O Estado – Cerca de 2.400 empregados de cinco guserias que ainda estão operando no Maranhão correm o risco de serem demitidos caso permaneça a crise no setor e as siderúrgicas tenham que paralisar suas atividades devido à falta de mercado para o ferrogusa, matéria-prima do aço, e baixa no valor do produto.
O Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Estado do Maranhão (Sifema) já adiantou que de imediato 30% desse efetivo de pessoal terá férias coletivas a partir de 1º de março. “A atual crise enfrentada pelas guserias é pior do que no seu início, em 2008”, comparou o presidente do Sifema, Cláudio Azevedo, que reassumiu a entidade justamente nesse momento de grande dificuldade para o setor. Ele não descarta o fechamento de guserias e demissões.
Azevedo informou que a situação é tão grave e de enorme repercussão para a economia do país que somente no vizinho estado do Pará oito das nove siderúrgicas de ferrogusa existentes já paralisaram suas atividades em decorrência da crise. Já no Maranhão, das sete siderúrgicas instaladas, somente a Gusa Nordeste, Siderúrgica Viena, Siderúrgica Pindaré e Siderúrgica Guarani (antiga Simasa), localizadas em Açailândia, e a Margusa, em Bacabeira, ainda estão produzindo ferrogusa, mas com apenas 30% da capacidade.
A Companhia Siderúrgica do Maranhão (Cosima), em Pindaré-Mirim, e Ferro Gusa do Maranhão (Fergumar), em Açailândia, já paralisaram por completo suas atividades. Segundo o Sifema, o fechamento das siderúrgicas ainda em operação refletirá na demissão de 2.400 pessoas que trabalham diretamente nas empresas. Mas o impacto total do encerramento das operações das indústrias deve atingir cerca de 15 mil pessoas, entre funcionários diretos e familiares, e empregados de empresas que atuam como fornecedoras de produtos e serviços ao setor, especialmente as instaladas em Açailândia.
“Toda a região sofrerá um forte impacto, caso as siderúrgicas sejam obrigadas a encerrar suas atividades. Até mesmo o comércio da cidade, que vive em função do ciclo de pagamentos dos funcionários e terceirizados das indústrias”, observa o presidente do Sifema, ao lembrar que no período de pleno funcionamento das guserias, Açailândia chegou a registrar o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e 2ª maior arrecadação do Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) do estado.
Discussão – A crise no setor guseiro, que se estende a toda a cadeia siderúrgicas, carvoarias e reflorestamento – foi discutida na sexta-feira passada pela Associação Comercial e Industrial de Açailândia. A entidade está preocupada com a iminência de demissões de empregados e o impacto disso na economia da região.
A situação também está sendo levada no âmbito do Governo do Estado, em busca de medidas que permitam a sobrevivência das empresas. “Iniciamos as conversas com o secretário de Indústria e Comércio, Simplício Araújo, com o apoio da Fiema, e solicitamos o apoio do governador para que autorize medidas de socorro às indústrias, como a liberação dos créditos de ICMS a que as empresas têm direito por serem exportadoras”, ressaltou Cláudio Azevedo.
Dia 25 deste mês, Cláudio Azevedo irá a Brasília, acompanhado do presidente da Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema), Edilson Baldez, para discutir o problema com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.
“Estamos recorrendo também ao Governo Federal, por meio do Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, para evitarmos o encerramento da atividade guseira no estado, que seria não apenas uma tragédia econômica, mas também social, em vista do grande número de trabalhadores ameaçados de perderem seus empregos”, enfatizou o presidente do Sifema.
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