segunda-feira, 4 de junho de 2012

Conflitos criam tensão no interior

POR JULLY CAMILO
O advogado Diogo Cabral, da Comissão Pastoral da Terra no Maranhão (CPT-MA), denunciou hoje (4) ao Jornal Pequeno que comunidades quilombolas de Pirapemas e famílias acampadas em Bom Jesus das Selvas estão vivendo sob constante ameaça de grileiros de terras e ações de despejo.
De acordo com Cabral, o clima de tensão em Pirapemas começou na última sexta-feira (1º), quando plantações do quilombo Aldeia Velha foram destruídas e homens armados passaram a rondar o local.
Segundo Cabral, os fazendeiros, identificados como Ivanilson e Zé Araújo, teriam soltado vários animais bovinos durante o fim de semana, na área onde existe o plantio de arroz e mandioca das comunidades quilombolas.
O advogado relatou que um dos líderes do quilombo Aldeia Velha, José Patrício, tem sido vítima de coação e ameaça de morte. “O Zé Patrício, como é conhecido, integra a lista dos 116 ameaçados de morte no Maranhão e faz parte do Programa de Proteção do governo federal. Porém, nunca viu sequer um policial nas proximidades de sua casa, que pudesse garantir sua segurança”, disse Cabral.
De acordo com o advogado, Zé Patrício contou que no domingo (3), por volta de 19h, um carro de cor escura passou 10 minutos parado na porta de sua residência e vários homens desconhecidos e armados teriam passado a madrugada rondando o local onde as plantações foram destruídas pelos animais bovinos.
O quilombola disse ainda que nenhuma viatura policial teria aparecido na área até o momento. “O clima é de muita tensão na comunidade, onde vivem 35 famílias”, declarou Cabral.
Bom Jesus das Selvas – De acordo com Diogo Cabral, a Justiça de Bom Jesus das Selvas, determinou por meio de liminar de despejo, que 900 famílias deixem um acampamento existente na área, ocupado há mais de um ano.
“A Justiça deu um prazo de 24 horas para que os moradores desocupassem o local. Porém, as terras que estão sendo reclamadas pelo grileiro identificado como José Osvaldo, que está envolvido em um homicídio de trabalhadores rurais cometido em 1994, são pertencentes à União”, afirmou Diogo Cabral.
Na última quinta-feira (31), a Comissão Pastoral da Terra divulgou a 27° edição do relatório anual “Conflitos no Campo Brasil 2011”, onde registrou o Maranhão como líder do ranking de conflitos por terra no país, com 224 registros. O estado também é “campeão nacional” de ameaçados de morte no campo. Segundo o relatório da CPT, 116 pessoas estavam ameaçadas em 2011 no Maranhão. Sete assassinatos no campo foram registrados no estado em 2011.
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