10h 30m da manhã, quando 
já se encontrava em sua residência, o trabalhador rural Francisco dos 
Santos foi abordado por três policiais militares acompanhados pelo 
elemento Luiz Carlos da Cruz Muniz, intitulando-se gerente da 
propriedade do médico Heron Simões, os quais de maneira truculenta lhes 
dirigiram ofensas morais e em seguida, sem qualquer mandado judicial  
lhes deram voz de prisão. Em ato continuo, foi algemado e jogado no 
interior de um veículo do gerente da propriedade do médico Heron Simões.
 Os três policiais militares e o gerente conduziram o lavrador Francisco
 das Chagas Ferreira dos Santos,  ainda algemado, até o prédio da 9ª 
Companhia Independente da Policia Militar de Codó-MA. Durante o percurso
 da comunidade até o batalhão, o lavrador foi ameaçado de morte, além de
 sofrer severas humilhações, feitas pelo tenente Ronaldo Moura, 
comandante da companhia e pelo gerente da fazenda, que anunciaram que 
iriam destruir todas as casas da comunidade. Além da tortura psicológica
 e das veladas ameaças de morte, o lavrador Francisco passou mais de 
seis horas algemados, mesmo sem oferecer qualquer perigo, e sem nenhum 
mandado de prisão.
Este
 é mais uma das dezenas de retratos da realidade no meio rural do 
Maranhão, um dos estados da federação recordista em conflitos no campo.
Lavrador Francisco das Chagas Ferreira dos Santos mais uma vítima da violência policial.

 
 
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