O MPF constatou, por meio de inquérito civil, a falta de fiscalização adequada
e o mau acondicionamento e descarte no uso do glifosato, no Maranhão.
Um relatório de atividades apresentado pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) mostrou que a
maioria das propriedades de cultivo de soja do estado utilizam esse
herbicida na plantação, em elevadas quantidades.
A
operação realizada pelo Ibama, em 13 municípios do estado, identificou o
uso excessivo do glifosato no plantio da soja transgênica (com volume
acima do permitido) e irregularidades no armazenamento e descarte das
embalagens vazias.
Durante
as investigações, o MPF contou com a colaboração do Grupo de Estudos
Rurais e Urbanos (Gerur) do programa de Pós-Graduação em Ciências
Sociais da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), que forneceu dados
referentes às consequências do uso do herbicida às populações vizinhas. O
relatório produzido pelo grupo de pesquisa da Ufma identificou outros
problemas decorrentes do uso do agrotóxico, como: destruição de áreas de
chapada, contaminação por agrotóxico de recursos hídricos e de áreas
utilizadas para a produção de alimentos, destruição de nascentes,
assoreamento de cursos d'água que comprometem importantes bacias hidrográficas
e o despejo de produtos com aviões, o que contamina os riachos, mata os
animais silvestres e prejudica a saúde das pessoas.
Para
o MPF, o uso do agrotóxico, bem como o armazenamento e descarte de suas
embalagens, devem ser objeto de efetiva fiscalização e controle, para
evitar graves problemas ao meio ambiente e à saúde humana.
Na
ação, o MPF requer, liminarmente: que União, Aged-Ma e Estado do
Maranhão (por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente) façam um
levantamento das condições das lavouras de soja e demais culturas
agrícolas que empreguem o herbicida glifosato no estado, por meio de
vistorias e estudos técnicos, com as medidas de correção pertinente; que
o estado do Maranhão não conceda nem renove novas licenças ambientais a
empreendimentos agrícolas que façam uso desse herbicida, até o completo
levantamento da contaminação no solo e em corpos hídricos da região e,
que União e estado do Maranhão, monitorem a presença excessiva do
agrotóxico nos produtos de origem vegetal e não permitam o uso de
aeronaves na aplicação do herbicida.
Perigo à saúde e meio-ambiente – o glifosato é
um herbicida sistêmico não seletivo (que mata qualquer tipo de planta),
desenvolvido para matar ervas, principalmente as perenes. O contato com
o herbicida (por grande período de exposição ou por doses elevadas do
produto) causa intoxicação e , no homem, os sintomas são: irritações na
pele e nos olhos, náuseas e tonturas, edema pulmonar, queda da pressão
sanguínea, alergias, dor abdominal, perda de líquido gastrointestinal,
vômito, desmaios, destruição de glóbulos vermelhos no sangue e danos no
sistema renal. O herbicida pode continuar presente em alimentos por até
dois anos após o contato com o produto e, em solos, por mais de três
anos, dependendo do tipo de solo e clima.
Assessoria de Comunicação
Procuradoria da República no Maranhão
Tel: (98) 3213-7100
E-mail: ascom@prma.mpf.gov.br
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