sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

RETROSPECTIVA DA REFORMA AGRÁRIA E O PROBLEMA DA EXTRAÇÃO ILEGAL DO BACURI NA RESERVA ECOLÓGICA DAS CHAPADAS DO ASSENTAMENTO MANGUEIRA, URBANO SANTOS -, BAIXO PARNAIBA MARANHENSE.


A Mangueira está localizada no município de Urbano Santos, Baixo Parnaíba Maranhense há mais de 30km da sede da cidade é, uma comunidade tradicional que pratica sistema de agricultura familiar como forma de desenvolvimento sustentável e solidário. AMangueira remonta uma das primeiras histórias das lutas dos camponeses pela posse da terra no Município de Urbano Santos contra a antiga Florestal LTDA, a área de 100 hectares foi titulada pelo INCRA conseguindo portanto assentar mais de 70 famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais que lá vivem e trabalham de roça.
                Chico Noêmia atual presidente da Associação União Rural dos Trabalhadores Rurais do Projeto de Assentamento Mangueira, foi chamado...comunicado pelo STTR com o intuito de explicar sobre as práticas de derrubadas das árvores de bacurispor parte dos madeireiros donos de serrarias que adentram na reserva legal do assentamento cometendo tais crimes. Segundo Chico Noêmia, existe uma fiscalização da associação, mas infelizmente nunca deu jeito no problema: pois a madeira do bacuri é muito disputada a pesar de ser proibida por lei, sua derrubada.Pode-se afirma que essa problemática da extração da madeira do bacuri assola quase todas as chapadas daquela região incluindo os povoados Boa União, São Raimundo, Bom Princípio e Bracinho. Além de ser crime, alguns moradores dessas comunidades deveriam ter a plena consciência que os bacurizeiros servem como fonte de renda para as famílias no tempo certo da colheita do fruto maduro e não verde. Este ano a safra do bacuri na região caiu mais de 30% com relação a safra e produção de polpa do ano passado. É mais um exemplo claro de que a espécie a cada dia vem ficando mais escassa. Os moradores dessas comunidades aprenderam que há tempos parte de sua economia é tirada das chapadas com a extração dos bacuris. Por isso o cerrado merece mais respeito.Já não basta a questão da Suzano Papel e Celulose com seus imensos campos de eucaliptos e a substituição das chapadas pela monocultura da soja dos chamados gaúchos? Acima de tudo os moradores de nossas comunidades devem conscientizar-se que em muitas ações eles são os próprios errados cometendo essas ilegalidades ao meio ambiente. As chapadas do Baixo Parnaíba são importantes e merecem mais respeito...em especial falando das reservas da Mangueira. Se um dia as chapadas desaparecerem é óbvio que a vida (biodiversidade) cessará com elas,porque as principais cabeceiras de rios e riachos estão geograficamente na parte alta das chapadas. Se o bacuri um dia não existir mais nos campos cheios de matos e macambiras, é claro que você não tomará mais suco desses sabores nas lanchonetes e padarias das cidades.
           Os bacuris das chapadas de Mangueira haverão de resistir os vários desacatos que aflige a vida da mãe natureza. A Reforma Agrária será feita como parte de um processo alternativista que sempre ajudou na economia. Vivemos do que vem da terra...conscientizar-se que mais de 60% do alimento que chega em nossa mesa provém da Agricultura Familiar. Este é um desafio que se alastra até os dias de hoje.
Grandes sonhos são realizados com luta e empenho, se acreditamos que as comunidades deverão ser as donas de seus próprios destinos, temos que defender isso até o fim rumo à uma sociedade mais justa e igualitária.
Lembro que certa vez ao falar com o primeiro presidente da associação da Mangueira o companheiro e militantes em defesa dos direitos humanos:Manoel Américo, sendo este um dos líderes na expulsão da Florestal LTDA na década de 80, o mesmo com sua sabedoriajá me falava que a luta pela Reforma Agrária não é coisas de nossos dias atuais...que a bíblia já tratava há mais de 700 anos antes de Cristo sobre essa política. Eis a citação do livro sagrado que diz: “AI DE VÓS!, que ajuntais casa a casa e que acrescentais campo a campo até que não haja mais lugar, e que sejais os únicos proprietários da terra!”

José Antonio Basto

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