As
unidades de conservação e as terras indígenas do Tocantins protegem o oeste e o
leste do estado. O projeto da monocultura do eucalipto recebe adesões de vários
proprietários e arrasa o meio do estado com a complacência do Naturantins e do
Ibama. E nesse meio, as nascentes dos
rios Tocantins e Araguaia esfriam a sorte de quem se atreve a mergulhar em suas
águas. O trecho do rio Lontra que passa pela chácara da Comissão Pastoral da
Terra Araguaia-Tocantins em Araguaina é bem assim. Sem tirar e sem por nada. Um
Cerrado seco esse do Tocantins, não racha, mas atola. A sequidão do clima
levaria qualquer um a procurar um banho. Um pouco a toa e alguém perguntaria:
Para onde fica o rio? Antes de chegar, a mata nativa do Cerrado se descasca porque uma casca sai e outra
surge. Para olhos finos ou olhos de pura finesse, o Cerrado não oferece nada.
Seria um bioma sem importância. O ex-ministro da agricultura Wagner Rossi declarou
assim: “Lá não tem nada, só Cerrado.” Uma declaração dessas não é de graça e
nem gratuita. Essa declaração provém da ignorância e do preconceito. Uma ignorância
e um preconceito embasados pela produção cientifica. Nada de extraordinário,
então, que um ministro se pronuncie contra o segundo maior bioma do Brasil. O
ex-ministro via no Cerrado, provavelmente, ele ainda vê, um reles antiquário,
um espaço para exposição de coisas velhas. Sim, o Cerrado expõe a velhice em
seus termos. Os representantes do agronegócio, como o senhor Wagner Rossi,
consideram imperdoável a presença esparsa de espécies nativas. A falta de
exatidão no Cerrado os agasta. Um Pequizeiro ocupa o espaço que daria para três
eucaliptos. O eucalipto é uma espécie exótica e como tal deve ser bem tratada
pela legislação ambiental, fundiária e trabalhista. No Tocantins, o governo
estadual faz de tudo de acordo para que os eucaliptos se sintam bem. Segundo informações,
investidores estrangeiros compraram mais de quatrocentos mil hectares no estado
do Tocantins para executarem plantios de eucalipto. Boa parte dessas áreas
ainda não foi plantada, vão ficar para mais tarde. A Eco Brasil Florestas é uma
das empresas que vem investindo no plantio de eucalipto. Quem comanda a Eco é
gente proveniente da Suzano Papel e Celulose. Ela afirma que conta com setenta
mil hectares mas que os plantios ainda estão na fase de experimento. Pelo que
se sabe, na região de Goiatins a empresa já plantou mais de vinte mil hectares.
Se isso é experimento imagine quando ela começar a plantar mesmo. E por falar
em Goiantins essa é uma região que anteriormente conhecia-se como produtora de
leite e de carne e que agora foi abençoada pelos plantios de eucalipto. Nada mais
de leite e carne para alimentar as pessoas. Na região de Campos Lindos, houve
um desmatamento de mais de dez mil hectares de uma só tacada. Que licenças
foram essas da Naturantins? A CPT Araguaia Tocantins reclama que os órgãos e as
empresas sonegam informações.
Algumas dessas informações foram obtidas
durante o seminário organizado pela Comissão Pastoral da Terra no município de
Wanderlandia.
Mayron Régis
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