No próximo dia 4 de setembro será realizada em Brasília audiência pública sobre o eucalipto transgênico.
A Futuragene / Suzano quer fazer do Brasil o único país do mundo a liberar essa tecnologia.
Mas a própria empresa reconhece que não avaliou os efeitos da
modificação genética que faz a planta produzir mais. Além disso, afirma
que faltou tempo para estudar o impacto dessas árvores modificadas sobre as abelhas e sobre a produção do mel¹.
As
abelhas são os principais polinizadores dos eucaliptos e o mel é
produto de elevado valor medicinal e nutricional. A empresa reconhece
que as abelhas voam distâncias superiores a 6 km e que outras plantações
podem ser contaminadas, mas alega que isso não é um problema pois os
plantios hoje são feitos a partir de clones e não de mudas produzidas a
partir de sementes. Acontece que só em 2013 o Instituto de Pesquisas
Florestais comercializou 525 kg de sementes de eucaliptos², que seriam
suficientes para plantar mais de 10.000 ha.
A
empresa também deixou de avaliar os aspectos nutricionais do mel
produzido por abelhas que visitaram as árvores transgênicas e não
realizou nenhum experimento sobre sua toxicidade e alergenicidade. Assim, não se pode dizer se é ou não seguro consumir esse mel.
O que acontecerá com os apiários e produção de mel? E a produção orgânica de mel, própolis, pólen e geleia real?
Certificados socioambientais como o FSC não aceitam a produção de árvores transgênicas³.
A
empresa diz que esse eucalipto transgênico é mais produtivo e assim não
será necessário avançar sobre áreas nativas. Já o setor da silvicultura
projeta expansão de 50% até 2020, chegando a 9 milhões de hectares4 .
Hoje
não há estudos disponíveis para se avaliar os potenciais impactos do
eucalipto transgênico. Sem essas informações não se pode tomar uma
decisão confiável sobre liberá-lo ou não. É isso o que diz o Princípio
da Precaução, que está no artigo 1º da lei de biossegurança (Lei 11.105,
de 24 de março de 2005).
Contatos:
Prof. Paulo Kageyama (19) (19) 9 9783-4258
Dr. João Dagoberto dos Santos (19) 9 9626-6842
--
1 Ex. p.12, 17, 56, 67 e 69 do dossiê disponível em http://bit.
ly/eucaliptoGM
2 Relatório IPEF 2013.
3 http://bit.ly/fsc-gm-trees
4 ABRAF, 2011
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