Projeto Positivando o Desenvolvimento Humano busca atuar na solução dos problemas citados pela população.
O
Projeto do Ministério Público Positivando o Desenvolvimento Humano
realizou audiências públicas, quarta (8) e quinta-feira (9), nos
municípios de Belágua e Santana do Maranhão, completando a 11ª audiência
do projeto, que deve acontecer em 14 municípios. Em março, nos dias 13 e
14, acontecerão as audiências em Governador Newton Belo e Rosário,
encerrando o número de municípios escolhidos.
Com o
projeto, o Ministério Público do Maranhão pretende atuar na solução dos
problemas citados pela população, contribuindo assim com o aumento do
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), certificando-se de que as
políticas públicas relacionadas a saúde, educação e renda per capita,
indicadores que medem o índice, segundo o Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD), sejam aplicadas corretamente.
“O
Ministério Público é uma instituição que vive e foi criada para
resolver os problemas da população e com este trabalho nós também
estamos cumprindo a nossa missão Constitucional”, explica o promotor de
Justiça Marco Aurélio Fonseca, diretor da Secretaria para Assuntos
Institucionais do MPMA, que nas audiências representou a
procuradora-geral de Justiça, Fátima Travassos.
A
promotora de Justiça Thereza Muniz de La Iglésia, uma das coordenadoras
do projeto, afirmou que todas as demandas das audiências públicas estão
sendo analisadas e os devidos encaminhamentos serão dados pelo
Ministério Público de acordo com a esfera de poder no qual as soluções
poderão ser encontradas, sejam elas em nível de Município, Estado ou
União.
Belágua - Localizada a
241 km de São Luís, Belágua vive o contraste entre ter grandes belezas
naturais e ser o 6º lugar no ranking dos municípios mais pobres do
Maranhão e o 7º do Brasil, segundo PNUD. Com IDH de 0,495 e uma
população de 6.524 habitantes, revelou muitos problemas na audiência
realizada na quarta-feira (8), entre eles a prestação de serviço público
de má qualidade com carência de funcionários e horários irregulares de
funcionamento, falta de ambulância, tratamento de água, drogas, gravidez
na adolescência e titularização de terras.
A
audiência pública mostrou problemas com relação à saúde. Além do acesso
difícil dos povoados até a sede, o município não possui ambulância desde
2010, o que dificulta o atendimento à comunidade. “Eu quero pedir a
reforma do posto de saúde, pois quando chove, como não tem forro no
prédio, ficamos com atendentes e medicamentos expostos”, reivindicou
Francisca Mota, auxiliar de enfermagem.
“Quando
abriu concurso público para Belágua, a maioria dos aprovados eram de
outros municípios, por isso, estas pessoas não cumprem seus horários e
nós estamos sendo prejudicados. Eles vão embora antes de sexta-feira e a
população fica sem servidores”, denunciou Luís Filho.
Belágua
vive da agricultura familiar e a população reclamou também que não tem
condições de cultivar as suas roças. “Nós precisamos ser donos das
nossas terras, precisamos de titularização. Nosso povo tem sido ameaçado
por empresas que plantam eucalipto. Aparecem donos que dizem que são
proprietários e nós que moramos desde que o município foi criado,
ficamos sem ter com que trabalhar. Com fome, ninguém estuda bem e
ninguém tem saúde”, desabafou José Raimundo Nascimento, presidente da
Associação Unificada dos povoados de Piquizeiro, Bracinho e Centro dos
Picos.
No fim da Audiência Pública, o promotor de
Justiça de Urbano Santos, Henrique Helder Pinho, citou que a colaboração
de MPMA, gestores públicos e sociedade é importante, porém, o
sentimento de pertença da população e a identidade que o morador tem com
o local que vive são fortes elementos que ajudam na melhoria da
qualidade de vida da população.
“O homem se
identifica como tal quando se responsabiliza por suas escolhas”, disse o
promotor, citando Jean Paul Sartre, completando ainda: “Cabe a todos
nós a construção do ideal do desenvolvimento. Por isso, o MP acredita
que estas audiências públicas, estes espaços, representam searas para
identificarmos os problemas e buscarmos soluções. Neste diálogo entre
várias instituições é que daremos soluções”.
Município sofre com a falta de água e energia
Com
uma população de 11.661 habitantes, Santana do Maranhão, 399 km de São
Luís, ocupa o 3º lugar na lista dos 32 municípios com IDH (0,488) abaixo
da média no estado. Na localidade, a audiência pública foi realizada
quinta-feira (9).
As maiores queixas da população
dizem respeito aos problemas relacionados à conscientização ambiental,
fornecimento de energia e iluminação pública, falta de escolas,
investimento no esporte e na cultura, maior transparência com as contas
públicas e pouco incentivo na geração de renda.
Apesar
das águas cristalinas do Rio Magu, a população sofre com a falta de
água encanada e tratada nas residências e a falta de educação ambiental.
“Eu sei que é errado, todo mundo diz para não bebermos água da fonte,
mas se eu não fizer isso, morro de sede com minha família, pois não
temos água encanada”, confessou Maria Venus.
“Eu
sou da Pastoral da Criança, em Santana do Maranhão existem 1.932
crianças até 6 anos, destas, 1.777 são crianças pobres, mas só
conseguimos atender 129 delas, pois não temos condições financeiras para
ajudar a todas, por ser um serviço voluntário, porém, que exige algumas
condições para serem cumpridas como transporte, por exemplo”, reclamou
Lindomar Rocha, coordenador da Pastoral da Criança.
“Nós
temos muitos jovens aqui e seria muito bom se tivéssemos uma quadra
poliesportiva ou um ginásio para eles praticarem esportes”, reclamou
José Santana Veras de Oliveira, esportista.
Educação
- Foram pedidas também melhores condições de trabalho para os
professores e alunos nos povoados. “Eu sou professor e na escola onde
leciono não temos cadeiras suficientes, nem carteiras. Muitas vezes o
professor precisa colocar a bolsa no chão porque não tem lugar para
colocar”, reclamou Wagner Carvalho, que também denunciou o fato de os
professores não possuírem contracheque, como determina a lei.
Encerrando
a audiência pública, a promotora de Justiça Herlane Maria Fernandes de
Carvalho comprometeu-se em dar soluções a todas as demandas colocadas
pela população em sua área de atuação. “Fomos criados para ser feliz,
mas ninguém é feliz sem água, saúde e educação, neste sentido me
comprometo em mediar as questões colocadas e buscar soluções para a
população”, disse.
Mais
As
próximas audiências públicas acontecem quarta-feira, dia 15 deste mês,
em São Roberto; dia 13 de março, em Governador Newton Belo, e dia 14 de
março, em Rosário.
Por: O Estado do MA
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