A Suzano confirma que houve um “desvio no processo de comissionamento da caldeira da unidade de Imperatriz” - os filólogos talvez dissessem que o uso da palavra “acidente” evitaria o desperdício de vocábulos. A companhia nega impactos no cronograma e afirma que o início da operação está confirmado para dezembro. Tomara! No entanto, segundo a fonte do RR, o conserto do equipamento deve durar três semanas, o que empurraria a inauguração apenas para o fim de janeiro. Caso se confirme, o atraso vai doer fundo no bolso dos Feffer. Basta fazer as contas. Seriam 21 dias a menos de receita. Como a capacidade de produção da nova fábrica é de quatro mil toneladas por dia e a tonelada da celulose está na casa dos US$ 700, o prejuízo da Suzano chegará perto dos US$ 60 milhões.
Prejuízo, aliás, é uma palavra que tem feito parte da rotina da Suzano Papel e Celulose. São tempos de breu pelas bandas da empresa. Nos nove primeiros meses do ano, a companhia acumulou perdas de R$ 162 milhões. Pelo andar da carruagem, tem tudo para superar o prejuízo de 2012, de R$ 182 milhões. Os resultados contrastam com o destino que parecia traçado para a empresa. Quando a Fibria veio ao mundo, carregando em seu estômago as bilionárias perdas com derivativos da Aracruz, a Suzano Papel e Celulose parecia estar anos-luz à frente da rival. No entanto, esta percepção está desaparecendo em meio ao eclipse da companhia. Recentemente, o grupo cancelou o projeto de construção de outra fábrica de celulose no Piauí. Com isso, a fábrica de Imperatriz tornou-se o grande projeto em curso na Suzano, ao custo total de US$ 3 bilhões. A aposta dos Feffer no negócio é tão grande que os empurrou à iminente compra das florestas da Vale no Pará, operação avaliada em mais de R$ 500 milhões. O objetivo da aquisição é justamente aumentar o suprimento de matéria- prima para a futura planta maranhense. Mas, nos momentos de maior escuridão, sempre há o risco de se topar com uma caldeira de recuperação no meio do caminho.
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