Rita de Cássia Cunha, engenheira
agrônoma e Odinea Santos, engenheira civil, respectivamente
superintendente do CREA-MA e diretora do Sindicato dos Engenheiros do
Maranhão, foram as responsáveis pela socialização do manifesto Análise Espaço – Temporal de Drenagem do Reservatório Batatã de São Luís.
O manifesto
Análise Espaço – Temporal na Bacia de Drenagem do Reservatório Batatãde
São Luís, se constituiu em um importante documento coordenado pelo
Sindicato dos Engenheiros do Maranhão com as importantes contribuições
da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, Associação Brasileira
de Águas Subterrâneas, Departamento de Geografia da UFMA e Associação
dos Geólogos do Maranhão, que mereceu destaque no Painel Água –
Sustentabilidade – Ação de Todos.
Nas conclusões e
recomendações o documento destaca com muita objetividade
aspectosinerentes ao conhecimento das características geotécnicas e
hidrológicas da área como ferramentas indispensáveis para subsidiar o
planejamento do uso e ocupação do solo, e para realização da gestão dos
recursos hídricos, principalmente num ecossistema frágil como as ilhas
costeiras. Pelo desenvolvimento do estudo ficou concluído que:
– O escoamento
superficial é o componente mais efetivo do balanço hídrico na formação
do estoque de água no Reservatório Batatã. Ele é em função de um tempo
de concentração muito curto, embora a declividade na bacia de drenagem
seja variável de branda a íngreme, onde se encontram as colinas e os
tabuleiros dissecados:
– A bacia de
drenagem do entorno do riacho Brasil tem uma área de 6,97 km2,
considerada relativamente pequena, o que contribui para redução do tempo
de concentração da água da chuva no reservatório. Ressalta-se que tal
realidade torna inaceitável qualquer redução da área da bacia do
reservatório por “ocupaçõesespontâneas”, sob pena de risco irreversível
para a segurança hídrica de captação e fornecimento da água para consumo
humano, a exemplo do que já vem ocorrendo no entorno dos Reservatórios
Billings e Guarapiranga, na capital de São Paulo.
– A natureza do
solo nas zonas planas dos tabuleiros, com predominância da fração
arenosa, favorece infiltração quando dotado de cobertura vegetal
natural. Entretanto, quandoas condições são modificadas pelas “ocupações
espontâneas”, e também pelos cultivos e mineração clandestina, a
consequência no solo é a formação de crostas de arenização endurecidas,
impeditivas da infiltração de água.
– O desmatamento das
áreas do entorno do reservatório também influencia negativamente os
processos de evapotranspiração, interceptação vegetal e redução de
infiltração da água, implicando redução do estoque hídrico no
reservatório.
– Os impactos
negativos ligados ao desmatamento e endurecimento do solo, determinam a
diminuição do estoque hídrico do reservatório Batatã. Nessa condição,
não importam os incrementos da pluviosidade anual, uma vez que a
evaporação é também crescente, diante da perda das qualidades ambientais
valor na bacia, implicando severa redução do valor da razão Área de Drenagem/ Capacidade do Reservatório(R).
– As mudanças
climáticas globais, juntamente com os preocupantes índices demográficos e
queda gradativa na qualidade de vida em São Luís, tornam inadiável que
os órgãos públicos que atuam na área de saneamento básico, na segurança
ambiental da população, e na defesa do patrimônio natural do Estado do
Maranhão, desenvolvam ações de retomada das áreas invadidas na bacia de
drenagem do Batatã, submetendo essas áreas degradadas a processos
competentes de recuperação de suas qualidades ambientais, como medidas de enfrentamento do desabastecimento de água nos bairros atendidos pelo Sistema Sacavém.
É importante
considerar que a perda de mananciais ainda existentes na Ilha de São
Luís implica elevação da demanda sobre o Sistema Italuís, sabidamente
despreparado para suportar demandas adruptas.
Paralelamente, não há conhecimento seguro disponível sobre o
comportamento hidrológico do Rio Itapecuru diante de demandas
adicionais. Ainda hoje prevalece um comportamento bastante criticado em
passado recente, onde os projetos de aumento da captação naquele
manancial primavam pelos altos custos das obras de engenharia, mas sem
qualquer domínio sobre as variáveis ambientais, destacando-se as
hidrológicas, geotécnicas, geomorfológicas, hidrogeológicas e do uso e
ocupação do solo em sua bacia hidrográfica.
O cenário
espaço-temporal indica que nos últimos anos a área do Reservatório
Batatã, inserido nas “áreas protegidas” do Parque Estadual do Bacanga –
PEB, sofreu considerável degradação, com aumento das zonas de solo
desnudo e perda de vegetação. Neste cenário, os serviços ambientais da
área estão comprometidos pelas ações humanas e pela falta de politicas
eficientes, preconizadas no Plano de Manejo do Parque Estadual do
Bacanga – PEB, no Plano Diretor da Cidade de São Luís; na categoria de
áreas de sustentabilidade ambiental, Sistema Nacional de Unidade de
Conservação – SNUC; Lei Estadual de Recursos Hídricos e outras.
A
construção do manifesto técnico foi feita pelos engenheiros Hélio de
Oliveira Souza Costa (ABAS), Ediléa Dutra Pereira (UFMA/DEGEO) e Agenor
Aguiar Teixeira Jaguar
Nenhum comentário:
Postar um comentário