04/05/2013 - O Globo
- Bruno Rosa Ramona Ordoñez
Banco de corais do Parcel de Manuel Luís está próximo a blocos da 11ª Rodada
Exploração de áreas perto de Abrolhos estão proibidas desde 2004
Rio — Há dez anos, um imbróglio fez do arquipélago de Abrolhos — o primeiro Parque Nacional Marinho do país e dono de um dos maiores bancos de corais da América do Sul — símbolo da preservação ambiental do Brasil. Na 4ª Rodada de Licitações do Petróleo, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) leiloou blocos próximos à região, a 950 quilômetros de Salvador, e gerou polêmica entre ambientalistas. A empresa que arrematou as áreas, a americana NewField, não obteve as licenças ambientais do Ibama e teve a exploração proibida.
— Abrolhos tem a maior biodiversidade da costa. Conseguimos comprovar que na região os ventos mudam de direção durante o verão e o inverno, ampliando os impactos ambientais em caso de acidentes. E, a partir de 2004, os blocos dessa área foram retirados dos leilões — disse Guilherme Fraga Dutra, diretor do Programa Marinho da ONG Conservação Internacional Brasil.
O bloco foi formalmente devolvido à ANP em 2006 e a disputa foi parar na Justiça. A ANP teve de pagar indenização superior a R$ 5 milhões a NewField.
Mas a 11ª Rodada promete novas polêmicas devido à proximidade de alguns dos blocos oferecidos a áreas de preservação ambiental, como o Parque Nacional Cabo Orange, no Amapá, na divisa com a Guiana Francesa. O local, de 619 mil hectares e que abriga espécies em extinção, é uma das maiores áreas de conservação do país. Segundo a ANP, os blocos na Foz do Amazonas estão a 100 quilômetros da costa.
Outra área sensível é o Parque do Parcel de Manuel Luís, a 96 quilômetros da costa do Maranhão e com um dos maiores bancos de corais da América do Sul. Os blocos que serão oferecidos na Bacia de Barreirinhas estão a 86 quilômetros deste parque. Já os blocos de Pará-Maranhão estão a 99 quilômetros do parque.
Uma fonte do governo disse que, em caso de vazamento, o óleo levaria dois dias para chegar ao Parque do Parcel:
— Dá para recolher a tempo.
Mas ambientalistas lembram que a região tem grandes amplitudes de maré, o que dificulta a dispersão de óleo.
— As correntes são muito fortes. É impossível ir ao Parcel durante a lua cheia ou lua nova, por conta das marés. Formações rochosas chegam próximo à superfície — detalha Luiz Rocha, professor da California Academy of Sciences.
Fernanda Duarte Amaral, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, disse que a exploração de petróleo pode trazer problemas ao Parcel.
— Quando o coral morre, todo o ecossistema é atingido. É impossível falar de dispersantes, pois essas substâncias químicas prejudicam o nível de respiração do coral.
Exploração de áreas perto de Abrolhos estão proibidas desde 2004
Rio — Há dez anos, um imbróglio fez do arquipélago de Abrolhos — o primeiro Parque Nacional Marinho do país e dono de um dos maiores bancos de corais da América do Sul — símbolo da preservação ambiental do Brasil. Na 4ª Rodada de Licitações do Petróleo, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) leiloou blocos próximos à região, a 950 quilômetros de Salvador, e gerou polêmica entre ambientalistas. A empresa que arrematou as áreas, a americana NewField, não obteve as licenças ambientais do Ibama e teve a exploração proibida.
— Abrolhos tem a maior biodiversidade da costa. Conseguimos comprovar que na região os ventos mudam de direção durante o verão e o inverno, ampliando os impactos ambientais em caso de acidentes. E, a partir de 2004, os blocos dessa área foram retirados dos leilões — disse Guilherme Fraga Dutra, diretor do Programa Marinho da ONG Conservação Internacional Brasil.
O bloco foi formalmente devolvido à ANP em 2006 e a disputa foi parar na Justiça. A ANP teve de pagar indenização superior a R$ 5 milhões a NewField.
Mas a 11ª Rodada promete novas polêmicas devido à proximidade de alguns dos blocos oferecidos a áreas de preservação ambiental, como o Parque Nacional Cabo Orange, no Amapá, na divisa com a Guiana Francesa. O local, de 619 mil hectares e que abriga espécies em extinção, é uma das maiores áreas de conservação do país. Segundo a ANP, os blocos na Foz do Amazonas estão a 100 quilômetros da costa.
Outra área sensível é o Parque do Parcel de Manuel Luís, a 96 quilômetros da costa do Maranhão e com um dos maiores bancos de corais da América do Sul. Os blocos que serão oferecidos na Bacia de Barreirinhas estão a 86 quilômetros deste parque. Já os blocos de Pará-Maranhão estão a 99 quilômetros do parque.
Uma fonte do governo disse que, em caso de vazamento, o óleo levaria dois dias para chegar ao Parque do Parcel:
— Dá para recolher a tempo.
Mas ambientalistas lembram que a região tem grandes amplitudes de maré, o que dificulta a dispersão de óleo.
— As correntes são muito fortes. É impossível ir ao Parcel durante a lua cheia ou lua nova, por conta das marés. Formações rochosas chegam próximo à superfície — detalha Luiz Rocha, professor da California Academy of Sciences.
Fernanda Duarte Amaral, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, disse que a exploração de petróleo pode trazer problemas ao Parcel.
— Quando o coral morre, todo o ecossistema é atingido. É impossível falar de dispersantes, pois essas substâncias químicas prejudicam o nível de respiração do coral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário