sábado, 11 de maio de 2013

ENCONTRO E-CHANGER 2013: Programa Brasil de E-CHANGER visita comunidade atingida pela Vale

Representantes de organizações parceiras de E-Changer visitaram na última quarta-feira (8) a comunidade de Oiteiro dos Pires, em Santa Rita/MA, diretamente atingida pela Estrada de Ferro Carajás, da mineradora Vale.

A comunidade fica a 15 km da sede do município, localizado às margens da BR-135 e distante 82 km da capital São Luís. Na comunidade vivem sobretudo lavradores e pescadores, muitos deles hoje impedidos de realizar suas atividades, diante do avanço do latifúndio. Lá vivem atualmente 120 famílias.
Nos últimos anos houve uma redução drástica na produção de arroz, milho, mandioca e feijão, principais culturas da região, além da pesca em campos alagados. Parte da população vive de benefícios sociais e programas de transferência de renda do governo federal.

A comunidade reuniu-se com representantes de entidades parceiras e cooper-atores e cooper-atrizes de E-Changer, seus coordenadores e de MBI e Interagire. O encontro aconteceu na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, localizada no povoado. Também estiveram presentes lideranças comunitárias de povoados vizinhos, também impactados pela EFC, como Carionguinho e Cariongo, além do Retiro de São João da Mata, em Anajatuba. Estas comunidades já bloquearam por duas vezes a linha férrea da Vale.

A principal reivindicação dos moradores de Oiteiro, atualmente, é a construção de um viaduto que lhes garanta o direito de ir e vir, cotidianamente violado pela mineradora Vale. “Todo dia há quem esteja indo para a escola e não possa passar, ou vindo da feira, com as compras; já houve até mesmo casos de gente doente, indo para o hospital, que morreu sem conseguir passar, por que o trem não deixa”, relataram os moradores.

Entre outros problemas enfrentados, a comunidade relatou a ocorrência de doenças respiratórias, o barulho excessivo dos trens de carga, além da uso constante da buzina do trem, “que pode ser ouvida até a última comunidade”, isto é, passando de Oiteiro dos Pires.

Os presentes à visita puderam ver ainda as plantas com propostas feitas pela Vale de construção do viaduto reivindicado pela comunidade. Entre as propostas há algumas absurdas que aumentariam o percurso dos moradores até a sede entre centenas de metros a até quilômetros. Atualmente a “rota de fuga” – nome dado pela Vale para o desvio que devem fazer aqueles que desejam fugir do bloqueio causado pelos trens no pátio de cruzamento – aumenta essa distância em 3 km.

Após os relatos de moradores da comunidade sobre como suas vidas e seus direitos são diretamente afetados pela multinacional, um delicioso almoço foi servido a todos os presentes, que foram brincados ainda com uma apresentação de um grupo de tambor de crioula da comunidade.
No caminho de volta, o grupo de visitantes pode sentir na pele os transtornos sofridos diariamente pela população local: o ônibus que os conduzia ficou impedido de seguir viagem por aproximadamente meia hora, enquanto dois trens – um deles com 357 vagões e três locomotivas – se cruzavam, justo onde a comunidade requer a construção do viaduto. Este terá as obras iniciadas em agosto e deverá ser concluído em julho de 2014. Ao menos é o que promete a empresa.

O encontro acontece até a sexta feira (10/05) e conta com a participação de cooperatores/atrizes suíços, brasileiros, representando a aliança formada pela E-CHANGER, InterAgire e MBI, além de lideranças das organizações parceiras no Brasil: CAV - Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica, CEDECA – Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Interlagos, CMP – Central de Movimentos Populares,  MMM – Marcha Mundial das Mulheres, MST - Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra, SECOYA - Serviço e Cooperação com Povo Yanomami, SMDH – Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e UNMP – União dos Movimentos por Moradia Popular.
Zema Ribeiro

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