Todas as
nossas lutas são válidas, os momentos em que batalhamos lado a lado por um bem
comum, isso nos traz felicidade e ainda mais, quando trabalhamos no coletivo. A
comunidade Tocão – localizada há 12 km da sede de Urbano Santos está preste a
receber o título da terra para a construção de um assentamento estadual, para
assim as famílias poder trabalhar e produzir na agricultura familiar. Tocão foi
palco de lutas onde os trabalhadores rurais confrontaram com latifundiários
pela posse da terra.
A
associação de trabalhadores rurais entrou com um pedido de arrecadação sumária
e regularização fundiária pelo ITERMA, por fim um dos problemas foi resolvido –
o ITERMA foi até lá demarcar a área em beneficio das famílias que trabalham de
roça para garantia de seus sustentos. Próximo ao Tocão existem grupos de
gaúchos já de olho nos espaços que restaram da mata e da chapada, onde na
verdade o pedido de regularização deveria ter sido mais audacioso no processo
em alargar o território. Além da prática na agricultura familiar os moradores
do Tocão criam pequenos animais e peixes em açudes. A terra é fértil num pedaço
significativo de mata que faz limite com a chapada. Os camponeses sonham com a
construção das habitações e a realização de projetos para o melhoramento da
economia familiar, uma vez que eles já estão bem próximos de conseguir o título.
Certo dia estive lá para averiguar a questão do movimento da terra, não
encontrei o pessoal da diretoria da associação mas conversei com alguns
beneficiários; me contaram então que a batalha foi árdua, alguns proprietários
diziam serem donos da área, os posseiros trabalhadores foram até ameaçados em
determinados momentos, o certo é que nunca desistiram de concretizar suas metas
na implantação do assentamento, percebi nas faces emocionadas daquela gente que
muito sofreu para assim realizarem seus direitos garantidos em papel. Os sonhos
dos camponeses do Tocão nos faz cair numa reflexão que o problema fundiário nas
comunidades rurais da Região do Baixo Parnaíba, todos eles tem algo em comum:
grilagem por parte dos setores conservadores, matança de animais, ameaças de
lavradores e a questão descontrolada do impacto ambiental, seja pelo eucalipto,
soja ou outro tipo de monocultura. Precisa-se virar essa página, os
trabalhadores rurais são os verdadeiros herdeiros desta região sempre vítima de
problemas agrários e socioambientais que vem se perpetuando desde tempos bem
remotos. Sabe-se de verdade que o movimento social em defesa dos direitos
humanos pela Reforma Agrária é uma partícula importante. A guerra pela posse da
terra vem sendo um tema bastante preocupante quando na verdade quem sofre com
as consequências são os desprovidos de direitos.
O Tocão faz
parte dessa história de resistência e de coragem. Seu povo honesto,
hospitaleiro e produtor de alimentos precisa da terra, sempre precisaram.
Querem viver em paz e harmonia. Fazemos entender sobre as nossas ideias de
desenvolvimento sustentável, nos baseamos na implantação de propostas tendo
como resultados o aumento da produção agrícola, a ampliação do mercado interno
desta região e a melhora do nível de vida das populações rurais. Para entender
melhor, ficamos com a epígrafe do famoso “Estatuto da Terra” publicado em 1964,
que deixa bem claro definindo a Reforma Agrária como "o conjunto de
medidas que visam a promover melhor distribuição da terra, modificando o regime
de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao
aumento da produtividade". Viva a luta do Movimento Camponês a as
conquistas da Comunidade Tradicional do Tocão, Urbano Santos, Baixo Parnaíba
maranhense.
José
Antonio Basto
Militante em Defesa dos Direitos Humanos
Email:
bastosandero65@gmail.com
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