A parceria Fórum Carajás e ASW
completou cinco anos no final de 2014. Como dizem cinco anos não são cinco
dias. A região que o projeto atende é a região do Baixo Parnaiba
maranhense. Quem falou a respeito da ASW para o Fórum Carajás foi Janina Budi em 2009.
O primeiro contato se deu com Tina Kleiber em Belem durante evento da FASE.
Naquele momento, o projeto apresentado foi o de manejo de bacurizeiros na
comunidade de São Raimundo, município de Urbano Santos. A conversa com a Tina Kleiber teve um sabor inacreditável
para quem não se acostumara ainda a defender projetos. Ela leu todo o projeto e
queria tirar algumas duvidas. No projeto, os recursos seriam destinados a
capacitação dos moradores para a preservação dos bacurizeiros e o
beneficiamento dos frutos. O bacurizeiro
predomina em vários trechos do estado do Maranhão e, por conta da expansão da
fronteira agrícola, vem perdendo espaço para a soja, o eucalipto e a cana. Com
o projeto, propunha-se uma alternativa agroextrativista e multiétnica ao avanço
do agronegócio, pois onde ele se impusera sem resistência ou com pouca resistência,
como em Brejo e Buriti, os impactos a sociobiodiversidade tinham sido
devastadores principalmente com relação aos desmatamentos de espécies como
bacurizeiro e pequizeiro, o rebaixamento do lençol freático dos rios Preto e
Buriti e a erosão do conhecimento tradicional. Pode se afirmar que o agronegócio
continuava no Baixo Parnaiba maranhense um projeto que correspondia a outros
tantos projetos que destruíram a Mata Atlântica e parte do Cerrado do sudeste e
do centro-oeste. Por sua vez, o Maranhão
já experimentava a destruição do Cerrado e da Amazonia desde a década de
sessenta para projetos de agropecuária e em seguida para projetos de manejo
florestal, só que em escalas menos agressivas do que seria sentido anos mais
tarde com a entrada da soja e do eucalipto. A experiência de destruição em
terras maranhenses ainda não tinha se definido como um projeto da macroestrutura
do capital. O processo de destruição do meio ambiente também envolve a
destruição de um modo de vida que no caso é um modo de vida tradicional pois
vive em função dos recursos naturais. Tendo em vista esses aspectos, o Fórum
Carajás ao apresentar pela primeira vez um projeto a ASW tinha em mente também a
luta pela posse da terra e pela continuidade de uma linha de conhecimento
tradicional que percorria séculos e séculos de existência. Essa é a linha que o
Fórum Carajás risca pelo Baixo Parnaiba maranhense com apoio da ASW. Citou-se
São Raimundo, em Urbano Santos, que por quase dez anos sustenta a luta pela preservação
dos bacurizais, da Chapada e do rio Preguiça em conjunto com outras comunidades
como Bracinho, mas poderíamos transferir essa citação para Buriti de Inácia
Vaz, um dos municipios mais impactados pela soja a partir da metade dos anos
90. As primeiras investidas do Fórum Carajás em Buriti com apoio da ASW
ocorreram nas comunidades de Belem e Carrancas. Foram dois galinheiros. Quando você
faz as contas parece pouco perante o estrago causado pelo agronegócio, mas no
caso de Vicente de Paula, morador de Carrancas, esse pouco significou muito,
afinal com esse pouco ele adquiriu mais conhecimento socioambiental, politico e
jurídico. A experiência de Vicente de Paula deu mostras de que o projeto de
criação de galinha caipira poderia ser expandido para outras comunidades de
Buriti. O próximo agricultor familiar a ser atendido foi o seu Luis Vitor, no
final de 2014. O agronegócio o imprensou em uma pequena posse na comunidade de
Capão dos Marcelos. O seu Omar o indicara para um possível apoio. O Vicente de
Paula, na moto com seu genro, fora conhecer a área de 60 hectares. O seu Vitor
concordou em receber o projeto da galinha caipira. Outros que receberam o
projeto da galinha caipira foram o Filho, cujo filho foi ameaçado por um
plantador de soja, a dona Antonieta que vive numa pequena posse de 20 hectares que um
sojicultor “doou” para ela e sua família
e a associação do Araçá que vive numa área de 200 hectares titulada pelo
estado. Além de Buriti, o Fórum Carajás apostou no financiamento da construção
de galinheiros, entre o final de 2014 e começo de 2015, em Urbano Santos
(Joaninha, Santa Rosa dos Garretos, São Bento e Cajueiro), Santa Quiteria
(Capão), Basrreirinhas (Andressa) e Araioses (Vila Kauã).
Mayron Régis
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