A foto
paralisa a ação humana e focaliza o pensamento. A foto não revela o antes e o depois. Eles perguntariam as horas para alguém ou o horário os
condicionara? Eles beberiam um gole de café no Entrocamento? As sutilezas da
viagem logo se apagaram para darem lugar ao sono em vários trechos. A saída de
São Luis se deu por volta das seis horas da manhã. O suco de bacuri na
lanchonete de dona Lurdes, em Santa Rita, aguardava-os. Eram dois. Um número
tão reduzido de gente para inigualáveis lugarejos. Eles se distanciaram de São
Luis para reduzi-la, afinal, a uma mera menção nas placas de sinalização. Uma
placa os saudava e outra se despedia. Desmedia-se neles a esperança em chegar
com tempo para o almoço em Carrancas, município de Buriti, Baixo Parnaiba
maranhense. O almoço na casa do Vicente de Paula cumpre a quase regra de servir
uma galinha caipira aos visitantes. Desde que estes deem um toque. Caso não
haja esse toque, os visitantes se contentarão “apenas” com carne de gado ou com
peixe. Em diversos momentos, Vicente de Paula se lembra de dias terríveis sem
ter o que comer para si e para seus parentes. O seu filho e os seus netos, vez ou
outra, reivindicam que se mude um pouco o cardápio. Passe
de galinha caipira cozida para galinha caipira assada. Ele ri deveras dessas
reivindicações. O Vicente de Paula não se irrita com muita coisa e nem com
pouca coisa. Ele também faz tudo para atender a um pedido de amigo. A foto em
questão surgiu de um pedido. O Vicente abriu a caixa de abelhas nativas e
quebrou a superfície dura que protege as abelhas e a rainha. As abelhas não
correram nenhum risco. Elas, assim como outros animas da fauna do Cerrado,
correm mais riscos com as queimadas na e com os desmatamentos em larga escala
das Chapadas.
Mayron Régis
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