© Alice Pires
Autoridades precisam intervir para proteger comunidade quilombola no Maranhão
A Anistia Internacional está extremamente
preocupada com a situação no interior do Maranhão, onde comunidades
quilombolas sofrem ataques constantes de proprietários de terras locais.
A proteção de líderes comunitários sob ameaça foi prometida, mas não
foi cumprida. Nenhuma iniciativa foi tomada para investigar a série de
denúncias de violações de direitos humanos.
São 45 famílias do Quilombo Pontes em Pirapemas, no
interior do Maranhão, que estão em situação crítica. Estão sendo
sistematicamente ameaçadas e intimidadas por homens armados que rondam a
área. Seus cultivos e propriedades foram destruídos e suas terras
ocupadas por gado em uma tentativa articulada de fazendeiros de
expulsá-las daquelas terras. Essas famílias agora vivem com medo –
muitas delas sem sair de casa – e têm dificuldade para conseguir
alimento. Lideranças da comunidade afirmam que a polícia local, além de
não oferecer proteção, também ameaçou a comunidade.
“A situação do Quilombo Pontes segue um padrão de
abuso e intimidação que perdura na região”, diz Atila Roque, diretor
executivo da Anistia Internacional no Brasil. “Por muito tempo as
autoridades têm sido negligentes e até cúmplices nessas violações que se
tornaram lugar comum”.
Pontes foi reconhecida oficialmente como comunidade
quilombola em dezembro de 2011, mas as autoridades não agiram para
garantir a integridade de suas terras. A comunidade foi deixada a sua
própria sorte em uma região violenta e sem lei. Muitos líderes
comunitários receberam ameaças de morte. Um deles, Zé Patrício, foi
incluído no Programa Federal de Defensores dos Direitos Humanos em
outubro do ano passado, mas desde então não recebeu qualquer apoio das
autoridades.
“Já é hora das autoridades estaduais e federais se
responsabilizarem por essa terrível situação de diversas regiões no
interior do Maranhão. Eles devem não apenas dar a proteção que foi
prometida, mas combater a violência e ilegalidade que se espalhou nas
áreas rurais”, reforça Atila Roque.
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, em 2011
eram mais de 200 focos de conflito por terra no Estado do Maranhão, com
mais de 100 líderes comunitários recebendo ameaças de morte.
anistia.org.br
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