Iolando Lourenço, Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, encaminhou hoje (4) ao presidente da Câmara, deputado
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), nota técnica questionando a tramitação
da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere para o
Congresso a competência para a aprovação de demarcação das terras
indígenas e a ratificação das demarcações já homologadas.
O documento, que foi entregue na
presidência da Câmara, é um parecer jurídico, elaborado pela Secretaria
de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, que aponta
inconstitucionalidades na PEC 215. Ele tem o objetivo de deixar clara a
posição do governo em relação à proposta.
Segundo o texto, a proposta não poderia
ser admitida “tendo em vista incorrer nas vedações impostas pelo Artigo.
60, Parágrafo 4º, da Constituição, que proíbe a deliberação de proposta
de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado, o voto
direto, secreto, universal e periódico, a separação dos Poderes, ou os
direitos e garantias individuais”.
A nota técnica diz que a PEC tem
insanável inconstitucionalidade, além de ausência de interesse público
na sua tramitação por violar “cláusula pétrea da separação de Poderes,
por atribuir função típica do Poder Executivo ao Poder Legislativo”, por
atentar contra os direitos e garantias individuais dos povos indígenas.
Consta ainda no documento que a PEC não
atende aos objetivos “fundamentais da República de construção de uma
sociedade livre, justa e solidária, e de promoção do bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação”. E acrescenta que a proposta não é de interesse
público “por promover o agravamento dos conflitos fundiários envolvendo a
demarcação de terras indígenas no Brasil”.
Ele foi encaminhado à Assessoria
Jurídica da Câmara para análise e a fim de instruir o presidente da
Câmara sobre as medidas a serem adotadas e comunicadas ao ministro José
Eduardo Cardozo.
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